O livro, de Sérgio Fonta, O Esplendor da Comédia e o Esboço das Ideias: dramaturgia brasileira dos anos 1910 a 1930 teve seu lançamento na quarta (13/06), no foyer do Teatro Dulcina, Centro do Rio. Estiveram presentes o diretor do Centro de Artes Cênicas da Fundação Nacional de Artes, Antonio Gilberto; a diretora do Centro de Programas Integrados, Ana Claudia Souza; o gerente de Edições, Oswaldo Carvalho; a coordenadora de Comunicação, Camilla Pereira; atores, diretores e autores de teatro; além de estudantes e funcionários da Funarte. Também, o público que chegava ao Dulcina para o espetáculo Dia Desmanchado, da Cia Grupo Teatro Torto, prestigiou o evento.
O Esplendor da Comédia e o Esboço das Ideias resgata uma parte da memória do teatro brasileiro do início do século XX. Sérgio Fonta, que também é ator e diretor teatral, contou que sempre sentiu uma lacuna no acesso aos textos desse período. “Cheguei a realizar e coordenar ciclos de leituras com algumas dessas peças e pensei em editar um livro que resgatasse essa memória, fundamental para estudantes de teatro, diretores, atores, produtores e estudiosos, para que tenham acesso a esses textos, que estavam soterrados nas gavetas. Agora, trazemos de volta através da Funarte. É um período muito importante do teatro, no qual pontificou a comédia brasileira, a Geração Trianon, os grandes autores como Viriato Corrêa, Armando Gonzaga, Oduvaldo Vianna pai e muitos outros. Autores que foram os grandes sucessos na vida de Procópio Ferreira, Jayme Costa e Dulcina de Moraes. O livro traz muitas fotos desses atores, que construíram suas carreiras com essas peças.” Fonta explicou que atualizou a ortografia – “para que seja lido pelo leitor de hoje” –, sem mudar a linguagem ou a estrutura do texto.
O escritor disse que foi difícil selecionar os dramaturgos do período, já que tinha um limite de dez autores. Acrescentou que escolheu os mais representativos e os que, ainda, não tiveram suas obras publicadas. “Preservei o Joracy Camargo, que não foi editado e é um dos ícones dessa época. Tenho o sonho de fazer um livro com a história e a obra dele.”
Entusiasmado com a boa aceitação de seu livro (alguns diretores já estudam montar textos da publicação), Fonta contou que pretende, também, escrever a biografia da dramaturga Júlia Lopes de Almeida, autora de Quem não perda, peça incluída em O Esplendor da Comédia e o Esboço das Ideias. “Júlia foi uma grande mulher, intelectual brilhante e ninguém sabe mais quem foi ela. Júlia Lopes pontificou no final do século XIX, início do século XX. Foi jornalista participante, ativa, que defendeu o divórcio, a abolição e escreveu mais de 40 livros. Colaborou num dos melhores jornais do país e chegou a ser recebida pela intelectualidade francesa, em 1914, com um banquete para 400 talheres.”
O diretor Ary Coslov, um dos profissionais que prestigiaram o lançamento de O Esplendor da Comédia e o Esboço das Ideias, considerou a publicação fundamental para o conhecimento da história do teatro. “No Brasil, não temos essa política, essa tradição em valorizar as pessoas que trabalharam nas diversas áreas e no teatro não é diferente. Essa é uma época fantástica e temos pouco conhecimento sobre esses autores. Tem que ser feito esse resgate com pessoas tão importantes e tão talentosas.”
Também estiveram presentes ao Teatro Dulcina as atrizes Maria Pompeu, Thaís Portinho, Tereza Terle e Jalusa Barcellos, o ator Ângelo Matos, o diretor Elói Araújo, as escritoras Ewa Procter e Maria Helena Kunek e o crítico Daniel Fisher, além de Orlando Miranda, ex-presidente do antigo Instituto Nacional de Artes Cênicas (Inacen).