A Fundação Nacional de Artes – Funarte lamenta a morte de Tunga, um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira, ocorrida nesta segunda-feira (06/06), no Rio de Janeiro. Pernambucano, nascido em Palmares, ele tinha 64 anos e morava no Rio desde a década de 70. Formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, em 1974, desde a juventude já fazia desenhos e esculturas. Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, seu nome de batismo, era filho do poeta e escritor Gerardo de Mello Mourão.
Contemporâneo de outros nomes importantes das artes visuais brasileiras como Cildo Meireles e Waltércio Caldas, em sua obra singular, Tunga utilizava correntes, lâmpadas, fios elétricos e materiais isolantes, como o feltro e a borracha, sempre buscando as relações entre os diferentes materiais. Alguns de seus trabalhos remetem à arqueologia ou às ciências naturais. Cabelos, tacapes, ímãs, tranças, ossos, crânios, dedais, agulhas e bengalas gigantes, redes, dentes, recipientes de vidro e líquidos viscosos podem ser encontrados em suas criações. Para produzir suas peças tridimensionais e instalações, Tunga investigou áreas do conhecimento como literatura, filosofia, psicanálise e teatro, além de disciplinas das ciências exatas e biológicas.
Sua primeira exposição, composta por 50 imagens figurativas com temas ousados, foi a série Museu da Masturbação Infantil (1974), no Museu de Arte Moderna, no Rio, aos 22 anos, já mostrando que o erotismo estaria presente em sua obra. O artista não se restringiu ao desenho, à escultura e à instalação; ousou também em filme, vídeo, áudio e performance. Nessas experimentações, teve as parcerias do artista Arthur Omar, do cineasta Eryk Rocha e do músico e poeta Arnaldo Antunes.
O Instituto Inhotim – complexo museológico em Brumadinho (MG) – abriga algumas das obras mais importantes de Tunga. A Bela e a Fera (2001); Deleite (1999); Lézart (1989); Palíndromo Incesto (1990); True Rouge (1997); Untitled (da Série Vanguarda Viperina – 1983) e Âo (1980) integram o acervo do Inhotim, do qual o artista foi um dos inspiradores. Lá, em 2012, Tunga inaugurou a Galeria Psicoativa, um espaço de 2.600 metros quadrados para algumas de suas esculturas.