Funarte lança livro ‘Teatros multiconfiguracionais: o espaço cênico experimental como um jogo de armar’

Editado pela Fundação, obra registra experiências de projetos de arquitetura de espaços cênicos inovadores no Brasil. O autor foi, por 12 anos, coordenador do Centro Técnico de Artes Cênicas da Funarte

A Fundação Nacional de Artes – Funarte lança no dia 3 de abril, terça-feira, o livro Teatros multiconfiguracionais: o espaço cênico experimental como um jogo de armar, do arquiteto Robson Jorge. O lançamento será às 19h, na Livraria da Travessa, em Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ). A apresentação será feita pelo cenógrafo José Dias, que escreveu o prefácio da obra.

Teatros multiconfiguracionais: o espaço cênico experimental como um jogo de armar trata das diversas configurações arquitetônicas de teatros brasileiros, reunindo dez projetos de espaços cênicos, desenvolvidos, em sua maioria, por meio das ações do Centro Técnico de Artes Cênicas da Funarte (CTAC), que foi coordenado durante 12 anos pelo arquiteto Robson Jorge Gonçalves da Silva. O livro traz todo o material teórico e técnico que envolveu cada projeto, como plantas baixas e fotografias, abrangendo as variadas configurações dos espaços cênicos, tais comopalco italiano, arena, semi-arena, café-concerto e passarela.

A publicação – que será de interesse, especialmente para os profissionais técnicos de teatro, dança e circo – registra a memória de ações de apoio e orientação feitas pelo CTAC na concepção de novos espaços cênicos que estão em pleno funcionamento até hoje. Ao tratar do teatro multiconfiguracional em seu livro, o autor reforça a ideia de que esse projeto de arquitetura cênica favorece funções e atividades de pesquisa, ensino e aprendizagem, uma vez que suas características são voltadas à experimentação. O livro destaca como se deu na prática a formação em arquitetura teatral que Robson Jorge vislumbrou, ainda na década de 1980, quando fez a reforma do Teatro Dulcina (tipo italiano), localizado no Centro do Rio de Janeiro (RJ), para a qual teve a colaboração de profissionais como Delfim Pinheiro da Cruz (cenotécnico), Carlos Lafayette (engenheiro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro), Jorginho de Carvalho (iluminador), Erik Rzepecki (maquiador) e José Dias (cenógrafo).

Como na época não havia formação ou especialização acadêmica na área, o conhecimento foi sendo consolidado com a contribuição valiosa de diversos profissionais de cenotécnica já experientes. As diversas áreas desse fazer teatral fora da cena, tais como carpintaria, acústica, iluminação cênica, pintura de cenários, entre outras, foram se unindo para sedimentar a arquitetura cênica, atividade fundamental para o funcionamento dos teatros. Robson Jorge é parte da memória desse período de intenso aprendizado e, por isso, sua obra TeatroMulticonfiguracionais: o espaço cênico experimental como um jogo de armar “vai ao encontro do real processo criativo, com qualidade, rigor e compromisso técnico”, como ressalta, no prefácio, José Dias.

Os teatros multiconfiguracionais

Esses espaços cênicos são caracterizados por apresentarem funções múltiplas, e podem ser reestruturados rapidamente em função dos espetáculos e tipos de palco necessários às montagens. Podem assumir as diversas configurações palco/plateia tradicionais (arena, semi-arena, italiano) e outras como passarela (cortejo), café-concerto (italiano com mesas e cadeiras) e até mesmo cenas simultâneas (mais de uma configuração palco/plateia dentro do mesmo espaço). Sua arquitetura é complementada por outros espaços de apoio indispensáveis como foyer, bilheteria, camarins, cabine de controle, depósitos, salas técnicas, e outros.

“Os teatros multiconfiguracionais são projetos integrados e compatibilizados aos projetos complementares específicos de tratamento acústico, cenotécnica, iluminação cênica, iluminação predial específica e sonorização”, como define o autor no livro.

Embora não seja novidade esse tipo de configuração de teatro, desde os anos 20, a inovação ficou por conta do avanço tecnológico dos projetos, o que propiciou maior facilidade operacional na transformação dos espaços. Isso aconteceu com a “passagem gradativa de uma tecnologia baseada na madeira e na mão de obra artesanal para uma tecnologia semi-industrializada e totalmente industrializada”.

O termo “multiconfiguracional”,cunhado pelo assessor técnico de teatrodo Sesc, Sidnei Cruz, veio substituir outras terminologias, tais como “espaço multiuso” ou “experimental”, que já não faziam jus às novas características técnicas incorporadas a esses projetos.

Sobre o autor

Robson Jorge Gonçalves da Silva é arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde recebeu três premiações por projetos de arquitetura. É especializado em arquitetura cênica e instalações cenotécnicas. Em novembro de 1982, ingressou no Instituto Nacional de Artes Cênicas (Inacen/Funarte), quando passou a coordenar as atividades técnicas e administrativas referentes às obras de reforma do Teatro Dulcina (pertencente à casa), no Centro do Rio de Janeiro (RJ), sendo esse seu primeiro projeto de teatro como profissional.

Em 28 anos de atuação na Funarte, onde por 12 anos foi coordenador do Centro Técnico de Artes Cênicas (CTAC), Robson Jorge esteve à frente dos projetos de reformulação (projetos, consultorias, obras etc.) dos espaços cênicos da instituição, além de contribuir para a formação e aperfeiçoamento de cenotécnicos (carpinteiros teatrais, iluminadores cênicos, pintores de cenários e outros) do CTAC.

Nesse centro coordenou o projeto Resgate e Desenvolvimento de Técnicas Cênicas, envolvendo 40 profissionais brasileiros e latino-americanos e que resultou em três publicações técnicas. Foi coordenador de dois Seminários de Arquitetura Cênica; e de diversas publicações da área, com destaque para 100 Termos Básicos da Cenotécnica (Caixa Cênica Italiana) eTeatros do Brasil 1995. Coordenou a participação brasileira na Quadrienal de Praga 2007, na área de Arquitetura Cênica, com projetos de teatros com palco reversível de Oscar Niemeyer, em homenagem aos 100 anos do arquiteto. É autor e coautor de dezenas de projetos de arquitetura cênica (arquitetura de interior, acústica, iluminação e cenotécnica) – sendo responsável pela execução de muitos deles na Funarte (1982/2013) – e dezenas de projetos de instalações cenotécnicas e mais de duas centenas de consultorias técnicas a projetos e obras de teatros em todo o Brasil.

No período de 2002 a 2005, ausentou-se da Funarte, aceitando o convite para trabalhar com o arquiteto Oscar Niemeyer em projetos municipais de teatro, em Niterói e Duque de Caxias – ambos no estado do Rio de Janeiro.Também projetou cerca de 25 espaços com características multiconfiguracionais, em diferentes pontos do país. Seu último projeto com esse feitio foi na Funarte MG (2010), na capital mineira.

O arquiteto foi premiado com a Medalha de Ouro na seção de Arquitetura Cênica da 9ª Quadrienal de Praga, de 1999, participando com os projetos do Teatro Cacilda Becker, no Rio de Janeiro (reforma e equipamento) e Teatro dos Bancários, em Brasília (DF), integrando o conjunto premiado de oito projetos brasileiros. Recebeu Menção Honrosa (em equipe) no Concurso de Projetos para o Teatro Laboratório e sede das Escolas de Teatro e Dança da Unicamp, em Campinas (SP), e Prêmio IAB 2006, participação em equipe no projeto do Teatro Poeira (RJ). Aposentou-se da Funarte em 2013.

Teatros multiconfiguracionais: o espaço cênico experimental como um jogo de armar
Livro de Robson Jorge

Lançamento: 3 de abril de 2018, terça-feira, às 19 horas

Livraria da Travessa
Rua Voluntários da Pátria, 97, Botafogo – Rio de Janeiro (RJ)
Tel.: (21) 3195-0200

Edição Funarte
ISBN 978-85-7507-193-9
192 páginas

À venda nas Livrarias de Travessa do RJ e de SP sob encomenda,através do e-mail: livraria@funarte.gov.br, para todo o Brasil.
Preço: R$ 35

Mais informações
Fundação Nacional de Artes – Funarte
Gerência de Edições (Cepin)
edicoes@funarte.gov.br