Palestras comemoram cem anos do ‘ready-made’ de Duchamp, em Goiás

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Contemplado no Edital Conexão Artes Visuais Minc/Funarte/Petrobras, o ciclo de palestras Xeque-mate: um século do ready-made. 1913-2013 realiza-se em Goiânia, entre os dias 2 e 18 de julho, às 20 horas, no Teatro do Centro Cultural UFG.

O evento comemora o centenário de criação do “ready-made” pelo Marcel Duchamp (1887-1968). A criação do artista francês consistiu na negação da obra de arte segundo as categorias tradicionais e na sua substituição pelo produto industrial. O primeiro ready-made criado por Duchamp foi a Roda de Bicicleta (1913), que acoplou objetos com funções distintas e dissociadas – através do encaixe de uma roda de bicicleta sobre um banco de madeira.

O ciclo de palestras inclui seis encontros, cujo objetivo é debater temas relacionados à obra de Duchamp e sua ligação com a produção de artistas contemporâneos, que se apropriam de objetos, imagens e mensagens prontas. Segundo o curador goianiense Divino Sobral, autor do projeto, Xeque-mate vai oferecer ao público “o laboratório para pensar muitos dos problemas que envolvem a prática da apropriação na arte produzida no exterior, no Brasil e em Goiás”. Para isso, foram convidados críticos, historiadores, curadores e artistas, comprometidos com as questões ligadas à arte contemporânea. O grupo é propositalmente heterogêneo, para as abordagens sejam diversificadas e aprofundadas.

Próximas palestras

No dia 4 de julho o artista plástico carioca Gê Orthof discute o papel que a apropriação desempenha em seu processo experimental de criação, que transita entre categorias diversas, que envolvem produção de objetos, instalações e performances. Com pós-doutorado em performance e instalação, Orthof é professor do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília.

No dia 9, o curador recifense Moacir dos Anjos apresentará a obra da paulistana Jac Leirner, a partir da experiência de curadoria da exposição  realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2011, e agraciada com o Prêmio de Melhor Exposição,  concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Moacir dos Anjos é coordenador de artes visuais da Fundação Joaquim Nabuco. Foi diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, no Recife, curador do pavilhão brasileiro na 54ª Bienal de Veneza, da 29ª Bienal de São Paulo e da 6ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre.

No dia 11 de julho, o artista israelense, radicado em Vitória, Yiftah Peled, abordará o deslocamento do conceito de “ready-made” do campo do objeto para o da performance. Ele vai propor a incorporação à cena performática de cenas prontas e de acontecimentos do cotidiano. Peled cursa doutorado em Poéticas Visuais na ECA/USP, participou da XXII Bienal Internacional de São Paulo, do Panorama de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do Festival Performance Arte Brasil.

No dia 16 de julho, o artista e curador Carlos Sena, de Goiânia, falará sobre um grupo de obras que formulam conceitos sobre as relações entre arte e consumo. O palestrante vai discutir a importância da estética da publicidade e das referências da indústria cultural, na produção de artistas nacionais e locais. Sena é diretor do Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG. Dirigiu a Galeria da FAV/UFG e foi curador do I Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste.

O curador carioca Felipe Scovino encerrará o ciclo de palestras, no dia 18 de julho. Ele estabelecerá relações entre o “ready-made” e a apropriação praticada por artistas brasileiros de três gerações, tendo em vista questões como os circuitos de arte, aironia e o cinismo. Scovino é professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com pós-doutorado em Artes Visuais pela UFRJ, e autor do livro Arquivo Contemporâneo.

O ciclo foi inaugurado pelo crítico paulistano Tadeu Chiarelli, que falou sobre o uso de imagens de segunda geração por artistas brasileiros, a partir dos anos 1980.  Chiarelli é o curador do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e professor do Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais da ECA/USP; foi curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Xeque-mate: um século do ready-made. 1913-2013
Ciclo de palestras

2 e 18 de julho, às 20 horas
Universidade Federal de Goiás – Teatro do Centro Cultural UFG
Av. Universitária, 1533, Setor Universitário, Goiânia (GO)

Projeto contemplado no Edital Conexão Artes Visuais Minc/Funarte/Petrobras por meio da Lei de Incentivo à Cultura/ Governo Federal

PROGRAMAÇÃO

02/07. 20h.  Tadeu Chiarelli. Imagens de segunda geração.

04/07. 20h. Gê Orthof.  Sem nome, sem alfabeto: o caderno safado sorridente.

09/07. 20 h. Moacir dos Anjos. Jac Leirner e o sorriso do gato. Ou: para onde foi o ready-made que estava aqui?

11/07. 20 h. Yiftah  Peled. Ready-made de performance

16/07. 20 h. Carlos Sena. O artista embalado.

18/07. 20 h. Felipe Scovino. A beleza da indiferença: Três possibilidades de diálogos com Duchamp.