‘BlackBird’, do escocês David Harrower chega ao Teatro Dulcina, no Rio

'Blackbird' - Foto: Thiago Ristow

O Teatro Dulcina, na Cinelândia, Centro do Rio, recebe, a partir de 2 de março, a montagem BlackBird. Sob a direção de Bruce Gomlevsky, o espetáculo é baseado em um caso verídico de pedofilia escrito pelo escocês David Harrower, considerado um dos mais importantes autores da atualidade. BlackBird discute o tema baseado na percepção e ampliação do significado de ética, moral e tabu, não se limitando apenas a uma discussão simplista de abuso sexual. Estão no elenco Viviani Rayes, Yashar Zambuzzi e Nínive Kienteca. A peça fica em cartaz até o dia 2 de abril, com ingressos a preços populares de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). As apresentações acontecem de quarta a domingo, sempre às 19h.

O enredo de Blackbird circula pela história de Ray, um homem de 56 anos, e uma jovem de 27, chamada Una. Eles tiveram um envolvimento amoroso, quando ela tinha apenas 12 anos de idade e ele, 41. Em seu local de trabalho, Ray fica chocado ao ser visitado por Una. Fica evidente o desconforto entre ambos, e o motivo vem à tona: quinze anos antes, os dois tiveram um relacionamento que durou três meses, mas que, ao ser descoberto, Ray fora condenado por pedofilia.

'Blackbird' - Foto: Victor Damasceno

Ao cumprir sua pena, Ray muda de cidade e de nome e consegue se estabelecer em uma nova vida razoavelmente bem-sucedida. Entretanto, Una ao reconhecê-lo em uma fotografia de uma revista especializada, busca descobrir seu endereço para ir ao seu encontro. Ray a conduz ao refeitório da empresa, onde os dois se envolvem em um confronto longo e difícil que provoca contínuas lutas e necessidades para se entenderem e entrarem em acordo com suas emoções intensamente conflitantes.

Segundo a direção do espetáculo, a todo o momento se vê casos semelhantes serem noticiados pelos meios de comunicação, mobilizando iniciativas governamentais e não governamentais no combate e solução do problema. Entretanto, algumas mídias divulgam e exploram a pedofilia de maneira sensacionalista, e essa é a grande diferença de BlackBird, que não aborda o tema com tal característica, e sim pretende debater o assunto, não se limitando apenas a uma discussão simplista de abuso sexual. Um drama que discute sobre as consequências a longo prazo da violência sexual, o amor entre pessoas de idades diferentes, os instintos sexuais versus os padrões éticos e morais que temos em nossa sociedade.

Breve histórico sobre o escritor, a peça e o texto de BlackBird

David Harrower é considerado pela crítica do Reino Unido como um dos mais importantes escritores da atualidade. A montagem foi vencedora dos prêmios de Melhor Peça Revelação no Festival Internacional de Edimburgo (2005); do Prêmio Laurence Olivier, de Melhor Peça (2007) e do Prêmio L.A Drama Critics Circle Award (2011). Recentemente, os atores Jeff Daniels e Michelle Williams encenaram a montagem na Broadway e foram indicados ao Prêmio Tony Awards, como Melhor Ator e Melhor Atriz.

O texto tem a força de desafiar o público a expandir a sua definição de amor como também interrogar os limites éticos e morais. Qualquer um que já tenha vivido um relacionamento e esse amor foi interrompido, como um casamento que terminou em divórcio amargo, entenderá o desafio dos personagens, através dos segredos e autoenganos, tentando compreender o passado para que eles possam seguir em frente.

“Eu tenho consciência de que estamos diante de um terreno minado e perigoso, pois todos nós sabemos que esse tipo de relacionamento não deve acontecer. Mas foi muito importante para mim deixar esses dois personagens numa sala, juntos e sozinhos, para dizer qualquer coisa que quisessem um ao outro, sem censurá-los. E eles podem e têm esse direito. Porque são as duas únicas pessoas que sabiam exatamente como se sentiam e o que eles de fato queriam”, explica David Harrower ao ser questionado sobre o quê a peça retratava.

Serviço:

Espetáculo BlackBird, de David Harrower

Gênero: drama
Temporada: 2 de março a 2 de abril
Dias e horários: de quarta a domingo, sempre às 19h
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

Local: Teatro Dulcina – Rua Alcindo Guanabara, 17, Centro – Rio de Janeiro – RJ

Ficha Técnica:
Elenco: Viviani Rayes, Yashar Zambuzzi e Nínive Kienteca
Texto: David Harrower
Direção: Bruce Gomlevsky
Tradução: Alexandre J. Negreiros
Direção de Produção: Viviani Rayes
Produção Executiva: Yashar Zambuzzi
Cenário: Pati Faedo
Figurinos: Ticiana Passos
Iluminação: Elisa Tandeta
Trilha Original: Marcelo Alonso Neves