A mostra Fiotim – o museu em movimento, do mineiro Jorge Fonseca, que recebeu o primeiro lugar do Prêmio Funarte – Conexão Circulação Artes Visuais 2016, no Módulo 3, está aberta ao público de 24 de março a 6 de maio, das 14h às 22h, na Funarte MG – Centro de Belo Horizonte. O evento de abertura será no dia 23 de março, às 19h. Na ocasião, o autor realiza uma performance, com a qual apresenta sua obra – uma fábula-instalação inspirada no Instituto Inhotim (MG).
Camelô apresenta museu em miniatura
No trabalho, o artista representa um camelô, que traz uma reprodução em miniatura do Inhotim e o apresenta ao público. A performance mostra o mascate, que visita o centro cultural – e, ao presenciar, encantado, muita gente frequentando o local, numa verdadeira “romaria”, descobre ali uma oportunidade de mudar de vida. Desde então, esse “arteiro viajante” se lança na missão de fazer miniaturas de tudo o que viu no museu. Mesmo sem entender nada daquilo e dispor de poucos recursos, produz, à sua maneira, uma série de souvenires – imitações das peças do museu, vistas como verdadeiros “objetos de adoração” – visando a “tirar proveito da fé, da devoção e da comoção” que envolve aqueles romeiros contemporâneos, que “adentram o paraíso pós-moderno, ávidos por progresso espiritual, sabedoria e conhecimento”.
Esta é a saga de Jorge K., que atua como mestre de cerimônias do Fiotim. O personagem possui uma biografia, características individuais próprias e uma imagem cativante. Realiza performances e é uma atração a mais, neste “envolvente universo”.
Para conceber o protagonista, Jorge Fonseca se inspirou nos mascates e camelôs de outrora. Outra influência veio dos “gabinetes de curiosidades”, pequenos circos sobre rodas que percorriam cidades do interior, expondo ao público “raridades e novas descobertas”.
Fiotim – o museu em movimento
Com Fiotim, o artista percorre o Brasil com a proposta de promover a democratização do acesso à arte e à cultura. Para em lugares improváveis; e gera “acontecimentos inusitados”, em um trailer que abriga a instalação – com aparência de circo e parque de diversões, ao mesmo tempo, com direito a jardins, aves, paisagens e fontes, para levar o público a sonhar. A ideia do artista é perpassar o trabalho por uma fina ironia, que ele vem procurando transmitir, ao longo de sua intensiva produção, fruto de 22 anos de pesquisa, que essa obra resume.
Fiotim traz um questionamento acerca de uma série de conceitos que norteiam e determinam o sistema de arte na contemporaneidade. Segundo o autor, a singularidade da obra está no fato de que ela atrairia “um público diverso, pessoas que nunca estiveram em uma exposição de arte ou pisaram em um museu e que, nem por isso, se intimidam diante das ações e dos objetos que lhes são apresentados”.
Fonseca comenta que um número significativo de pessoas nunca entrou em um museu; e sequer já viram um de perto. E, de repente, “chega o Fiotim na cidade e cria a oportunidade para as pessoas se conectarem com a arte. E o que é melhor: de uma forma festiva e afetiva”, afirma o artista. Segundo ele, o trabalho é, “acima de tudo, uma exaltação à arte”.
O projeto ainda contém um programa para desenvolver ações educativas e fomentar o conhecimento nas cidades por onde passa. Estão incluídas residências artísticas, oficinas de arte, palestras, intercâmbio de artistas locais, visitas guiadas para educadores e estudantes, entre outras ações.
A trajetória da obra
Em 2015, no Rio de Janeiro, o projeto participou do Festival de Esculturas Monumentais, da Feira de Arte Urbana – Art Rua e do Festival Interculturalidades, da UFF, em Niterói. Em 2016, percorreu milhares de quilômetros com a Caravana No Coração do Brasil, às margens do Rio São Francisco, da nascente à foz, do sertão de Minas Gerais ao litoral de Alagoas. O artista também foi indicado ao Prêmio Pipa 2017 e conquistou o Prêmio PIPA OnLine (categoria Voto Popular).
Sobre a estrutura
Basicamente, Fiotim apresenta releituras feitas em miniatura das obras monumentais de Inhotim. É um ambiente multissensorial, que envolve o espectador convidando-o a interagir com a obra. O trailer possui, em sua parte externa, um jardim artificial, composto por gramado, plantas, flores e aves; além de lâmpadas e cataventos. Internamente, comporta até quatro pessoas por vez que podem visitar os 40 pequenos modelos de obras de arte.
Outro espaço da mostra, o Parque Everland, é composto por vários “objetos estéticos relacionais”. Nele, os visitantes interagem e se divertem com as esculturas participativas – algumas inspiradas em brinquedos já existentes, com nomes originais, como: a Máquina de abrir sorrisos, o Realizejo, o Self-game – o seu maior adversário é você, o Renascedouro, e a Máquina de fazer arte, entre outros.
Sobre o artista
Jorge Fonseca (1966) é mineiro, de Conselheiro Lafaiete. Ex-marceneiro e maquinista de trem. Artista autodidata, foi premiado no 53° Salão Paranaense (1996), no Salão de Arte Contemporânea de Campos (RJ, 1996) e no Salão Nacional de Arte de Goiás (2002). Em 2009, recebeu da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York, a Bolsa de estímulo à produção, por mérito e conjunto da obra. Em 2016, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Funarte – Conexão Circulação Artes Visuais. Em 2017, foi indicado ao Prêmio Investidor Profissional de Arte (PIPA) e venceu o Prêmio PIPA Online (pela votação popular). Atuou também como designer de moda e de móveis, arte-educador, diretor de criação e produção de grupos de artesãos, dirigente de organização não governamental, idealizador e coordenador de projetos sociais e professor convidado, por notório saber, do Departamento de Artes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Vive e trabalha em Ouro Preto.
Jorge Fonseca
Fiotim – O Museu em Movimento
Exposição
Evento de abertura
23 de março, às 19 horas
19h30 – Performances de Jorge K. – com Jorge Fonseca
Visitação
De 24 de março a 6 de maio, de quarta-feira a domingo das 14h às 22h
Funarte MG
Rua Januária, 68 – Centro
Belo Horizonte (MG)
Tels.: (31) 32133084 | (31) 32137112
Mais informações: http://fiotim.com.br/
Funarte MG : funartemg@funarte.gov.br