Gilberto Gawronski dirige ‘A noite em que Blanche Dubois chorou sobre a minha pobre alma’, na Sala Funarte

O Ciclo de Leituras Dramáticas da Fundação Nacional de Artes apresentou nesta terça, 3 de dezembro, a peça A noite em que Blanche Dubois chorou sobre a minha pobre alma, de Jarbas Capusso Filho. O texto do autor de São Paulo foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dramaturgia na Categoria Teatro Adulto 2003 – Região Sudeste. A leitura teve a direção do premiado Gilberto Gawronski. Os atores Karin Roepke e Ricardo Lacerda interpretaram os dois personagens, Estela e Johny, na quase encenação proposta pelo diretor.

Gilberto Gawronski ressaltou a qualidade do texto de Jarbas Capusso Filho, cuja montagem ele assistiu no recente festival de teatro da Amazônia.

“Na primeira leitura, você pensa que é uma comédia de costumes. Tem uma leitura que é como traduzir Tennessee Williams para uma realidade brasileira, ele (o texto) transcende esse lugar. É uma maneira muito bonita de se apropriar de uma história de outro autor, e escrever a sua própria dramaturgia. Tem um valor o prêmio que a Funarte ofertou pra esse autor e ter essa possibilidade de reler o texto de alguém. Ele tem muitas camadas: uma hora é Tennessee Williams, outra não é; uma  outra é esse universo de celebridades; uma hora é a Disneylândia – é Mickey e Minnie. Acho que esse texto tem que ser tratado nesse registro, pelo menos é a minha leitura e o que eu tentei passar para esses dois atores: o universo do teatro, do sonho, da fantasia e, ao mesmo tempo, do que é real e do que não é. Ele transcende esse primeiro realismo, que pode ser de uma leitura mais rasa, menos sofisticada do que o texto propõe.”

A atriz Karin Roepke (Estela), que participa de um coletivo teatral com Gilberto Gawronski, disse que foi incrível o contato com o texto. “Todo esse imaginário que o autor coloca foi uma boa possibilidade, e resolvemos nos jogar na leitura. Esse esboço, uma tentativa de encenação, foi muito gostoso!”

Ricardo Lacerda destacou os conflitos dos personagens como os atrativos do texto – principalmente os do garoto de programa que interpretou e que também revela complexidades semelhantes ao Kowalski de Um bonde chamado Desejo, de Tennessee Williams –, e os resgates que cada um faz no desenrolar da obra. “É um texto bastante inteligente, complexo e um prazer de fazer”, disse o ator. “Quando se tem esse aprofundamento da complexidade do personagem, trazendo esses conflitos pra próximo, você fica no lugar de burilar lugares até mesmo em você, que talvez não queira passar. Não é difícil, mas talvez seja confuso. E se confundir com esse personagem é muito bom, porque aí é que entra o tom. Eu gostaria de ter encontrado com o autor para poder saber com ele sobre essa complexidade e o que ele achou dessa nossa leitura, pra ver se acertamos o tom dele. Foi um grande prazer, um texto muito bom”, finalizou.

Na platéia de A noite em que Blanche Dubois chorou sobre a minha pobre alma, estavam Clauser Macieski, assessor do diretor do Centro de Artes Cênicas (Ceacen), Antonio Gilberto; o coordenador geral de Planejamento e Administração, Paulo Grijó e Ana Amélia Velloso, assistente do presidente da Funarte, Guti Fraga, que representaram a Fundação Nacional de Artes.

O próximo texto do Ciclo de Leituras Dramáticas da Funarte é De braços cruzados, de Emmanuel Nogueira, no dia 10 de dezembro, às 18h30, na Sala Funarte Sidney Miller. A entrada é franca.

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