Espetáculos de formatura dos alunos da Escola Nacional de Circo

A Escola Nacional de Circo da Funarte (ENC) presta homenagem a seus 16 formandos, que oferecem um espetáculo de trapézio, acrobacia, malabarismo, palhaços, contorcionismo e equilibrismo, entre outras atrações. Na terça-feira, 20 de dezembro, o público prestigiou e aplaudiu, encantado pela magia do circo, a primeira apresentação de “Céu de Lona”, no Teatro Dulcina (Cinelândia – Centro do Rio). O trabalho da 22ª turma de alunos da Escola Nacional de Circo é um tributo a seus mestres e ao circo tradicional.

O primeiro número foi de “tranca” (equilíbrio de diversos tipos de objetos, com os pés e as mãos), com Roberta Justen. A seguir, o trapézio simples, com Carolina Palma, trouxe para o palco a emoção do picadeiro. Já com a “cadeira acrobática”, Daniela Heringer fez um simples objeto do dia a dia tornar-se aparelho de equilibrismo e acrobacia. No trapézio duplo, foi a vez de Rafael Trajano e Carolina Palma. O trio acrobático (“adágio”) Daniela Heringer, Diogo Monteiro e Júlio Nascimento arrancou risos e aplausos do público. Rafael Celestino apresentou um número de “paradas” em banquilha (caixa com duas hastes e pequenas superfícies de apoio). O palhaço Tirinha (Paulo Hartung) mostrou que um número de equilíbrio e malabarismo pode ter muito humor. Jéssica Savalla, filha do saudoso Palhaço Carequinha, faz parte da turma. Ela apresentou um número de malabarismo e acrobacia que impressionou o público. “A Escola é muito importante na minha carreira. Afinal, é a única escola profissionalizante da América Latina e a formação adquirida lá vale muito”, diz Jéssica. Sobre a continuidade da tradição familiar de seu pai e de sua mãe (também circense), a malabarista fica orgulhosa: “Quando falaram o nome do meu pai [George Savalla Gomes] senti enorme emoção. Espero que onde ele esteja, tenha gostado muito da minha apresentação”, comenta Jéssica.

Um dos números uniu a lira ao contorcionismo. Presente em muitos circos do mundo, a lira é um grande aro metálico, pendurado por cabos, onde um artista desenvolve movimentos acrobáticos. A apresentação foi de Michele Noboa. Ela é um exemplo da trajetória dos alunos da Escola, e do seu empenho na carreira: logo após concluir o curso, já foi contratada por um grande circo profissional. A artista tem 18 anos e veio de Ribeirão Preto (SP), onde praticou ginástica, nas modalidades rítmica e olímpica, e começou numa escola de circo, aos 12 anos. Entrou na ENC aos 14, onde cursou os três anos e meio de formação. “Conclui o curso e enviei currículo e vídeo para Circo Beto Carrero e fui contratada. Foi na Escola Nacional de Circo que aprendi tudo que sei. Lá não aprendemos somente as técnicas, mas também com as histórias de vida dos professores. Isso é fundamental”. O diretor da Escola, Zezo Oliveira, destaca que a experiência de Michele se repete anualmente na Escola. “Muitos alunos mal se formam e já são incorporados a circos profissionais”, enfatiza ele”.

Estavam presentes na plateia Nara Ramina, coordenadora social dos “Médicos Solidários” (Medsol) – entidade parceira da Escola em ações sociais – Antonio Gilberto, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte (Ceacen), e Ermínia Silva, historiadora, doutora em História do Circo, entre outros representantes da comunidade circense. Ermínia é autora do livro “Respeitável Público – Circo em Cena”, publicado pela Funarte. Segundo a historiadora, o papel da Escola Nacional de Circo é fundamental, principalmente porque ela é modelo de vários outros projetos, em todo o Brasil. “A ENC forma pessoas que difundem a linguagem circense no cotidiano carioca. A partir da Escola, grupos se formaram e geraram outros, dentro e fora do Rio – a Intrépida Trupe e o Teatro de Anônimo são exemplos. Além disso, vários projetos sociais, que chamamos de ‘circo social’, começaram com grupos originários da Escola. Somente estes dois fatores já dão a dimensão da importância histórica da instituição. Atualmente, ela tem, de fato, um cunho nacional e começa a se estender pelo país, principalmente por causa das bolsas, com alunos de toda a América Latina”, avalia a professora. Para o diretor do Ceacen/Funarte, Antonio Gilberto, o evento tem grande importância simbólica. “Conforme prometido, foi mais do que uma formatura, mas sim um espetáculo, de fato, e de alto nível. O trabalho dos professores e dos alunos nos traz orgulho”, comemora.

Na quinta-feira, 22, às 18h na Lona da Unicirco, na Quinta da Boa Vista, os formandos realizam a segunda apresentação de “Céu de Lona”, na qual serão incluídos números áereos, como trapézio em balanço. O espetáculo é apresentado pelo ator Orlando Caldeira.

“Céu de Lona”
Espetáculo de formatura da 22ª turma de alunos da Escola Nacional de Circo
Trilha sonora original: D’Alessandro Mangueira

20 de dezembro de 2011, às 19h
Teatro Dulcina – Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro, Rio de Janeiro

22 de dezembro de 2011, às 18h
Lona da Unicirco
Parque Municipal da
Quinta da Boa Vista
São Cristóvão – Rio de Janeiro (RJ)
Entrada pela cancela

Ficha técnica
Direção Artística: Neusa “Tuca” Cericola e Angela Cericola
Assistente de Direção: Diogo Monteiro
Direção Musical: D’Alessandro Mangueira
Produção: Carlos Eugênio Leite

Mais informações: escolacirco@funarte.gov.br
Tel./fax: (21) 2273-2144
Tel.: (21) 2273-8567