Ana de Hollanda prestigia abertura de “A gosto de Nelson”

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e o presidente da Funarte, Antonio Grassi, na abertura de "A gosto Nelson". Foto: Caio Franco

No dia 23 de agosto de 2012 Nelson Rodrigues faria cem anos.

Com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, começou no dia 1º de agosto a mostra A gosto de Nelson, que até dia 31 deste mês vai apresentar as 17 obras teatrais de Nelson Rodrigues, em comemoração ao centenário do dramaturgo. A ministra da Cultura assistiu, ao lado do presidente da Fundação Nacional de Artes, Antonio Grassi, a encenação de Vestido de noiva, com a Cia Os Satyros (SP), no Teatro Dulcina, na Cinelândia. Simultaneamente, no Teatro Glauce Rocha, também no Centro do Rio, era apresentada a peça A mulher sem pecado, com os atores do Instituto João Aires (MG).

Artistas, diretores e produtores teatrais, como Sérgio Fonta, Marieta Severo, Maria Pompeu e Analu Prestes, Aderbal Freire Filho e Gilberto Gawronski, Lílian Bertin e Celso Lemos e a jornalista Ester Jablonski compareceram ao Teatro Dulcina, bem como a diretora executiva da Funarte, Myriam Lewin; o diretor do Centro de Artes Cênicas, Antonio Gilberto; o diretor do Centro da Música, Bebeto Alves; o diretor da Escola Nacional de Circo, Marcos Teixeira; a coordenadora de Comunicação, Camilla Pereira; além de Fabiano Carneiro, coordenador de Dança e Maria José de Queiroz, sub-gerente de Música Erudita da Funarte.

Ao abrir o evento, o presidente Antonio Grassi agradeceu aos funcionários da Fundação, principalmente aos do Centro de Artes Cênicas e técnicos do Dulcina pela realização do festival. Grassi declarou que a mostra A gosto de Nelson contempla vários aspectos da missão da Funarte. “É também nossa tarefa revelar nossa dramaturgia para o público brasileiro e contemplar as visões do país inteiro, das diversas regiões sobre a obra de Nelson Rodrigues, possibilitando que esses grupos se apresentem nos nossos teatros.”

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, disse que, com a Mostra, a Funarte cumpre a missão do Ministério de difundir a cultura brasileira. “Com espetáculos, representando 11 estados e que mostram várias versões de Nelson Rodrigues, a homenagem é merecida. Nélson é considerado um dos maiores dramaturgos do Brasil e por isso essa grande homenagem do Ministério da Cultura e da Funarte. Estou muito feliz por isso”.

Também presente ao Dulcina, Nelson Rodrigues Filho contou que A gosto de Nelson foi idéia sua e de sua filha, iniciada em parceria com a Funarte, na exposição Nelson Brasil Rodrigues – Cem Anos do Anjo Pornográfico – aberta em 31 de janeiro e em cartaz até 30 de dezembro de 2012, no Glauce Rocha –, que traz fotos e depoimentos de atores e atrizes das montagens originais. “A Funarte assumiu maravilhosamente o A gosto de Nelson, fazendo o edital com as 17 peças, garantindo que toda a obra teatral estivesse aqui no Rio de Janeiro, cidade que o velho assumiu como sua, num festival sensacional que nunca houve no Brasil”, afirmou entusiasmado o filho do escritor. “O SESI (Sistema FIRJAN) amplia (o festival) com mais oito peças pelo interior do estado, além da UERJ, que faz, na última semana (de agosto), peças e debates. É maravilhoso que a Funarte tenha vestido a camisa de Nelson Rodrigues. Felizmente, a Funarte e o Ministério da Cultura entendem a importância de Nelson Rodrigues para o Brasil, o que significa o homem que conhece profundamente a alma do Brasil. Isso está exposto nas suas milhares de crônicas de costumes, policiais, de futebol, nas 17 peças, nos dez romances, nos vários folhetins e no dia a dia maravilhoso que ele emprestava a todos que o conheciam”.

O diretor Aderbal Freire Filho classificou a Mostra como formidável. “Ele é o nosso Shakespeare e acho que deveríamos ter uma companhia rodrigueana permanente para a montagem das peças do Nelson sempre em cartaz. Ele é uma referência inevitável no teatro brasileiro, não se foge à influência do Nelson no Brasil. Não que não se consiga fazer diferente dele, mas porque na nossa criação acabamos por dialogar com essa criação-chave que representa a síntese da alma, do estilo – e falo de conteúdo e de forma – do brasileiro.” Aderbal disse que se recorda de algumas montagens originais como Boca de Ouro (1959) com Milton Moraes e O beijo no asfalto (1961) com Fernanda Montenegro e que tem expectativa em assistir as apresentações desses textos na Mostra, além de Senhora dos Afogados, que dirigiu na década de 1990. “Os saudosistas dizem que antigamente era melhor. Concordo que tinham espetáculos brilhantes, incríveis, mas hoje o teatro é melhor porque avançamos; não é possível que depois de todos esses mestres não tenhamos evoluído. É ótimo ver as montagens de hoje, com toda uma poética que o teatro brasileiro já alcançou e como é bom colocá-la a serviço do teatro tão rico e forte como o de Nelson.”

Para o diretor do Ceacen, Antonio Gilberto, e um dos responsáveis pela realização do festival, A gosto de Nelson é de grande importância, principalmente, para a formação de plateia porque apresenta pela primeira vez, no Rio de Janeiro, as 17 obras dramáticas do escritor num mesmo evento, em dois teatros, possibilitando ao espectador assistir todas as peças , já que são dois dias de apresentação para cada uma. Antonio Gilberto destacou ainda, que as montagens apresentam também a diversidade da produção cultural brasileira. “Estamos trazendo grupos, companhias e produções independentes de diversas regiões do Brasil, selecionadas por uma comissão de profissionais da área teatral – produtor, diretor, ator – e que escolheu essas produções numa difícil seleção, já que foram muitos os inscritos. O público terá contato com a obra do Nelson e com a visão do teatro brasileiro contemporâneo, como o teatro brasileiro do século XIX está montando e enxergando Nelson Rodrigues, sua obra tão forte, universal e tão polêmica, ainda.”

Celso Lemos, um dos curadores de A gosto de Nelson, também esteve no Dulcina e explicou que a comissão se preocupou em contemplar o maior número de regiões possível, para que cada grupo com a sua linguagem e representando seu estado fosse merecedor de estar nesse festival, no Rio de Janeiro. “Foi difícil, mas os outros jurados também eram muito conhecedores da obra de Nelson Rodrigues. E uma das montagens que mais me chamou a atenção foi a de um grupo de São Paulo com o Renato Borghi (Os sete gatinhos, da produtora Cristina Yoshie Sato, direção de Nelson Baskerville), com várias críticas positivas.”

O espetáculo A mulher sem pecado se apresentou na mesma noite, no Teatro Glauce Rocha. O ator Mauro Mendonça foi conferir a montagem do Instituto João Aires (MG). “Nelson Rodrigues é uma maravilha! Só lamento não ter trabalhado em uma peça dele no teatro. Em compensação, na TV, tive a feliz experiência de fazer A vida como ela é.”

O festival A gosto de Nelson segue com a apresentação da obra de Nelson Rodrigues, nos dois teatros da Funarte, no Centro do Rio, até 31 de agosto.

Confira a programação

Festival A gosto de Nelson