“cidades censuradas” em Vitória

Depois de Goiânia, onde ficou em exposição até 29 de julho, no Museu de Arte de Goiânia (GO), a instalação fotográfica cidades censuradas segue para Vitória, no Espírito Santo.

O projeto, contemplado no Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais, permanece para visitação pública no período de 16 de agosto a 22 de setembro, na galeria Matias Brotas Arte Contemporânea.

Cidades censuradas surgiu a partir da observação da rotina das grandes cidades, e de como o medo da violência provoca mudanças não só na arquitetura como também no comportamento humano.

O fotográfo Rodrigo Campanella explica que visitou e mapeou duas cidades que passam por intensas modificações urbanas: Vitória, no Espírito Santo, e Goiânia, em Goiás. “Percebemos nos prédios uma contínua militarização das fachadas, com seus portões duplos e triplos, jogos de câmeras de segurança, guaritas elevadas e sequências de vidros escurecidos ou espelhados. Sistemas de excessiva segurança que tornam as ruas mais inseguras, ao isolar os prédios do espaço público e da convivência necessária a uma cidade viva”, opina o artista. Em busca de imagens simbólicas desse processo, o fotógrafo visitou diversas vezes esses lugares, a pé. As imagens revelam, em alguns momentos, a ironia e a melancolia do excesso de segurança e, em outros, aproximam-se da abstração na dureza de cores e formas.

As fotos são a parte principal de uma instalação e só podem ser visualizadas pelo público através de barreiras de tapumes, grades e fitas de segurança, que impedem a aproximação daquele que olha. As imagens podem ser vistas também à distância, pelas frestas das barreiras, ou utilizando binóculos dispostos pela sala, para quem deseja ver os detalhes. Entretanto, na lente dos binóculos foi colocado um filme escurecido, semelhante ao usado nos vidros de fachadas de prédios.

Para captar as imagens, Rodrigo Campanella usou uma câmera elétrica Hasselblad, originalmente destinada a fotografias em estúdio, com luz ou condições controladas. “Ao utilizar essa câmera na rua, à mão e sob luz inconstante, criei uma barreira interna dentro do processo fotográfico, incorporando a dificuldade de fotografar uma nova cidade, que busca não ser observada em qualquer momento. A Hasselblad também foi escolhida por utilizar um formato de filme que gera imagens quadradas, depois exibidas em molduras pretas sem qualquer ornamento. Uma cela visual que tranca as imagens de lugares que buscam suas próprias barreiras para não serem parte da cidade”, define o artista.

Cidades censuradas
Rodrigo Campanella
De 16 de agosto a 22 de setembro de 2012
Galeria Matias Brotas Arte Contemporânea
Av. Carlos Gomes de Sá, 130
Mata da Praia – Vitória (ES)