Arto Lindsay abre projeto ‘Contemporâneos na Sala Funarte’, no RJ

Luis Filipe de Lima (violão) e Arto Lindsay, no show do cantor, guitarrista e compositor. Foto: S.S. Castellano

No dia 24 de julho sexta-feira, às 19h30, Arto Lindsay fez o show de abertura do projeto Contemporâneos na Sala Funarte, que começa uma ocupação desse tradicional espaço da Fundação Nacional de Artes dedicado à música, no Centro do Rio de Janeiro. A programação reúne alguns dos principais artistas e coletivos ligados à produção autoral e independente do panorama musical brasileiro contemporâneo. Os ingressos têm preços populares.

Com a Sidney Miller praticamente lotada, o cantor, guitarrista, produtor musical e compositor norte-americano radicado no Brasil Arto Lindsay interpretou algumas músicas do seu repertório autoral, como Simply are, (parceria dele Marisa Monte e Davi Moraes), Invoke (com Melvin Gibbs), Illuminated (parceria com Gibbs e Andres Levin), Prize (Lindsay/Gibbs/Levin) e Um por um, do próprio Lindsay. Com seu particular estilo de guitarra, acompanhado por Luis Filipe de Lima – violão – e Marcos Campello (espacialização) o artista ainda agraciou a plateia com obras de outros compositores tais como: Maneiras (Silvio da Silva), Estação derradeira (Chico Buarque), Alegria (Cartola), Este seu olhar (Tom Jobim), Imitação da vida (Batatinha) e Simply beautiful (Al Green).

Arto Lindsay comentou a nova ocupação da Sala Funarte Sidney Miller: “É essencial que a Fundação Nacional de Artes abrigue muitos estilos, e que as apresente como sendo igualmente dignas. Uma organização como a Funarte pode nos ajudar a repensar ‘rótulos’ que muitas vezes nos separam, em vez de nos unir”. O artista disse estar consciente de que, em sua obra, existem encontros entre diferentes gêneros musicais, como o jazz, blues e outras linguagens de matriz norte-americana, com a MPB e os diversos ritmos brasileiros. “Mas sempre digo que não almejo uma fusão. Prefiro a coexistência! Prefiro que o encontro aconteça dentro no ouvinte”, complementou.

Lindsay  falou ainda sua performance em interação com o trabalho dos dois outros participantes do show: “O violonista Luis Filipe de Lima é um virtuoso no seu instrumento, além de produtor e arranjador. Procuramos criar um contraponto inclusivo, que não desmereça a geometria do samba, nem restrinja o uso do som pelo som. A ginga nos ajuda. Já Marcos Campello, que é guitarrista da grande banda de improviso Chinese Cookie Poets, opera nosso sistema quadrafônico. Ele distribui e altera nossos sons. Conhece bem o nossos estilos, sendo ele próprio um excelente improvisador e ótimo guitarrista. Ele cria um terceiro sistema de relaçôes e reações”.

Sobre Arto Lindsay

Bernardo Oliveira, do Quintavant, coletivo que, em julho e agosto, organiza o projeto, juntamente com o Audio Rebel, destaca: “Arto Lindsay participou decisivamente em diversas expressões sonoras e artísticas dos últimos 40 anos”. No final dos anos 1970, Arto formou a Banda DNA, que frequentava a cena “underground” de Manhattan (Nova Iorque – EUA). Em 1978, o grupo foi lançado no projeto No New York, produzido por Brian Eno. No começo da década de 80, Lindsay tornou-se conhecido no circuito musical de Manhattan, como fundador da banda jazzística The Lounge Lizards e do grupo The Golden Palominos; e por produzir faixas para Laurie Anderson e David Byrne – contribuindo artisticamente com o selo norte-americano de “world music” Luaka Bop. Formou o Ambitious Lovers, com o tecladista Peter Scherer. O músico tem uma trajetória marcada pela intensa e frequente colaboração com outros artistas, integrantes de diversos movimentos. Ao longo dos anos, estabeleceu parcerias num espectro muito amplo, que inclui Caetano Veloso, David Byrne, Marisa Monte, Laurie Anderson, Marc Ribot, Cibo Matto, Bill Frisell, Animal Collective, Ryuichi Sakamoto, Krisma, Kip Hanrahan e Arnaldo Antunes, entre outros.

A nova programação da Sala e a próxima atração: Tradição improvisada

A partir do dia 24 de Julho, e até a segunda semana de dezembro, músicos de diversas regiões do país se apresentam na Sala Funarte Sidney Miller, no Centro do Rio de Janeiro, no projeto Contemporâneos na Sala Funarte. Nesta primeira ocupação, coordenada pelos coletivos cariocas Quintavant e Audio Rebel , haverá shows toda sexta-feira, até 14 de agosto, e também na quinta, dia 13, sempre às 19h30, com ingressos a R$ 20.

No dia 31 de julho, sexta-feira, o show Tradição Improvisada reúne Thomas Rohrer, Nelson da Rabeca, Dona Benedita e Panda Gianfratti. Thomas Rohrer é um suíço radicado no Brasil, especializado em improviso livre, mas que acompanha músicos populares, como Juçara Marçal e Marcelo Camelo, entre outros. Nelson da Rabeca é um célebre rabequeiro e luthier autodidata. O espetáculo é fruto da parceria de longa data dos artistas. Acompanhados pela cantora Dona Benedita – parceira de Seu Nelson há mais de cinquenta anos – e pelo percussionista paulistano Panda Gianfratti, um dos grandes nomes do improviso livre brasileiro e mundial, a apresentação traz um vasto e inédito repertório, calcado sobre gêneros típicos do nordeste, como o xote, o baião e o forró.

Segundo Bernardo Oliveira, a programação do Audio Rebel/Quintavant “foi fundamentada nos aspectos mais experimentais da música brasileira contemporânea”. O produtor explica que nessa agenda são reunidas “quatro grandes expressões sonoras”, oriundas de diversas regiões do país. “Essas sonoridades distintas testemunham o momento vigoroso pelo qual passa nossa música de invenção”, conclui.

As salas de música da Funarte: integração

A proposta de ocupação  faz parte do Programa de Integração das Salas Funarte, do Centro da Música da instituição. A iniciativa envolve uma série de projetos, que tem como foco principal a criação e a mediação crítica da música popular e da canção brasileira contemporânea, independente e autoral. Em 2015, o Contemporâneos na Sala Funarte é restrito a grupos do Rio de Janeiro e à sala Sidney Miller. Mas, a partir do ano que vem, se estenderá pelas outras salas Funarte do Brasil, com os respectivos coletivos de artistas dos outros Estados.

Contemporâneos na Sala Funarte

Ocupação Audio Rebel / Quintavant Julho/agosto de 2015

Horário: sempre às 19h30
Ingressos: R$ 20.
Meia-entrada: R$ 10

Agenda – Julho e agosto

24/7– sexta-feira – Arto Lindsay. O músico se apresenta ao lado de Luis Filipe de Lima (violão), e Marcos Campello (espacialização)

31/7– sexta-feira – Tradição Improvisada, com Thomas Rohrer, Nelson da Rabeca, Dona Benedita e Panda Gianfratti

7/8 – sexta-feira – Ava Rocha. Participação especial de Negro Leo

13 e 14/8 – quinta e sexta-feira – Clube da Encruza,com Metá Metá, Passo Torto, Juçara Marçal, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Sambanzo

Acesse aqui a programação completa do projeto e mais informações

Sala Funarte Sidney Miller
Palácio Gustavo Capanema
Rua da Imprensa, nº 16, térreo Centro – Rio de Janeiro (RJ)
Ingressos: R$ 20. Meia-entrada: R$ 10
Horário: sempre às 19h30
Bilheteria: (21) 2279-8087

Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte
Centro da Música
cemus@funarte.gov.br