Teatro Cacilda Becker mescla dança do ventre, moderna e afro, num tributo à mulher

Foto: Valéria Ribeiro

Entre os dias 25 de abril e 19 de maio, a Fundação Nacional de Artes – Funarte recebe, no Teatro Cacilda Becker, seu espaço dedicado à dança na Zona Sul do Rio de Janeiro, um espetáculo que une várias formas de dança, canto, texto e percussão: Maria, realizado pela Companhia Nós da Dança (RJ).

A peça, com elementos de dança moderna, afro e dança do ventre é, em essência, uma homenagem às mulheres. A proposta é “demonstrar os aspectos particulares do universo feminino”, através da mesclagem de expressões artísticas. A montagem é apresentada sempre de quinta-feira a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h.

O espetáculo começa com uma cena teatralizada, com tom ritualístico. Nela, surge a mulher, tal qual se lê no Gênesis bíblico; e a Árvore da Vida, “que cria o universo, a humanidade, mas também o pecado, e todas as mazelas que perduram até hoje”. Em seguida são mostradas as mulheres em sua tradicional função no lar, nos trabalhos domésticos – só que acompanhadas pelos homens. A ideia da cena é que essa igualdade de funções já teria chegado no mundo contemporâneo; que não seria mais tarefa exclusiva feminina o fogão e o tanque de lavar roupas; e que o mundo e as famílias mudaram. A seguir aparecem as lembranças e sonhos de uma mulher: as recordações familiares; o aprendizado com avós e mães; os 15 anos; os anseios quanto ao casamento; o vestido de noiva; além do relacionamento e de seu desgaste. É retratado ainda o lado feminino no homem; e um “embate direto” entre homens e mulheres, no qual elas tentam transpor a linha de limite para o espaço que eles teriam definido para elas, desde tempos remotos. “Na cena, é retratada a agressão, a submissão e a violência que permeia essa luta por direitos iguais”. Finalmente, a cena leva o espectador ao mar, onde a Dança do Ventre simboliza a fertilidade e “o poder feminino de gerar a vida dentro de si mesma”, tal qual uma “força da natureza, traduzida pelas águas”.

O nome da peça simboliza as váriasMarias” do mundo. O texto contém várias metáforas ligadas a esse nome: a Maria Aparecida e a Desaparecida; a Maria da Graça (que faz humor, mas quer carinho); a do Socorro (que pede ajuda); a das Dores – a que percebe a capacidade feminina de superação da dor, por exemplo, no parto; e a Maia do Prazeres (que levanta a questão da prostituição e subliminarmente a do aborto).

Maria foi construída a partir de um tributo às mulheres que já passaram pela Nós da Dança, mas também inspirada nas personagens femininas da família de sua diretora, Regina Sauer, e em todas as mulheres que compõem o universo da bailarina e coreógrafa. “A Companhia sempre valorizou os artistas ligados a ela. Porém, acima de tudo, Maria é um brinde à força, à simplicidade e à delicadeza do princípio feminino que, independente de gênero, existe em cada um de nós”, define a bailarina.

Sobre a companhia

Fundada em 1981, já sob a direção de Sauer, com mais de 20 obras apresentadas no Brasil e no exterior, é premiada e respeitada pela crítica, Seus princípios básicos são a busca da versatilidade e da criatividade, com determinação e de manter a ideia inicial o grupo: a abertura a novos estilos. O coletivo tem apresentado os mais diversos trabalhos, em palcos tradicionais, na televisão e em festivais ao ar livre. A criatividade do seu repertório lhe permitiu ainda representar o Brasil no exterior. Nesse rol estão espetáculos como Overdose Monk, Místico, Estações, João Joana, América do Sol, Estudo Nº 10, Fração de Segundo, Nossos Nós, Cirandas Cirandinhas, Violência e Paixão, Telas, Bossa Nossa, Tempo e Autorretrato.

“A Companhia é das poucas que conseguem sobreviver tanto tempo no país e tem sido uma vitrine da dança moderna carioca”, diz Sauer. Sempre preocupada em estimular essa arte na cidade e cativar seu público, a bailarina esteve à frente da direção do Teatro Ziembinski por dois anos, na década de 90 – que foi sede da companhia –, tornando a sala espaço especializado em dança; e ponto focal para talentos nacionais. “A Nós da Dança busca revelar ao público, leigo e especializado que a dança é um registro histórico, social e artístico, que ajuda a construir a memória de uma nação”, observa a coreógrafa.

Regina Sauer é especialista em Dança Moderna e Jazz. Estudou em Nova York (EUA), nas escolas Martha Graham School, Steps on Broadway e Alvin Ailey American Dance Center, onde participou, em 2012, do Horton Pedagogy Workshop. Em 1989 fundou, com Fernando Filetto, o Centro de Artes Nós da Dança, onde leciona e coordena os cursos de Jazz e Dança Moderna. Foi professora no Bacharelado em Dança da Universidade Castelo Branco – UCB (RJ) e dos cursos de pós-graduação de Jazz e Dança Moderna na Universidade Estadual do Pará (UEPA) e na Universidade Federal do Pará (UFPA). Foi diretora e produtora do I e II Congresso Brasileiro de Dança Moderna e produtora e curadora de várias edições dos festivais de dança das cidades fluminenses de Rio das Ostras e de Três Rios. Como coreógrafa, assinou, dentre outros, trabalhos para a TV (abertura do Fantástico, Criança Esperança, Sandy e Junior e várias telenovelas novelas), para o carnaval carioca (alas e comissões de frente), para a inauguração e para o Rock in Rio 2017, entre outros trabalhos, numa carreira de reconhecido sucesso.

Ficha técnica
Direção e coreografias: Regina Sauer
Design de luz: Nando Pereira. Figurinos: Cia. Nós da Dança .  Trilha sonora: Regina Sauer e Danilo d’Ávila
Produção executiva: Sauer e Filetto Empreendimentos Artísticos e Fernando Filetto
Material gráfico e produção de vídeo: Fernando Filetto
Bailarinos: Alan Rezende  – Igor Gallo –  Igor Silva – Janaína Ciodário – Nicoli Greco – Patricia Ruel – Priscila Mendes  – Stela Máris
Percussão: Cecy Wenceslau

Mais informações sobre o elenco e o espetáculo no portfólio, aqui

Maria
Espetáculo da Companhia Nós da Dança

25 de abril e 19 de maio de 2019
Quinta-feira a sábado, às 20h, Domingo 18h

Teatro Cacilda Becker
Rua do Catete, 338 – Catete , Rio de Janeiro
Próximo ao metrô Largo do Machado
Tel. (21) 2265-9933
Espaço da Fundação Nacional de Artes – Funarte

Ingressos: R$ 40. Meia-entrada: R$ 20
Venda na bilheteria do teatro, com abertura 1h antes do espetáculo
Classificação etária: 16 anos

Acesse aqui o vídeo de divulgação

Mais informações
danca@funarte.gov.br