Local de referência para estudantes, pesquisadores e profissionais da área artística, o Centro de Documentação e Informação da Fundação Nacional de Artes (Cedoc/Funarte) realiza um novo programa, que traz jovens da periferia e de comunidades do Estado do Rio de Janeiro para pesquisar e realizar apresentações. É o Ocupa Cedoc que a arte na Rua São José vai navegar.
Na iniciativa, o Cedoc/Funarte, reconhecido por guardar documentação de grande relevância para a memória cultural brasileira, abre as portas da sua biblioteca, a Edmundo Moniz, e de suas outras instalações, de acervo e conservação de documentos, publicações, fotos e vídeos, a grupos artísticos de estudantes de artes, que realizam projetos artísticos e sociais. Eles conhecem as peças, relacionadas às áreas de circo, artes visuais, música, dança, teatro e artes integradas da Biblioteca; fazem um planejamento prévio de temas a serem pesquisados; conhecem todo o prédio da Funarte; estudam o acervo; e participam de um bate-papo com personalidades ou gestores culturais, ligados ao tema escolhido. Ao final do processo, os participantes apresentam um espetáculo (de qualquer uma das linguagens artísticas) na Rua São José – onde fica o Centro de Documentação. “Ela faz parte do Corredor Cultural do Rio de Janeiro, onde estão os espaços culturais e construções do Centro Histórico, como o Paço Imperial e igrejas antigas. É rua de passagem, de grande movimentação de pedestres, com grandes lojas, restaurantes e bares, alguns bem tradicionais, fundados no início do Século XX”, destaca Maristela Rangel, coordenadora do Cedoc.
A Funarte fornece meio de locomoção para os coletivos que precisam (por vezes, por causa da distância). Cada grupo ocupa a Biblioteca por dois meses, uma vez por semana, por três horas, acompanhado de um monitor, ou gestor, integrante da comunidade. Depois de estabelecido o tema da pesquisa, os responsáveis apresentam a proposta de utilização do acervo, em 48h. Os servidores da Funarte preparam o ambiente de acordo com os temas. É destinada uma hora ao Papo com Café – a troca de experiências com os convidados. Para isso, uma das salas é transformada num espaço descontraído, onde os jovens lancham, enquanto conversam com a personalidade da cultura, sobre as experiências artísticas de ambos; e explicam como as realizam.
Objetivos e nuances do Ocupa Cedoc
O programa Ocupa Cedoc que a arte na Rua São José vai navegar é dirigido a jovens e crianças, na faixa entre 10 e 19 anos, estudantes das várias modalidades da arte, reunidos em grupos de cerca de 15 pessoas. O objetivo é difundir o conhecimento ao público infantil e juvenil, a partir dos acervos da Funarte, representativos das diversas linguagens artísticas e da cultura nacional, provocando diálogos entre os grupos e os profissionais convidados e da Funarte. A proposta do Cedoc é, com isso, promover a união de várias vertentes culturais, importantes para a difusão das artes: os coletivos de jovens; o povo nas ruas; e a cultura da conversa descontraída dos cafés e bares cariocas. “Queremos alimentar a alma dos novos artistas da periferia, com o rico material histórico e cultural do Cedoc”, comenta a coordenadora do Centro. “Isso significa disponibilizar esse acervo público, de fato, ao público”, acrescenta. Ela destaca que foi o presidente da Funarte, Guti Fraga, quem estimulou esse direcionamento: oferecer o que à instituição tem à comunidade.
O Ocupa Cedoc… vem atender ao conjunto de políticas públicas direcionadas à “cultura da infância e da juventude”, com base legal no Plano Nacional de Cultura, aprovado 2011 pelo Ministério da Cultura. A iniciativa tem como base a meta 47 do PNC, que diz respeito a esse público-alvo. “Pela primeira vez o Plano traça uma perspectiva para uma política pública voltada especificamente para a juventude”, comenta Maristela Rangel. “A Funarte faz seu papel de cumprir o Plano Nacional, nesse aspecto, estimulando a formação desses jovens. Percebemos que eles encontram vocações, às vezes em áreas diferentes daquelas em que já têm interesse. A qualidade artística e técnica supera expectativas”, comemora.
A interação com a Funarte e os registros das atividades
A Equipe da Biblioteca Edmundo Moniz, do Portal da Funarte na internet e os demais colaboradores da entidade dão aos jovens pesquisadores todo o suporte para sua atuação. A Funarte também tem fornecido e eles ingressos para seus espaços culturais – como a Escola Nacional de Circo – e doado livros editados pela instituição às bibliotecas das comunidades de origem dos grupos.
Estão entre os participantes o Grupo Código, do Município de Japeri, na Baixada Fluminense, e o No Palco da Vida, do Complexo do Alemão – Zona Norte do Rio de Janeiro. Têm sido feitos registros em vídeo das atividades, pelos próprios envolvidos. Acesse aqui o vídeo que registra a participação do No Palco da Vida.
Com essa atividade, a Funarte abre espaço para o incentivo a diferentes públicos ligados às artes – e à parceria com eles – a partir das pesquisas no acervo da Casa. Com projetos como esse, o Cedoc estimula relações entre a prática e a teoria, em todas as diversas expressões de arte, que marcam a identidade cultural do Brasil. “Levaremos em conta as possibilidades e os meios utilizados pelos grupos, a partir da transformação do conhecimento adquirido nessas vivências”, acrescenta Maristela. O Centro deseja que os participantes da ação possam vivenciar as diferentes formas de arte. O Cedoc acredita que a arte propicia uma compreensão profunda das questões sociais e que, por isso, é importante que cada grupo tenha a consciência das experiências que levar consigo, ao final de cada trabalho; e, ainda, que considere a percepção, a imaginação, a sensibilidade e a paixão de cada componente.
Sobre o Cedoc/Funarte
Vinculado ao Centro de Programas Integrados da Funarte, o Centro de Documentação e Informação da entidade conquistou destaque dentre as unidades de informação em arte e cultura do Rio de Janeiro, e mesmo do Brasil, por ser especializado em teatro, fotografia, dança, circo, música, ópera, artes plásticas e gráficas; e por ser considerado importante por pesquisadores desses campos. Além de peças ligadas à produção artística propriamente dita, é acrescentado tudo que é escrito sobre ela, inclusive no plano teórico. São publicações de todos os tipos: pesquisas, registros e reproduções das obras; análises; interpretações; e críticas. Há coleções de imagens, acervo sonoro e audiovisual; e nos chamados “multimeios” – algumas delas muito específicas. São livros, revistas, jornais, textos teatrais, cartazes, partituras, discos, fitas, fotografias, desenhos de cenários e figurinos, programas e convites de espetáculos, recortes de jornais, fitas de vídeo, CDs e CD-Roms, entre outras peças. Esse acervo é atualizado por constantes aquisições e por doações.
O Centro abriga, ainda, importantes coleções de figuras ilustres ligadas às artes no Brasil, como as de Djanira, Roberto Pontual, Brício de Abreu, Walter Pinto, Pernambuco de Oliveira, Maria Della Costa, Fernanda Montenegro, João Ângelo Labanca, Luís Antônio Martinez Corrêa, Edgard da Rocha Miranda e Henrique Oscar, entre outros; além dos conjuntos de obras adquiridos nos últimos anos, como o arquivo fotográfico de Carlos Moskovics (o “Foto Carlos”), a biblioteca de Luís de Lima e o acervo de Fernando Peixoto.
Projeto Ocupa Cedoc que a arte na Rua São José vai navegar
Agosto a dezembro de 2014
Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte/Ministério da Cultura
Presidente: Guti Fraga
Centro de Programas Integrados – direção: Ester Moreira
Centro de Documentação e Informação – coordenação: Maristela Rangel
Biblioteca Edmundo Moniz – responsável: Joelma Ismael
Equipes de Apoio da Funarte: Cedoc, Coordenação-Geral de Planejamento e Administração, Centro Técnico de Artes Cênicas, Assessoria de Comunicação e Portal das Artes
Mais informações: maristela.rangel@funarte.gov.br