“No que depender da nossa gestão, as concentrações que marcam a história do Brasil não vão se repetir. Vamos tentar fazer o possível para que as políticas públicas sejam descentralizadas. Estou tentando garantir que os lugares que tradicionalmente não são objeto central na construção das políticas públicas do Brasil passem a ser”, afirmou o presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Francisco Bosco, ao explicar porque escolheu a capital do Ceará, Fortaleza, para iniciar a Caravana das Artes, nesta terça-feira, dia 21.
A cerimônia de abertura da Caravana das Artes foi realizada no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, com a participação do secretário estadual de Cultura do Ceará, Guilherme Sampaio; do secretário municipal de Cultura de Fortaleza, Magela Lima; do presidente do Instituto Dragão do Mar, Paulo Linhares; e do artista plástico Yuri Firmeza, mediados pelo diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Leonardo Lessa.
Francisco Bosco abriu a cerimônia fazendo um convite aos cearenses para participar da construção das políticas públicas para as artes no país, ao identificar gargalos e questões que possam ser aprimoradas e desenvolvidas, a começar pela elevação do entendimento de que a economia das artes pode ser estratégica para o País em um momento de crise e de necessidade de diversificação de suas atividades econômicas.
Bosco defendeu ainda uma pactuação entre União, estados e municípios para o desenvolvimento de política para as artes e a participação social no sentido de pressionar o Congresso Nacional para fazer agilizar a tramitação do projeto que reformula a Lei Rouanet, de financiamento a projetos culturais via renúncia fiscal a empresas que patrocinam as iniciativas. A ideia é quebrar a atual a lógica de concentração de recursos aos estados do Sudeste e viabilizar uma contribuição, de fato, por parte dos empresários, que, atualmente, conseguem, muitas vezes, até 100% do recurso investido de volta.
Os secretários Guilherme Sampaio e Magela Lima também destacaram a ansiedade em participar do processo de construção de políticas específicas para as artes visuais, circo, dança, música, literatura e teatro, a partir das discussões que artistas, produtores e público em geral farão, na parte da tarde, com os articuladores dessas seis linguagens e, que será sistematizado e reunido com as contribuições que virão das caravanas nos demais 25 estados e no Distrito Federal.
“É uma oportunidade histórica, um momento especial para recebê-los. É um momento visto por nós como protagonismo da Funarte, na articulação nacional sobre o debate da política das artes. É o reconhecimento do MinC na construção da política visto que deverá ser reforçado e visto como estratégico pela comunidade cultural. Precisamos colocar energia neste convite feito pela Funarte”, afirmou Sampaio.
Já as participações do presidente do Instituto Dragão do Mar, Paulo Linhares, e do artista plástico cearense Yuri Firmeza apontaram para a questão da dificuldade do artista local de ter formação e continuar trabalhando na região e ainda a dificuldade de dar vazão nacional para a produção cearense. Segundo Firmeza, da geração dele, de 27 artistas plásticos, apenas nove ainda conseguem se manter atuando dentro do estado.
O público pode fazer participações. Houve apelos para que os debates e estudos anteriores sobre as linguagens artísticas fossem levadas em consideração nas discussões setoriais. A questão foi confirmada pelo presidente da Funarte, que garantiu que o papel dos articuladores, e depois dos consultores, terá como base os estudos e discussões já levantados por Colegiados Setoriais e realizados pelo Ministério da Cultura.
Para a produtora cultural Glicia Gadelha, a presença da Caravana no Ceará gera uma esperança para que a realidade dos produtores culturais realmente mudem. “Os editais não dão conta e precisamos de alternativas de melhor escoamento. Eu acho que o processo é este: a gente tem que conversar, planejar. O momento é de ver o que fazer com o que nós pensamos e temos que fazer isso junto ao poder público”, argumentou.
Na mesma linha, Vanéssia Gomes, do grupo Teatro de Caretas e articuladora nacional da rede teatro de rua, acredita que a caravana é uma oportunidade de apresentar as demandas e pautar a Funarte com as necessidades dessas linguagens. “A gente vai conseguir juntos pensar novos caminhos e pensar na consolidação das ações”, afirmou.
Programação
Na tarde de hoje, das 14h às 18h, serão realizadas reuniões setoriais com artistas e produtores culturais conduzidas por articuladores escolhidos pelo MinC, por linguagem: Cacá Machado (música), Jacqueline Medeiros (artes visuais), Júnior Perim (circo), Marcelo Bones (teatro), Rui Moreira (dança) e Sérgio Cohn (literatura).
Cada reunião será em um endereço diferente:
Artes Visuais – Cento Cultural Banco do Nordeste, Rua Conde D’eu, 560, Centro.
Circo – Casa de Juvenal Galeno, Rua General Sampaio, 1128, Centro.
Dança – Vila das Artes, Rua 24 de Maio, 1221, Centro.
Literatura – Espaço Estação, na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, Rua 24 de Maio, 60, Centro.
Música – Museu da Indústria, Rua Dr. João Moreira, 143, Centro.
Teatro – Teatro Carlos Câmara, Rua Senador Pompeu, 454, Centro
Seminário
Ao final da programação da Caravana das Artes, artistas, produtores culturais e o público em geral poderão participar, das 18h às 20h, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, do Seminário “Participação Social na Gestão Cultural”, organizado pela Secretaria de Articulação Institucional do Ministério da Cultura (SAI/MinC), com apoio da Secretaria de Estado da Cultura do Ceará (Secult). Na ocasião, o secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, Vinicius Wu, apresentará a proposta e o calendário do processo eleitoral do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), que passa por renovação para o período de 2015 a 2017.
Fonte: Ascom MinC