Funarte lamenta o falecimento de Inezita Barroso

Inezita Barroso (São Paulo - 4/03/1925 - 8/03/2015)

A Fundação Nacional de Artes – Funarte expressa sua consternação pelo falecimento da cantora, pesquisadora musical, folclorista e apresentadora Inezita Barroso, no domingo, dia 8 de março, aos 90 anos. Inezita era considerada a maior referência da música caipira brasileira. Estava internada no Hospital Sírio-Libanês desde 19 de fevereiro.

Ignez Magdalena Aranha de Lima interpretou músicas como Lampião de gás, Tristeza do Jeca, Luar do sertão, O Menino da porteira, Prenda minha, Marvada Pinga, Meu limão, meu limoeiro, Balaio, Mestiça, Azulão, e mais de mil outras músicas, gravadas em 74 discos – entre vinis, Cds e DVDs.

Inezita Barroso nasceu no bairro da Barra Funda, em São Paulo, capital, mas dizia ter “um coração caipira, recheado de amor pelas tradições populares”. Ela, que completara nove décadas no dia 4 de março, foi uma das maiores pesquisadoras e propagadoras da música caipira, em todos os diversos subgêneros que representam a produção musical do interior brasileiro. Além de cantora e instrumentista consagrada, apresentou, por mais de 30 anos o programa Viola, minha viola, na TV Cultura (SP). Transmitida para várias cidades do país, a atração resgata e preserva a memória do gênero caipira; documenta sua evolução recente; e revela novos talentos.

Uma vida pela cultura caipira

Intérprete, violeira, violonista e arranjadora, Inezita Barroso também era folclorista – Doutora Honoris Causa em Folclore e Arte Digital pela Universidade de Lisboa (Portugal) – atriz e professora. Apesar de ser paulistana e de família tradicional, apaixonou-se muito cedo pela cultura caipira. Começou a cantar aos sete anos de idade. Por essa época, iniciou os estudos de violão. Numa fazenda de parentes, começou a aprender a tocar viola e a cantar composições caipiras, como a Moda da Pinga e a moda-de-viola Boi Amarelinho. Aos oito anos, já se apresentava em recitais de violão. Com nove anos, integrou a Turma de Violeiros do Pequenópolis, da professora Mary Buarque. Aos 11, começou a estudar piano. Cursou Biblioteconomia. Em 1947, casou-se com o advogado Adolfo Barroso. O nome artístico de Ignez foi criado aos 25 anos, quando juntou seu apelido de infância, Inezita, ao sobrenome do marido.De 1982 a 1996, foi professora de Folclore na Universidade de Mogi das Cruzes. A partir de 1983, começou a lecionar na Faculdade Capital de São Paulo. Em 2014, foi eleita para a Academia Paulista de Letras.

O programa Viola, minha viola

Tendo sempre Inezita à frente, o Viola, minha viola é um dos mais antigos programas ainda hoje no ar pela TV brasileira, com mais de 30 anos de transmissão ininterrupta, é considerado por estudiosos e pelo público como uma das principais fontes de registro e divulgação da música caipira. Conforme Inezita dizia, é “um altar da tradicional música de raiz… e se tornou um templo de resistência e de audiência. Com ele, é possível dizer que a música caipira sobrevive, se renova e faz sucesso”.

Pequena homenagem a quem preservou e difundiu a música de raiz

Inezita “Foi uma das maiores cantoras brasileiras, embora sempre mais ligada ao segmento sertanejo do qual era considerada referência máxima”, registra o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Em dezembro de 2014, a defensora da música caipira foi hospitalizada, após cair, dentro da casa em que estava hospedada, em Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Faleceu por insuficiência respiratória aguda. Deixou uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos. O velório, ocorrido na segunda-feira (9) na Assembleia Legislativa de São Paulo, congregou centenas de músicos e artistas, de diversas outras áreas, pesquisadores e autoridades. Uma multidão fãs de todo o Brasil acompanhou o cortejo até o Cemitério Gethsêmani, no Bairro do Morumbi, Zona Sul da capital paulista.

A Funarte presta aqui uma pequena homenagem a essa incansável e corajosa defensora das raízes da música brasileira e da cultura nacional. O trabalho de preservação e difusão artística de Inezita Barroso permanecerá para sempre, como guia para as novas gerações de artistas e pesquisadores.

Inezita participou do Projeto Pixinguinha, realizado pela Funarte, no ano de 1984. O Programa Estúdio F, também da Fundação, entrevistou a artista em 2009. Acesse estes e outros links sobre a artista abaixo:

Acesse aqui o show de Inezita Barroso no Projeto Pixinguinha – 1984

Acesse aqui o Programa Estúdio F com a artista

Acesse aqui a discografia de Inezita Barroso, no Dicionário Cravo Albin da Música popular Brasileira

Acesse aqui a biografia artística de Inezita

Acesse aqui o registro biográfico de Inezita, em seu site oficial

Acesse aqui os vídeos da artista