O amor platônico por um zumbi é o tema de ‘Para Poe’, no Paraná

Espetáculo "Para Poe" - 2013. Projeto contemplado no Myriam Muniz. Foto: Marco Novack

O que a arte, a crise e o vazio existencial têm em comum? Com humor e ironia, é este o tema proposto no espetáculo Para Poe, que estreia no Teatro Novelas Curitibanas, em Curitiba (PR), no dia 04 de julho, quinta-feira. Ambientada nos anos 80, a peça aborda as interferências do universo pop na sociedade e coloca em cena uma discussão de questões filosófico-existenciais, com personagens inusitados. O espetáculo foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz /2012. A entrada é gratuita.

Na comédia, a personagem Siouxsie mantém sua motivação a partir de um amor platônico por um zumbi que, na verdade, não passa de uma projeção de si mesma, dos seus traumas e crises. Enquanto isso, Edgar, o “cérebro gigante”, funciona como a voz da consciência da protagonista; e o Cara de Chapéu transita pela cena, como elemento de um universo misterioso – o anti-herói que aparece em “flash- backs”, com cenas construídas através das lembranças de Siouxie.

O espetáculo é desenvolvido a partir de um processo colaborativo de quatro atores, preparados por Mariana Zanette. O trabalho da Companhia Transitória partiu de uma série de referências da cultura pop. Sua ambientação vai desde a melancolia ultra-romântica da literatura de Edgar Allan Poe, até o novo gótico, da década de 80; e das imagens de George A. Romero até o seriado contemporâneo The Walking Dead. Segundo os realizadores, a proposta do texto é colocar em discussão, de forma irônica e ácida, as questões universais humanas: “a sensação de vazio e a apatia causada pelo distanciamento dos corpos”, típicos da era da globalização.

“A sobreposição de tantas referências não acontece por acaso. A ideia é criar uma síntese deste mundo de pastiches e clichês em que estamos mergulhados, se utilizando de referências de nossa época. É a linha tênue entre o risível e o melancólico, que é justamente nossa crise constante,” comenta Clarissa Oliveira, intérprete-criadora e uma das autoras da peça – juntamente com Thiago Inácio. Para ele, o processo de criação “revelou o humor e a ironia como potentes ferramentas, capazes inclusive de questionar a condição do artista e da própria arte. O público se diverte ao acompanhar as situações ridículas em que as personagens se colocam,” complementa.

Além de apresentar Para Poe a diferentes públicos, a proposta do projeto é que haja contato com outras regiões, como forma de descentralizar o circuito das produções teatrais da Grande Curitiba. O projeto prevê que, além da capital, o município de Araucária também receba o espetáculo (em seu Teatro da Praça).

Sobre a Companhia Transitória – Criado em 2007, o núcleo de artistas, com sede em Curitiba, desenvolve uma pesquisa artística continuada e tem como princípio de trabalho a proposição de parcerias com profissionais da área para a troca de experiências, ideias, conceitos e práticas relacionadas ao fazer teatral. Entre os parceiros que o grupo recebeu nos últimos trabalhos estão Nadja Naira, atriz, diretora e iluminadora que desenvolve também trabalhos com a Companhia Brasileira de Teatro; Luciana Schwinden, atriz e pesquisadora do Teatro da Vertigem de São Paulo; Edson Bueno, um dos diretores reconhecidos da cena teatral curitibana; e Dimis Jean Sores, diretor da Companhia de Bife Seco.

Acesse aqui o teaser do espetáculo

Para Poe

Com a Companhia Transitória
Texto: Clarissa Oliveira e Thiago Inácio
Preparação de atores: Mariana Zanette
Atores criadores: Clarissa Oliveira, Erick Alessandro, Patrícia Cipriano e Thiago Inácio

De 4 de julho a 4 de agosto – de 5ª feira a domingo, às 20h

Local: Teatro Novelas Curitibanas
Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1.222 – São Francisco

Ingresso: Gratuito

Idade recomendada: a partir de 18 anos

Projeto contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz /2012