Piscinas em forma de arte ocupam o Mezanino do Palácio Gustavo Capanema

Projeto da mostra, criado especialmente para o espaço

A Fundação Nacional de Artes – Funarte apresenta ao público, a partir do dia 1º de agosto, um dos quatro projetos selecionados pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013 – Projéteis Funarte de Artes Visuais Rio de Janeiro: a instalação Jardins Submersos: um espaço líquido, de Fernanda Junqueira. Selecionada para ocupar o Mezanino do Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro, a instalação é construída com 231 piscinas. Ela é inspirada no jardim-terraço projetado por Burle Marx, que fica sobre a marquise do Palácio. A mostra é um trabalho in situ (instalação dedicada ao próprio local, que integra a expressão da artista aos elementos específicos do espaço – reconhecido como marco da arquitetura modernista). A inauguração será no dia 31 de julho, quinta-feira, das 16h às 20h. A visitação é gratuita.

O projeto de Fernanda Junqueira recria os canteiros curvilíneos criados pelo paisagista, através do conjunto de piscinas – cada uma medindo 1,6cm x 1,6cm; e 6cm de altura – feitas com chapas de plástico reciclável, chamadas PetG. Dentro delas, há água e pigmentos azuis, em vários tons, que criam uma superfície fina, quase uma lâmina líquida, ora transparente, ora espelhada. Ao transpor as formas dos canteiros do terraço para o salão de exposições, a instalação reproduz o jardim, em forma líquida. “Costumo chamar as piscinas de ‘aquarelas vivas’”, diz a artista. Em três pontos da galeria, projeções dão vida à obra: em uma delas, dois peixes vermelhos; em outra, uma chuva “cai” em duas piscinas; e na terceira, são projetadas as superfícies de lagos do sítio de Burle Marx.

Vista dos jardins de Burle Marx e planta da exposição

Fernanda Junqueira diz que a obra “leva o universo fluido da água para o interior da galeria”. A artista acrescenta que, dessa forma, é criada uma “relação plástica e conceitual” entre o ambiente “natural” das plantas do paisagista, construído no coração do edifício, com o espaço da instalação. Uma das propostas da obra é trazer, além de sua plasticidade, um estímulo aos debates sobre a relação entre os espaços arquitetônicos e a natureza; além de prestar uma homenagem ao grande artista que foi Burle Marx. “Restaurar, imaginativa e sensorialmente, um momento inicial do encontro entre natureza e arquitetura nas condições modernas brasileira, em particular da cidade Rio de Janeiro e de um seu espaço arquitetônico, é, creio, o propósito deste projeto”, aponta o crítico Paulo Venâncio Filho, que assina o texto do catálogo da exposição.

A relação entre o espaço e a exposição

“O prédio icônico, inaugural da arquitetura moderna brasileira, é invadido pela água; o elemento físico que manifesta a transparência entre o espaço interno e externo, assim como as formas orgânicas do jardim, que refletem a geografia da cidade a beira mar estabelecem a escala do ambiente. Quem sabe, também haja aí uma inspiração vinda de um antecedente notável; Claude Monet e seu famoso jardim em Giverny, construção paisagística dirigida à suscitação da pintura, que aqui, propõe um ambiente sensorial de reminiscências impressionistas de outra ordem e por outros meios – projeções de imagens dos jardins do sítio de Burle Marx -, e na forma contemporânea da instalação”, completa Paulo Venâncio Filho, no texto.

Sobre o Palácio Gustavo Capanema

Considerado um marco da arquitetura moderna Brasileira, o edifício, hoje sede da Funarte e da Representação Regional do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro, ficou em construção entre 1936 e 1945, e foi entregue em 1947 – foi projetado por uma equipe composta por Lúcio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, com a consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. Além do jardim, o Palácio tem murais externos em azulejos, de Cândido Portinari e murais do artista; pinturas de Alberto Guignard e de Pancetti; além esculturas de Bruno Giorgi.

"Aquarelas vivas" compõem a obra, diz a artista

Sobre Fernanda Junqueira

Artista plástica carioca, atuante desde meados da década de 80, Fernanda Junqueira é graduada em Pintura pela Escola de Belas Artes/UFRJ e pós-graduada no curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-RJ. Frequentou diversos cursos na área teórica de filosofia e arte e cursos práticos, como os da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), do MAM-RJ, e da Escolinha de Arte do Brasil (RJ) – incluindo fotografia e Arte na Educação. Em 2000, recebeu o prêmio do 5º programa de Bolsas do Instituto Municipal de Arte e Cultura do Rio de Janeiro (Rioarte). Sua pesquisa com esculturas de grandes formatos em cerâmica possibilitou experiências que resultaram em exposições individuais em espaços amplos, como a do Paço Imperial (Rio de Janeiro) e a do Centro Cultural Maria Antônia (São Paulo), ambas em 2002 e 2003. Suas principais mostras individuais foram na Galeria MUL.TI.PLO ESPAÇO ARTE (Rio de Janeiro – 2014); na Galeria 90-Arte Contemporânea, em 2005 no Rio de Janeiro; na Valu Ória Galeria de Arte e no Centro Cultural Maria Antônia, ambas em São Paulo (2003); no Paço Imperial e na Galeria Sérgio Porto (Rio, 2002); na Valu Ória Galeria de Arte (São Paulo, 1997); no Centro Cultural São Paulo (1996); na Galeria Macunaíma (Funarte – Rio – 1996); e, em 1985, na Galeria Paulo Cunha e na Galeria de Arte Sesc.

Entre suas principais exposições coletivas estão: Múltiplo + Múltiplo (Galeria Múltiplo Espaço Arte); Projetos IN- Provados (curadoria: Sonia Salcedo), na Caixa Cultural Rio de Janeiro (2010); Ar opaco- variações cariocas, Galeria Amarelonegro Arte Contemporânea – Rio (2009); Cartografias do desejo, no Espaço Bernardes Jacobsen (Rio); Núcleos Contemporâneos (Valu Oria Galeria de Arte – São Paulo – 2004); Quatro Matérias, mostra itinerante ( SESC) e Grande Orlândia (Rio – 2003); Pequenos Formatos, Escritório de Arte Mercedes Viegas – RJ – 2001; Desenho Contemporâneo-Quatro artistas brasileiros (Centro Cultural São Paulo e Caelum Gallery, NY – EUA – 1999) e no Paço Imperial (Rio – 2000); Exposição MercoArte (Mar Del Plata, Argentina, 1999); Gesto Mínimo (curadoria: Luiz Sérgio Oliveira – Galeria de Arte UFF – Niterói – RJ – 1997); Influência Poética (curadoria: Paulo Venâncio Filho – Paço das Artes – Belo Horizonte – MG; e Paço Imperial – Rio), em 1996.

Detalhe da obra/ Fernanda, no processo de criação

Jardins Submersos: um espaço líquido
Fernanda Junqueira

Projeto contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013 – Projéteis Funarte de Artes Visuais Rio de Janeiro

Galeria do Mezanino | Palácio Gustavo Capanema – Funarte
Rua da Imprensa, 16 – Centro –Rio de Janeiro – (21) 2279-8089 | 2279-8078

Inauguração: 31 de julho, das 16h às 20h

Abertura para público: 1º de agosto.
Até 29 de agosto
De segunda a sexta-feira, das 10h às 18h.
Entrada gratuita

Ficha técnica
Concepção, arte, pesquisa e planejamento: Fernanda Junqueira
Produção das peças em PetG: Marplastin. Filmagens e stills: André Sheik. Texto do catálogo: Paulo Venâncio Filho. Design Gráfico do catálogo: Marcos Martins. Fotografia: Wilton Montenegro. Produção da exposição: Endora – Mauro Saraiva & André Fernandes