Espetáculo de dança se inspira na pioneira do nado sincronizado

Além deste trabalho, o grupo de artistas apresenta o infantil “Entrelace”, que também termina suas apresentações no domingo, 12/02

Os filmes da atriz-nadadora de Hollywood Esther Williams, famosa nos anos 1950, inspiram o espetáculo de dança,  em cartaz desde 26 de janeiro, no Teatro Cacilda Becker, da Funarte, no Largo do Machado, Rio de Janeiro. A personagem de “Esther Williams não quer mais nadar” popularizou o antigo balé aquático, que originou as bases para o atual esporte do nado sincronizado. O espetáculo, um híbrido de teatro, dança e performance, termina a temporada no domingo, dia 12.

O palco é ocupado por cadeiras, colocadas aleatoriamente, algumas delas mais ao centro, outras na periferia. Isto gera no público uma ideia de “dentro” e “fora”. Cada pessoa é acomodada com cuidado, atenção e afeto, pela intérprete, Andrea Elias. O corpo da personagem flutua entre os corpos da plateia, como num espaço líquido, interagindo com os corpos dos espectadores. A atriz e bailarina explica que “Os impulsos da dança reverberam nos corpos do público”, que passa a ser parceiro neste jogo coreográfico.  Acontecem pequenos conflitos entre o ser e o não ser, o estar e o não estar, o querer e o não querer”, explica a performer, que facilita que os movimentos do público passem de gestos rotineiros, cotidianos, a impulsos, expressos em dança. “Estes, sutilmente, constróem a sequência coreográfica”, diz Andrea. “Através da dança, é gerada uma zona de relação, de onde emerge uma atmosfera de atenção, cuidado e reconhecimento entre os presentes, e de potência de criação entre os indivíduos”, conclui.

O espetáculo não pretende fazer um registro biográfico de Esther Williams, mas, a partir de um recorte de sua história, criar uma metáfora com a figura da nadadora. O objetivo é apresentar a experiência do corpo, que, por necessidade ou desejo, descobre outras possibilidades para si mesmo. “Por exemplo: negar-se a executar uma ação pode fazer com que o indivíduo perceba uma outra perspectiva da mesma ação”, diz Andrea. Para o grupo, uma situação como essa pode representar um momento de incerteza, de indeterminação e transição, de uma situação para outra, desconhecida. Seria um instante de fragilidade, entre o querer e o não querer, o “sim” e o “não”, que necessitaria de cuidado, atenção e afeto – os principais conceitos abordados pelo espetáculo.

Entrelace – Espetáculo Infantil

Nesta montagem de dança contemporânea para a família, a plateia é convidada ao encontro com o outro e a perceber sutis espaços de relação e convivência

Diferentemente dos espetáculos convencionais, o público é cuidadosamente convidado a sentar-se em bancos, no palco, onde cada pessoa é acomodada pelos intérpretes, com movimentos coreográficos, com cuidado, atenção e afeto. Como sugere o título, a partir do significado da palavra, “enlace recíproco”, os movimentos se desenvolvem numa dinâmica que envolve faz o público se “enlaçar”. Os artistas partem de de jogos populares tradicionais e de fábulas infantis. Cada momento se encadeia ao próximo, a partir do movimentos em escala crescente, e da transformação do instante anterior. “É como um novelo de linha, que se desenrola pelo espaço cênico, entre os corpos dos atores bailarinos e os do público”, explica Heder Magalhães, performer e pesquisador do projeto.

Entre uma brincadeira e outra, a plateia identifica a dança em situações onde, antes, havia apenas o significado de jogo. Nos movimentos coreográficos reaviva-se a memória das brincadeiras que fazem parte das lembranças de cada um. Concebido especialmente para o público infantil, o espetáculo estreou no festival de dança Panorama 2011.

A construção de ambos os trabalhos parte das seguintes questões: onde termina o espaço de uma pessoa e começa o da outra? Até onde uma ação é somente de uma indivíduo, ou tem consequência na ação do outro? Até que ponto somos capazes de interferir no modo de ser do outro? Em que medida somos permeáveis à interferência das outras pessoas? Em que medida a comunicação sinestésica (a que relaciona os cinco sentidos humanos) proposta pela dança toca o público? Qual é a responsabilidade neste contato e nesta comunicação?

“Esther Williams não quer mais nadar” e “Entrelace”
Temporada: 28 de janeiro até 12 de fevereiro
Ingressos: R$ 20. Reservas pelo telefone (21) 8358-4830

Teatro Cacilda Becker (Funarte)
Rua do Catete 338, Largo do Machado, RJ – Próximo a Estação Largo do Machado do Metrô
Telefone. 2265-9933
Acesso ao palco facilitado para portadores de necessidades especiais

Realização: Trânsito Produções Culturais
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Apoio: Fundação Nacional de Artes (Funarte)

Fichas técnicas

“Esther Williams não quer mais nadar”
Com Andrea Elias

Até domingo, 12 de fevereiro
De quinta-feira a domingo às 19:30h
Capacidade de público para o espetáculo: 40 pessoas
Classificação indicativa: Livre
Patrocínio: Fundo de Apoio ao Teatro (FAT) – Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura do Rio
Pesquisa e criação: Andrea Elias, Norberto Presta e Paulo Marques
Direção e dramaturgia: Norberto Presta
Direção de movimento e colaboração: Paulo Marques
Audiovisual: Eveline Costa
Figurino: Joana Lavallé
Desenho de luz: Luiz Oliva
Programação Visual: Miguel Carvalho
Fotos: Luísa Pitta Produção executiva: Regina Levy
Duração do espetáculo: 60 minutos

“Entrelace”
Com Andrea Elias, Heder Magalhães, Luísa Pitta e Tânia Ikeoka
Até domingo, dia 12

Sábados e domingos, às 16:30h
Capacidade de público para o espetáculo: 50 pessoas
Classificação indicativa: Livre
Concepção, coreografia e direção artística: Andrea Elias
Pesquisa e performance: Andrea Elias, Heder Magalhães, Luísa Pitta e Tânia Ikeoka
Consultoria dramatúrgica: Norberto Presta
Direção de movimento e mestre de balé: Paulo Marques
Trilha sonora e Direção musical: PC Castilho
Figurino, cenário e adereços: Joana Lavallé
Designer, animações e fotos: Miguel Carvalho
Duração do espetáculo: 50 minutos