“Cobras!” é apresentada no Pará com entrada franca

Fofocas, mexericos, calúnias de uma elite que destilava seu veneno na Belém da década de 1950. É assim o comportamento provinciano paraense retratado na peça Cobras!, espetáculo teatral de livre adaptação do romance Rios de raivas, de Haroldo Maranhão. Em 1970, o livro causou polêmicas por expor de forma histórica o comportamento cínico de grupos dominantes de poder que se envolvem em um ninho de bajulações, mentiras, hipocrisia e falsidade.

Trazida aos palcos pelo Grupo de Teatro Palha, com direção de Paulo Santana e dramaturgia de José Maria Vilar, a obra ganhou releitura e, desde o dia 26 ocupa o Teatro Universitário Cláudio Barradas. “A peça faz esse resgate da Belém da época, mas de forma debochada. A cidade não tinha luz, não tinha carvão, era suja, tomada por mosquitos e a maioria das pessoas não tinha escrúpulos. Belém fedia em todos os sentidos”, explica Paulo Santana.

Cobras! promete chocar a plateia ao evidenciar três esquemas de poder. De um lado, impera o governador e do outro, o dono de um prestigiado jornal. No meio dos dois, um arcebispo busca tirar proveito de ambas as partes.

A montagem foi contemplada com o Prêmio ProCultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro 2010, pela Funarte/MinC e tem apoio do Instituto de Ciências e Artes da UFPA, da Escola de Teatro e Dança da UFPA e Rede Cultura de Comunicação.

Sobre o Grupo

Criado na década de 1980 com a estreia de Jurupari, a guerra dos sexos, o Grupo de Teatro Palha foi formado, inicialmente, por Paulo Santana e Wlad Lima, entre outros que fariam história no teatro paraense. O grupo participou da III Mostra Estadual de Teatro, realizada pela FESAT – Federação de Atores, Autores e Técnicas de Teatro, o que impulsionou a carreira dos jovens atores que passaram a percorrer os palcos do interior do Pará. Após turnês no Norte e Nordeste do país, o Teatro Palha suspende suas atividades devido à crise no movimento teatral do Estado.  Volta 10 anos depois, em 1994, com a montagem do clássico de Bertolt Brecht, O Mendigo ou o cachorro morto, dirigido por Kil Abreu, com Alberto Silva e Paulo Santana. Daí em diante, inicia um trabalho fundamentado no ator e na busca de textos de grandes dramaturgos, utilizando-se da linguagem para o discernimento da literatura universal. Participa de mostras e festivais de teatro, conquistando patrocínios locais e nacionais e ganhando diversos prêmios estaduais e nacionais.

Serviço:
Cobras!
Adaptação do romance Rio de raivas, de Haroldo Maranhão.
Com o Grupo de Teatro Palha.
Direção de Paulo Santana e dramaturgia de José Maria Vilar.
Elenco: Harlles Oliveira, Cursino Mangalarga, Thainá Chemelo, Luiz Carlos Girard, Arnaldo Abreu, Rogério Jacenir e Camila Góes.
Local:
Teatro Universitário Cláudio Barradas
Rua Jerônimo Pimentel, 546
Dom Romualdo de Seixas – Umarizal – Belém (PA)

Até 30 de setembro, às 20h.
Entrada franca.
Classificação:
16 anos