Homenagem a Flávio Rangel, o ‘engenheiro de sonhos’ – dia 5/11

Foi realizada uma missa em memória de Flávio Rangel, no dia 5 de novembro de 2013, na Igreja da Ressurreição, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. A celebração incluiu uma apresentação musical em homenagem ao reconhecido dramaturgo e diretor teatral, pelos 25 anos de seu falecimento.

Estavam presentes à cerimônia Nathalia Timberg e Humberto Afonso, idealizadores do evento, que foi prestigiado por vários outros artistas e por técnicos teatrais e admiradores de Flávio Rangel. Entre eles, podem ser destacados: Eliene Narduci; Tania Brandão; Soninha de Paula; Angelo de Matos; Joel Vaz e Margot Mello Bittencourt; o filho do homenageado, Ricardo Rangel, e sua namorada Vanessa Aragão, entre outros. A cerimônia foi celebrada pelo Padre José Roberto Devellard, pároco da Igreja. Na homilia, ele discorreu sobre a “missão dos artistas”. O sacerdote destacou a beleza dos trabalhos de Flávio e a competência com que os realizou.

Durante a Missa, foi ouvido o Concerto para Piano nº 2 em Dó Maior, Kvh67 Andante, de Mozart – compositor que marcou a trajetória de Flávio Rangel, no aclamado espetáculo Amadeus (data). A cantora, instrumentista e atriz Anatasha Meckenna cantou a Oração de São Francisco e a Ave Maria e foi muito aplaudida. Tania Brandão, professora, pesquisadora da história do teatro brasileiro e crítica teatral fez um expressivo depoimento, com um histórico sobre o homenageado e seus principais trabalhos. Em seguida, a cantora Anatasha lembrou outro grande sucesso da carreira do artista: Piaf (data), com a interpretação de Hino ao Amor. A homenagem foi encerrada com uma comovida prece.

Sobre o homenageado – Flávio Nogueira Rangel nasceu em Tabapuã (SP), em 6 de agosto de 1934. Começou a ganhar projeção em 1958, no Teatro Cultura Artística, na Capital Paulista, como diretor de Juventude sem dono, com Milton Moraes e grande elenco. Depois de viajar ao exterior, como diretor de Gimba (texto de Gianfrancesco Guarnieri), passou a dirigir o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), como o primeiro brasileiro a comandar a mais famosa das companhias de teatro nacionais. O Pagador de Promessas de Dias Gomes, o primeiro espetáculo dirigido por Flávio no TBC. No início dos anos 1960, foi para o Rio de Janeiro, onde atuou como diretor independente, em mais de 80 espetáculos, entre espetáculos teatrais e shows musicais. Realizou montagens de reconhecida importância, tais como Liberdade, Liberdade; A Escada; A Revolução dos Beatos; A Capital Federal; Esperando Godot; Piaf; Édipo Rei, com Paulo Autran; A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller; Amadeus, de Peter Shaffer, com Raul Cortez; Vargas, de Dias Gomes e Ferreira Gullar, com Paulo Gracindo; O Que o Mordomo Viu, de Joe Orton, com Sérgio Viotti; Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, com Antonio Fagundes; e outras. Entre os shows que dirigiu estão: Faz Escuro mas Eu Canto, com Thiago de Mello e Sérgio Ricardo; Raíces de America, com o grupo de mesmo nome; recitais das cantoras Simone e Nara Leão); e desfiles de escolas de samba, entre outros.

Foi casado com a atriz Ariclê Perez. Seu primeiro matrimônio, com Maria Dulce Pedreira, gerou um filho, Ricardo.

Flávio Rangel faleceu aos 54 anos, com câncer no pulmão.

Seguem-se trechos da fala de Tania Brandão sobre o artista.

“As expressões homem de teatro absoluto, ser de teatro total não são um exercício de retórica ou meros elogios vazios. Quando lemos a biografia de flávio Rangel, escrita por José Rubens Siqueira, este é um ponto de comoção para o leitor: o teatro descobriu e abençoou flávio Rangel, na efervescente época de ouro do teatro moderno brasileiro, nos anos 1950.

[…] Flávio Rangel não entendia o teatro, o espetáculo, sem solução técnica teatral – o cenário deveria ser exato, a luz deveria ser pura magia, a movimentação e o desenho da cena precisavam ser fatos estéticos consumados. Por isto, convém chamá-lo de engenheiro de sonhos…

Esta forma de entender o teatro esteve presente em todos os seus trabalhos – foram mais de sessenta direções de peças – e fez a grandeza de espetáculos históricos, montagens que são referencias obrigatórias em qualquer estudo do teatro brasileiro do nosso tempo.

[…]
E este homem sensível, realizador e sonhador, está aqui entre nós não apenas por causa do aniversário de sua morte – ele está aqui porque a sua obra, alicerce para a nossa transformação sensível e para arquitetura de nossos sonhos, foi feita com a matéria imantada da grande poesia. Se a vida é sonho, somos livres para criar e para pretender um mundo transformado, uma lição que ele, poeta da cena de alta estirpe, não cansou de repetir, para assegurar nosso direito de existir como seres melhores.”

Acesse aqui o depoimento da pesquisadora, na íntegra
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