O artista plástico Jair Correia, um dos contemplados com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012 – Atos Visuais Funarte Brasília, abre a exposição Ícones – Outras Palavras, na Galeria Fayga Ostrower, no Complexo Cultural Funarte, no dia 23 de agosto, quinta-feira, a partir das 19h.
Jair Correia, através deste trabalho, transforma a informação simbólica cotidiana em arte e provoca o olhar do público para esta percepção e seus significados.
Durante quatro anos, Jair Correia colecionou signos impressos em embalagens de produtos diversos. Signos que traduzem informações como, “frágil”, “este lado para cima”, “perigo”, “inflamável” e outros, impressos em produtos variados, desde alimentos, equipamentos, instrumentos, produtos de alta periculosidade e muitos mais. Estes pequenos sinais gerados para traduzir significados, em função da globalização econômica, são vistos por pessoas de diversas culturas e de diferentes classes sociais, como também, de diferentes graus de instrução e educação.
O questionamento matriz que gerou a coleção é: se o sinal produzido é compreensível para todas as pessoas do mundo. Afinal, um produto feito na França pode ser consumido no Chile. Outro produto feito na Malásia pode vir para o Brasil; feito na Europa pode ser consumido nos Estados Unidos e um chinês pode ser consumido em todo o mundo.
Como são imaginados os símbolos que transmitem os alertas e as informações pertinentes aos produtos, signos estes que informam as formas adequadas de transporte e conservação? Embora uma convenção exista para atender as múltiplas culturas, a falha da comunicação pode ocorrer, e isto suscitou o mote para a composição desta coleção de pinturas criada e executada por Jair Correia para comemorar os seus 40 anos de atividades artísticas.
As inferências a partir deste pensamento matriz – dos códigos particulares que as embalagens carregam e que fornecem as informações corretas de sua manipulação – forneceram as bases para outro questionamento: teremos nós humanos, no futuro, códigos que mostrem dados de nossa personalidade?
Na história da humanidade já houve o nazismo que rotulou judeus e homossexuais, catalogados e diferenciados dos arianos. Seremos, de alguma forma, identificados por sinais que exponham nosso caráter? Qualquer cidadão do mundo ao pegar uma caixa tem a informação se o que carrega é um produto frágil ou algo contagioso, através dos seus sinais. Seremos nós também identificados e desnudados na intimidade? Seremos alertados sobre com quem nos relacionamos? São questionamentos cujas respostas só o tempo dirá, mas que servem como ponto de partida para o desafio pictórico.
Para a realização deste projeto, foram utilizados, como suporte, materiais que têm história própria, como madeira de demolição, cuidadosamente trabalhados de forma a receber os desenhos em baixo-relevo. Neste baixo-relevo foram aplicadas folhas de ouro, prata e tinta de urucum, estabelecendo uma organicidade de tons e cores de forte presença visual. São quadros de grande formato para suscitar um forte impacto visual.
Sobre Jair Correia
O artista plástico nasceu na cidade de São Paulo, em 1956. Começou a expor aos 14 anos; trabalhou em jornais como ilustrador e editor de arte até ingressar no cinema. Em 1982, recebeu o prêmio de Melhor Diretor de Cinema pela APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, com o filme Duas estranhas mulheres. Do exigente crítico cinematográfico da época, Ruben Biáfora, de O Estado de São Paulo, recebeu os maiores elogios pelo seu talento como diretor e artista. Dirigiu também os longas Retrato falado de uma mulher sem pudor (1982) e Shock (1983), que lhe valeu outros prêmios. Nas artes plásticas, desenvolve uma obra pessoal e está presente nos principais salões de arte do país, inclusive sendo o único artista plástico do interior do Estado de São Paulo a participar da 21ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1991. Instalado em Ribeirão Preto desde 1984, atua diretamente na produção cultural da cidade. Presidiu o 17º Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto, participou como Membro de Júri de outros salões e faz a concepção visual do Grupo Fora do Sério, desde 1992. Com Donato Sartori, considerado o principal mascareiro vivo do mundo ocidental, aprendeu a metodologia da confecção de máscaras. Participou do Seminário Internacional de Máscaras, no Rio de Janeiro, em 1995, aprendendo técnicas de máscara em cartapesta. Aprendeu técnicas de máscara em couro no Seminario Laboratorio Internazionale, no Centro Maschere e Strutture Gestuali, em Pádova, na Itália, em 1996 e 1998. Pesquisou a história deste objeto e sua influência na trajetória da humanidade e suas complexidades para executar o vídeo-documentário Viagem ao mundo da máscara (1999). Em 2003, pelo seu trabalho no espetáculo Auto da Barca do Inferno, foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro Brasileiro na categoria Figurino – Concepção Visual e Máscaras. Em 2008, Jair Correia concluiu o curso de treinamento do software Maya®, recebendo o certificado da Autodesk Authorized Training Center (ATC®), tornando-se um profissional de computação gráfica. Em 2010, expôs Ícones-Outras Palavras no MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto, em comemoração aos seus 40 anos de atividades profissionais.
Atualmente, é diretor da Casa da Arte Multi Meios, onde desenvolve trabalhos com mídias modernas e oferece oficinas específicas sobre seu trabalho. É professor de Cenografia e Indumentária e Interpretação para Cinema do Curso de Teatro, do Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão Preto. Atualmente, dedica-se à produção e direção do longa-metragem em animação 3D Metamorphosis e à direção de uma série de episódios humorísticos para televisão.
EXPOSIÇÃO
Ícones – Outras Palavras
De Jair Correia
Abertura: 23 de agosto de 2012, às 19h
Exposição: 24 de agosto a 1º de outubro de 2012
De segunda a domingo, das 9h às 21h
Galeria Fayga Ostrower – Complexo Cultural da Funarte
Eixo Monumental – Setor de Divulgação Cultural (entre a Torre de TV e o Centro de Convenções)
Brasília (DF)
(61) 3322-2076 / 3322-2029
Projeto contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012 – Atos Visuais Funarte Brasília