Bahia recebe seminário ‘Derivas e Memórias Contemporâneas na Pixação’

Foto: Miguel Ferraz

Nos dias 6 e 7 de junho, quinta e sexta-feira, com entrada franca, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, o sociólogo Sérgio Miguel Franco realiza o seminário Derivas e Memórias Contemporâneas na Pixação. Parte de projeto homônimo, contemplado no Edital Conexão Artes Visuais MinC/Funarte/Petrobras, o evento reúne pesquisadores e pixadores – palavra diferente de “pichador”, que tem conotação de vandalismo: representantes dos “pixadores” consideram que estes também são artistas de rua. No seminário, serão discutidas as diversas abordagens da intervenção urbana e serão exibidos filmes. Não é necessária inscrição prévia. No dia 6, o horário é das 14h30 às 17h30 e, no dia 7, das 10h às 18h30.

“Na história da arte, é recorrente a desclassificação de certos movimentos, os quais, muitas vezes, só obtêm reconhecimento em séculos posteriores”, defende Sérgio Miguel Franco, que assina a curadoria do projeto juntamente com Djan Ivson Cripta . Motivado pela inserção da “pixação” na 7ª Bienal de Berlim, nas 28ª e 29ª edições da Bienal Internacional de Arte de São Paulo e por um conjunto significativo de pesquisas acadêmicas, o seminário Derivas e Memórias Contemporâneas na Pixação convida intelectuais e público em geral para, juntamente com os pixadores, participarem da construção de sentidos para a manifestação cultural da “pixação”.

Pixador: um flanêur do Século XXI?
Para Sérgio Miguel Franco, o principal elemento aglutinador do debate seria a ‘deriva’ contemporânea – ato em que o artista simplesmente caminha pela cidade, sem destino, e começa um processo de criação, ao sabor do acaso. A teoria da deriva é de Guy Debord, pensador situacionista. “Veremos contrapostas as práticas do passado, com o ‘flanêur’ e os situacionistas, diante do que ocorre hoje com a pixação”. O termo “flanêur” vem do verbo francês “flâner” – perambular. O termo quer dizer, originalmente, “vagabundo”, “vadio”. Mas o “flanêur” adquiriu um sentido filosófico: uma pessoa que anda pela cidade “a fim de experimentá-la”.

O Situacionismo foi um movimento europeu de crítica social e cultural dos anos 1950. Artistas de diversas linguagens, reunidos a vários outros profissionais, o definiram como uma vanguarda artística e política, apoiada em teorias críticas à sociedade de consumo e à cultura mercantilizada. Para os situacionistas, os indivíduos devem construir as situações de sua vida, cada um explorando seu potencial, de modo a romper com a “alienação” reinante, alterar a ordem social, pela reinvenção do cotidiano, e obter prazer. O movimento inaugurou a ideia de de “intervenção artística”.

Sérgio Miguel Franco diz que o pixador é o “’flanêur’ do século XXI” por não apenas deter as “artimanhas” de sua prática, mas, também por ter a experiência de andar na cidade e contemplá-la. “Dentro de uma análise histórica veremos aproximações dos pixadores com protótipos de artistas na virada do séc. XIX e da contracultura da década de 1960”, ressalta.

O seminário Derivas e Memórias Contemporâneas na Pixação tem como convidados os acadêmicos Alexandre Barbosa Pereira (USP), Flávia Cristina Soares (UFMG), Gustavo Coelho (UERJ), Ludmilla Zago (UFMG), e das professoras do Departamento de Antropologia e Etnologia na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (UFBA), Núbia Bento Rodrigues e Roca Alencar, além dos pixadores João Marcelo Goma (BH), Nuno DV (RJ), Scank Id (SSA), e da artista plástica Chermie (SSA). Os debatedores se dividem entre as mesas de discussões Pixação e o Direito à Cidade, Antropologia da Metrópole e Pixação e Arte. Serão ainda exibidos os filmes Pixação Brasil, dirigido por Djan Ivson, e Luz, Camera & Pichação, de Gustavo Coelho.

No seminário, os pixadores saem da condição de meros “objetos de estudo”. O projeto prevê, ainda, a publicação de textos, baseada no conteúdo dos eventos, em que os debatedores farão uma entrevista com cada um dos pixadores, com o objetivo de preservar a memória destes.

SEMINÁRIO DERIVAS E MEMÓRIAS CONTEMPORÂNEAS NA PIXAÇÃO

PROGRAMAÇÃO

MESA 1 – Pixação e o Direito à Cidade

Quinta (6/6): das 14h35 às 16h

• Roca Alencar – Professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Antropologia e Etnologia. Universidade Federal da Bahia – UFBA.

• Ludmila Zago – Psicanalista, doutora em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Pesquisadora do CNPQ e orientadora de campo da Cultura de Rua do Projeto Cidade e Alteridade da Faculdade de Direito da UFMG.

• João Marcelo Capelão – Goma. Pixador (Belo Horizonte – MG).

• Scank. Pixador (Salvador – BA).

Quinta (6/6): das 16h15 às 17h30 – Filme “Pixação Brasil”. Direção de Djan Ivson.

MESA 2 – Antropologia da Metrópole

Sexta (7/6): das 10h às 11h25

• Núbia Bento Rodrigues – Professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Antropologia e Etnologia. UFBA.

• Alexandre Barbosa Pereira – Mestre com dissertação sobre a Pixação e doutor em Antropologia Social pela Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador do Núcleo de Antropologia Urbana da USP. Professor adjunto da Unifesp.

• Chermie – artista plástica. Residente de Salvador e originária de Belém.

• Flávia Cristina Soares – Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Especialista em Gestão Social e Psicóloga.

MESA 3 – Pixação e Arte

Sexta (7/6): das 14h35 às 16h

• Sérgio Franco. Sociólogo, mestre pela FAU – USP e co-curador da Bienal de Berlin 2012.

• Djan Ivson. Videomaker e artista da Pixação na Bienal de Berlin 2012.

• Gustavo Coelho – Professor e doutorando da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ.

• Nuno DV pixador do Rio de Janeiro.

Sexta (7/6): das 16h15 às 18h15 – Filme “Luz, Câmera & Pichação”. Direção de Gustavo Coelho.

Projeto Derivas e Memórias Contemporâneas na Pixação Contemplado no Edital Conexão Artes Visuais MinC/Funarte/Petrobras, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura

Seminário Derivas e Memórias Contemporâneas na Pixação

6 de junho, quinta-feira, das 14h30 às 17h30, e 7 de junho sexta-feira, das 10h às 18h30

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – Estrada de São Lázaro, 197, Federação – Salvador/BA

Contato: www.ufba.br

Tel.: (71) 3283 6431

Entrada franca

Não é necessária inscrição prévia