Bienal de Música termina e contabiliza quase três mil espectadores

Roberto Duarte rege a Orquestra Petrobras Sinfônica - solo de clarineta de Paulo Sérgio Santos - "Movimento Concertante I", de Pedro Augusto Dias

A XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, realizada pela Fundação Nacional de Artes – Funarte, terminou na tarde de domingo, 6 de outubro. Mais de 500 pessoas aplaudiram o concerto de encerramento, realizado pela Orquestra Petrobras Sinfônica, sob a regência de Roberto Duarte, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, às 17h.

O total de espectadores desta edição da Bienal chegou a quase três mil, com a média de mais de 250 pessoas, em cada um dos nove concertos, realizados de 27 de setembro a 5 de outubro, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), somadas ao público do encerramento e a convidados. Compositores de 13 estados, de quatro regiões do país – Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste – tiveram obras apresentadas, todas em estreia mundial. A Funarte vai disponibilizá-las na internet, no “hotsite” do evento, a partir do dia 20 de outubro.

Compareceram ao concerto final, representando a Funarte: a diretora executiva da instituição, Myriam Lewin; o coordenador de música erudita e organizador da Bienal, Flávio Silva; a gerente de música erudita e de produção do evento, Maria José Queiroz; o coordenador de música popular, Cláudio Guimarães; a coordenadora de comunicação, Camilla Pereira; a entre outros servidores da Fundação.

Prestigiaram o evento compositores, regentes, músicos, críticos e professores renomados, além de estudantes. Entre os presentes, estava o compositor e maestro Ricardo Tacuchian, doutor em composição pela University of Southern California, autor de cerca de 250 obras e detentor de diversos prêmios e menções – entre elas a participação na Tribuna do Conselho Internacional da Música da Unesco. O maestro participou de todas as Bienais, desde a primeira, em 1975. “A Bienal cresceu e se aprimorou. Aumenta, a cada edição, o número de compositores e o espaço para os jovens. Isso é importante porque, se os autores que já têm certa projeção têm dificuldades em difundir sua obra, imaginem esses novos criadores”, disse Tacuchian. “Hoje este é um festival que mostra os compositores que estão em produção e cujas peças estão sendo tocadas; e, ao mesmo tempo, que revela autores de grande potencial, selecionados por profissionais experientes. A fusão destes dois polos é muito interessante, tanto para o compositor de maior repercussão, ou mais maduro, quanto para o jovem, porque um precisa conhecer o trabalho do outro. Um aprende com o outro. Verifiquei isso, nesses 38 anos de Bienal”, destacou.

O artista observou que houve aumento no número de ensaios, na antecedência e no espaço para ensaiar. “A organização a cada ano se aprimora. O nível dos intérpretes têm sido muito alto. Primeiro porque o Centro da Música da Funarte começa a trabalhar dois anos antes de cada edição; mas também porque o intérprete brasileiro, hoje, está muito mais receptivo à música contemporânea. Me parecia que muitos empenhavam sua técnica, mas não o seu coração. Mas isso mudou: agora eles trabalham com competência, mas também com alma, o que é fundamental”, acrescentou Tacuchian. “Além disso, a Bienal sempre foi uma festa de troca de ideias e congraçamento, entre compositores do Brasil todo. Mas isso morria depois de cada evento. Agora, com a perspectiva do resgate das músicas pela rede de computadores, elas poderão, talvez, ser aproveitadas em rádio e televisão, ou ouvidas pela internet. Tudo isso dá ao acontecimento uma projeção planetária. Portanto, estamos chegando a um momento de grande envergadura da Bienal”, prevê o maestro.

Ricardo Tacuchian e Ronaldo Miranda - compositores de obras encomendadas. Foto: S. Castellano

O encerramento

No concerto final, a Orquestra Petrobras Sinfônica interpretou seis obras: as composições encomendadas Tetragrammaton III, de Roberto Victrorio; Parasinfonia, de Mário Ficarelli; Blocos Sinfônicos, de Guilherme Bauer; Jogos, de Ronaldo Miranda, além das vencedoras do Prêmio Funarte de Composição: Vem molhar os pés à Lua, de Germán Gras; e Movimento Concertante I, de Pedro Augusto Dias.

Ronaldo Miranda, autor de Jogos, comentou sobre a diversidade das linguagens em sua obra e nas bienais. Formado em composição na UFRJ, foi crítico do Jornal do Brasil. Foi premiado em uma das bienais e em vários outros certames, como o Concurso Internacional de Composição de Budapeste (Hungria) e pela Ordem das Artes e das Letras do Governo da França, com vários prêmios importantes, também no Brasil. Participou de inúmeros festivais em outros países. Foi residente na Brahmshaus de Baden-Baden (Alemanha) e teve obras tocadas por grandes orquestras estrangeiras e gravadas em vários países. “Sempre fui livre. Fui livremente atonal, depois neoatonal e, desde os anos 90, alterno os dois estilos. A música brasileira tem uma riqueza de expressões muito grande. Os compositores não são estandardizados, nem tem uma só tendência, das muitas que existem. Todos usam um pouco de tudo e isso é extremamente saudável. Na Bienal, peças as mais diferentes, de estilos variados, são apresentadas em cada concerto. Para a expressão da diversidade das linguagens e o diálogo entre elas, o evento é muito importante”,

Um panorama da XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea

Entre as 72 obras apresentadas na XX Bienal, 33 venceram o Prêmio Funarte de Composição Clássica 2012, que contou com mais de 500 inscritos. As outras 39 foram encomendadas pela instituição, diretamente a compositores que já participaram de bienais. Dos autores participantes desta edição, 26 são do Rio de Janeiro e 14 de São Paulo. Bahia e Paraná são representados por nove nomes cada. Participam ainda quatro criadores da Paraíba, dois do Mato Grosso, dois de Minas Gerais, dois do Rio Grande do Sul. O Distrito Federal e os estados de Goiás, Rio Grande do Norte, Ceará e Santa Catarina têm, cada um, um representante.

XX Bienal de Música Brasileira Contemporânea

De 27 de setembro a 6 de outubro de 2013

Locais dos concertos

Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Mais informações: https://sistema.funarte.gov.br/noticias-antigas/bienaldemusica/

classicos@funarte.gov.br

Realização

Fundação Nacional de Artes – Funarte
Centro da Música/ Coordenação de Música Erudita

Ministério da Cultura

Apoio: Academia Brasileira de Música (ABM), Rádio MEC e do Centro Técnico Audiovisual/CTAv (MinC)