Realizado pela Fundação Nacional de Artes – através do Centro da Música – o projeto Contemporâneos na Sala Funarte apresenta, na sexta-feira, dia 25 de setembro, às 19h30, um show do grupo Amplexos. Originário do Município de Volta Redonda (RJ), na região Sul Fluminense, o coletivo recebe como convidados o compositor Marcelo Yuka e o rapper Neto, da dupla Síntese, de São José dos Campos. A curadoria do show é do coletivo Leão Etíope do Méier. Os ingressos têm preços populares.
A música negra (funk/reggae/soul/“afrobeat”) é a fonte maior de inspiração da banda. Mas o rock ganha espaço no repertório do show, que lança, no Rio de Janeiro, o disco independente da banda Sendeiro (2015). O grupo conta com o vocal e guitarra de Eduardo Valiante (Guga); o baixo de Flavio Polito; a percussão de Leandro Tolentino; a guitarra de Leandro Vilela; o teclado de Marcelo Henrique (Martché) e a bateria de Mestre André.
Em 2015, o coletivo completa dez anos de trabalho contínuo. A “entrega total e diária” à música, como comentam os artistas, rendeu quatro discos, entre eles o Sendeiro e um single, Jerusalem (2014); e ainda participações em coletâneas como a Novíssima Música Brasileira –The Brazilian 10’s Generation, ao lado de bandas como Abayomy Orquestra e Burro Morto; publicada por uma gravadora inglesa (acesse link ao final da matéria).
As letras do Amplexos têm como característica uma mensagem de fé transcultural e de não conformismo; e de busca pela transformação humana a partir do autoconhecimento e da “iluminação espiritual”. O conjunto encara a música como uma “missão para despertar a consciência das pessoas”.
Sendeiro (2015), com seis faixas autorais, foi produzido pela própria banda, tendo como técnico de gravação Buguinha Dub (que já colaborou em discos do Nação Zumbi, Mundo Livre, Cidadão Instigado e Lucas Santtana). O trabalho conta com a participação de Oghene Kologbo – guitarrista nigeriano que gravou mais de 30 discos com Fela Kuti, da formação original do Africa 70, cantor considerado o precursor do “afrobeat”, com sua guitarra tenor, típico e genuíno som do estilo.
O trecho de Travessia, canção que encerra o novo disco do conjunto, é uma tradução poética do momento dos músicos “Se o álbum anterior era um disco de remixes ‘dub’, repleto de efeitos de eco e reverb, Sendeiro é mais cru e mostra uma banda entrosada e quente”, dizem os músicos. O rock aparece em faixas como Tecnologia (acesse o site do grupo ao final).
Uma proposta: música como fator de progresso espiritual
“Em algumas escolas de religião ou filosofia esotérica, ‘sendeiro’ e ‘senda’ são palavras usadas para designar um suposto percurso de progresso espiritual do homem que aspira à iluminação, à união com o divino ou a alguma espécie de iniciação espiritual”, explicam os artistas. Eles acrescentam que a palavra também é utilizada para designar um “cavalo de carga”. Nesse repertório, os músicos utilizam letras mais diretas, direcionadas à busca de ampliar o alcance de sua mensagem.
Buguinha Dub, produtor que já havia mixado o disco anterior da banda, A Música da alma, dessa vez comandou as gravações, feitas ao vivo em apenas um dia, com todos os músicos tocando juntos.
Sobre Marcelo Yuka – um “homem-arte”
Marcelo Yuka notabilizou-se como um dos principais letristas da música brasileira dos anos 90. Como baterista e letrista da banda O Rappa, ficou conhecido por alargar os limites da música pop, fazendo a banda ser mais reconhecida pelas suas mensagens e conceito do que por suas melodias e ritmos. Mensagem, conteúdo e um grande poder de comunicação. Essas são as características de sucessos como: Me deixa, Minha alma, Instinto coletivo e Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, entre outros. Com O Rappa Yuka alargou as fronteiras no pop. O clipe de “Minha Alma”, em que a banda mal aparece faturou diversos prêmios.
Junto com sua verve poética e musical nunca faltaram grandes doses de ativismo social a Yuka. Ele sempre foi elogiado por saber misturar poesia e política. E se apresenta como “um cidadão consciente do mundo que vive e… sonha”. Atuou junto com o Afrorregae na criação e promoção da Federação de Órgãos para Assistência e Educação do Rio de Janeiro (FASE); é fundador da Frente Urbana de Trabalhos Organizados (Furto) e da Brigada Organizada de Cultura Ativista (BOCA) – ONG direcionada a levar atividades culturais para entidades carcerárias. Além da música, Marcelo faz TV, uma biografia e é artista plástico. Por isso, se define como um “homem-arte”. Também é convidado para palestras e debates, em organizações públicas e privadas, e instituições de ensino em várias cidades do país.
Sobre o Síntese
Reconhecidos e elogiados como dupla de rap, pelo disco Sem cortesia (2012), e pelo vídeo da faixa 4:20, Neto e Leo formam o Síntese. Com bases em baixa fidelidade (“lo-fi”, faixas curtas, quase nenhum refrão, e versos como “matar por um Nike, morrer de chinelo”, os artistas conquistaram uma legião de fãs. O álbum duplo Vagando na Babilônia e Em Busca da Canaã, com 28 faixas, mistura teologia, influências de reggae e de MPB. As letras mostram “um mundo de opressão”, em faixas curtas, quase sempre sem refrão.
Em 2013, Neto assumiu a parte do rap na dupla, enquanto seu parceiro passou a cuidar das trilhas “mais espirituais” do duo; e lançou o single Interno.
Sobre o Contemporâneos na Sala Funarte
No projeto de Ocupação da Sala Funarte Sidney Miller em 2015, o espaço recebe ao todo seis coletivos, que ficarão responsáveis pela programação de cinco shows cada um, até a segunda semana de dezembro – sempre às quintas e sextas-feiras (conforme a ocupação), às 19h30. Além do Chama, participam da série os grupos: Audio Rebel/Quintavant, Etnohaus, Norte Comum, Leão Etíope do Meier e Banda Desenhada. Selecionados pelo Centro da Música da Funarte, eles apresentam perspectivas estéticas e concepções musicais as mais distintas, mas que expressam tendências representativas da música brasileira contemporânea.
Sendeiro
Show de lançamento do álbum da Banda Amplexos (Volta Redonda – RJ)
Convidados: Marcelo Yuka e Síntese (Neto)
Dia 25 de setembro de 2015, sexta-feira, às 19h30
Ingressos: R$ 20. Meia-entrada: R$ 10
Curadoria: coletivo Leão Etíope do Meier
https://www.facebook.com/leaoetiopedomeier
O Álbum Sendeiro foi gravado no Estúdio Casa (Município de Volta Redonda)
Mais informações
Amplexos (com acesso às músicas do grupo)