Jovens artistas participam do sarau ‘Temos Palco’ na Sala Funarte (RJ)

O presidente da Funarte, Guti Fraga abre o sarau. À dir., artistas participantes. Foto: S. Castellano

No dia 2 de setembro, terça-feira, das 18h30 às 20h, a primeira edição do sarau Temos Palco reuniu dezenas de jovens artistas, em apresentações de várias linguagens artísticas, na Sala Funarte Sidney Miller – Centro do Rio de Janeiro. A programação abre caminho para que novos talentos mostrem suas habilidades como artistas de circo, dança, teatro, música, literatura e outras manifestações.

O objetivo é dar voz e espaço a esses jovens, muitos em formação, para que manifestem e desenvolvam sua criatividade e aptidões.

O presidente da Fundação Nacional de Artes  -Funarte, Guti Fraga, idealizador do sarau, abriu o espetáculo, como um “mestre de cerimônias”. A ideia surgiu quando o Ministério da Cultura, a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República e a Funarte realizaram o Curto Circuito da Juventude, em março deste ano, em Brasília, com a presença de jovens de todo o Brasil. O evento teve o objetivo de colher sugestões deles, para incluí-las na elaboração de políticas culturais para a juventude. Guti tinha o desejo de fazer um projeto assim, há muito tempo. Ele sempre quis que em  houvesse jovens atuando na arte e manifestando opiniões, em todo lugar. Mas nunca concretizou essa ideia e, quando soube do encontro, viu a possibilidade da sua realização.  “O próprio jovem é que tem de direcionar a política para a juventude”, comentou o presidente. Desde o evento em Brasília, a Funarte vem se reunindo com jovens do Rio de Janeiro para formatar o projeto. “A rapaziada foi brilhante lá”, destacou. Ele pretende abrir os espaços da Fundação para os jovens, para que estes possam manifestar sua arte, “juntos e misturados”, no mesmo ecletismo que marcou o primeiro sarau. A previsão é que a proposta se expanda para as representações estaduais da instituição.

Com a palavra, os jovens

As atrações duraram cerca de dez minutos cada uma. O tema foi o circo. Os jovens artistas briram o espetáculo com uma perfomance, criando uma pintura coletiva, em papel, feita com o nome do projeto. O trabalho valeu como referência às artes visuais. O show foi aberto com dança de salão, adaptada para cadeira de rodas (entre pessoas com e sem deficiência) e, em seguida, com um monologo teatral poético da atriz Valquíria Santana. Ele foi sucedido pela entrevista do ator e palhaço profissional premiado Márcio Libar. Logo após, o som do funk dominou a sala: subiram ao palco os integrantes do Bonde do Passinho. A seguir, a linguagem teatral foi integrada à música, pelo Grupo Caras Pintadas. Depois foi a vez do grupo de dança afro Studio de Arte Espaço Aberto, da comunidade da Rocinha; da dança com bambolê; e do circo, com um número de malabares de contato. A cantora Sara Bentes encerrou o show. Uma das suas músicas fala sobre a relação com as pessoas com deficiência visual, da qual a artista é portadora. O intérprete de Libras foi Intérprete Jhonatas Narciso. Na plateia, estavam o diretor executivo da Funarte, Reinaldo Veríssimo; o diretor do Centro da Música da Casa, Paulo César Soares e a coordenadora de comunicação da Fundação, Camilla Pereira; e ainda outros servidores, estudantes e profissionais da cultura; além do público externo.

A dupla do Bonde do Passinho, Jeferson Chaves, (o “Cebolinha”), 24 anos, nascido em Madureira e morador da Abolição (subúrbios da Zona Norte carioca) e Yuri Severo (Yuri Mister), 22, de Vila Isabel (bairro da mesma região), falou sobre a experiência no Sarau: “A Dança do Passinho representa uma nova vertente do funk, iniciada em 2004, que hoje conquista o mundo”, expôs Cebolinha. “Esse Sarau é uma porta que se abre para esse estilo. Isso prova que podemos mostrar o Passinho num lugar como esse, um teatro, e fazer isso é uma novidade. Existem poucas oportunidades assim; mas daqui vão surgir outras”, avaliou o dançarino. O grupo, que já se apresentou no Lincoln Center, em Nova York (EUA), já faz shows profissionais e dá aulas.

Bárbara Brasil, 23 anos, apresentou uma dança com bambolê, numa espécie de mistura entre dança e circo. “Desenvolvi isso de forma independente. Como o bambolê voltou à moda, comecei como passatempo. Minha área profissional é o direito. Mas a arte é um grande canal para desenvolvimento pessoal. Participar de eventos como este é um incentivo. Faço performances em festas, mas ainda não dá para viver disso. Quem sabe um dia?”, comentou.

Palhaço premiado comenta a proposta

O entrevistado da noite, Márcio Libar, detentor dos maiores prêmios internacionais da arte da palhaçaria, como o Especial do Cirque Du Soleil e o Nariz de Prata (Mônaco – 2006), foi aluno da Escola Nacional de Circo da Funarte. Conhecido em todo o Brasil e em outros países, escreveu o livro “A Nobre Arte do Palhaço” – referência na área. “Essa iniciativa nada mais é do que o exercício do direito à cultura. Todo cidadão tem direito ao acesso, à expressão e à produção culturais – está na Declaração Universal dos Direitos Humanos”, declarou. “Sendo um direito, é uma obrigação do estado. Por isso, esse projeto é o Estado em pleno exercício do seu dever de abrir seu espaço cultural à utilização do cidadão comum – para que este usufrua do seu direito básico. Portanto, todo mérito ao Guti Fraga, e a qualquer outro gestor de equipamento público que direcione pelo menos uma parte da sua atividade para esse fim”, opinou. O ator foi integrante do Teatro de Anônimo; coordena o projeto Mundo ao Contrário; e é colaborador do Anjos do Picadeiro.

Sarau Temos Palco: um movimento cultural

A proposta do Temos Palco é unir grupos artísticos de diversas áreas e oferecer oportunidade para que mostrem e valorizem suas criações. Além disso, a iniciativa irá promover a troca entre esses artistas, que lutam pelo reconhecimento de suas habilidades; além de incentivar a revelação de talentos e o intercâmbio cultural entre os frequentadores A ideia é que as performances se realizem de forma descontraída e divertida. Outro objetivo do Sarau é permitir aos jovens criar uma identidade com o projeto, o que os motivará a fazer parte desse “movimento cultural”.

A Funarte e o MinC avaliam que o programa tem relevância cultural. As instituições consideram que a ação despertará nos jovens o gosto pela representação artística; e que a oportunidade não só valorizará a participação popular na atividades de cultura, como também colaborará para elevar a autoestima do cidadão, resgatando as culturas locais.

Sarau Temos Palco
Abertura
Terça-feira, 2 de setembro, das 18h às 20h30
Sala Funarte Sidney Miller – Rua da Imprensa, n° 16, Centro, Rio de Janeiro (RJ)

Participantes
Dança de salão: Viviane Macedo (dança para cadeira de rodas) e Rafael Portilho
Teatro – monólogos: Valquíria Santana
Entrevistado: Márcio Libar
Dança funk (Passinho): Cebolinha (Jeferson Oliveira) e Yuri Severo
Teatro e musica integrados: Grupo Caras Pintadas (Anderson Sampaio Martins, Alexis Abraham e Patrícia Thomaz)
Dança afro- Studio de Arte Espaço Aberto Rocinha
Integrantes – Yolanda Demetrio (diretora , coreógrafa e bailarina); Admir Modesto (diretor geral). Bailarinas: Isabela Fontes, Thayná Ferreira, Thayane Freire, Joyce Santos e Beatriz Santos. Assistente de produção: Karina Mendonça
Dança com bambolê: Bárbara Brasil
Circo – Malabares de contato: Anderson Sampaio
Música – cantora: Sara Bentes. Intérprete de Libras: Jhonatas Narciso


Organizadores: Valquíria Santana (produção cultural), Thiago Roderich, Dafne Rodrigues, Marcelo de Moraes, Janaina Mariano e Leila Tupinambá.
Supervisão artística: Fátima Domingues
Programação visual: Fernanda Lemos

Mais informações sobre o projeto

Fundação Nacional de Artes – Funarte
Assessoria Especial da Presidência
Tel.: (21) 2220 3510
Contato: Valquíria Santana