Funarte relança Projeto Pixinguinha em noite de tributo ao músico

Antonio Pitanga, Mariene de Castro, Nelson Sargento, Marcos Souza, Haroldo Costa, Armandinho e Dadi Carvalho. Crianças: Bento e Pedro, filhos de Mariene. Foto: Diego Mendes

A Fundação Nacional de Artes – Funarte e o Ministério da Cultura apresentaram, no dia 26 de abril, quarta-feira, o novo Projeto Pixinguinha. O anúncio foi realizado no Teatro Dulcina – espaço da entidade no Rio de Janeiro –, com apresentação, para convidados, de Moraes Moreira e o grupo A Cor do Som, entre outras atrações a noite rememorou o show histórico que os dois fizeram, em 1978, pelo Projeto, que marca os 40 anos da iniciativa da Funarte.

“Hoje vamos apresentar uma pequena mostra do que desejamos que aconteça: artistas consagrados e novos talentos levando qualidade musical pelo Brasil”, disse o presidente da Funarte, Stepan Nercessian. Destacados artistas, e acadêmicos da música e de outras linguagens artísticas estavam presentes, como Nelson Sargento. “Tudo que é bom, pode parar um tempo, mas volta”, considerou o cantor, compositor e pesquisador. “Fiz três vezes o projeto. Uma temporada que me marcou foi a de 1983, com Beth Carvalho e o Grupo Fundo de Quintal, este começando a carreira! Em 2004, fiz outra, com Áurea Martins, Arismar do Espírito Santo, Chiko Queiroga & Antonio Rogério [Sergipe] e outros. É sensacional essa volta do Pixinguinha! Os músicos locais faziam sempre a primeira parte do show. Isso era muito importante. Assim, o projeto revelou novos talentos, de vários estilos musicais. Que bom que está de volta!”.

Entre os presentes estavam ainda: Jaluza Barcellos, Mariane de Castro, Antônio Pitanga, Toninho Gerais, Haroldo Costa e Nilze Carvalho, entre outros artistas, professores e pesquisadores de música, numa platéia repleta.

Moraes Moreira e Armandinho no Dulcina. Foto: Diego Mendes

Moraes Moreira: “O que é bom tem que voltar”

O cantor e compositor Moraes Moreira afirmou: “O Pixinguinha é um dos melhores projetos culturais já realizados. Todos sentem muitas saudades dele! Ele foi muito importante para minha carreira e para a de muitos outros músicos e deve, sim, continuar! O que é bom tem que voltar. Essa nova versão vai levar shows para cidades do interior e isso é fundamental. Contem com meu apoio. Com esse suporte dos músicos brasileiros, vamos conseguir”.

Depois de cantar sucessos seus como Davilicença, Lá vem o Brasil descendo a Ladeira (com Pepeu Gomes), Besta é tu, (com Pepeu e Galvão) e, dos Novos Baianos, Preta, pretinha, entre outros. Moraes Moreira lembrou que seu primeiro parceiro quando ele saiu do grupo Os Novos Baianos foi Armandinho, guitarrista e cantor do conjunto A Cor do Som. “E gravei com ele meu primeiro disco solo”.

O evento teve um emocionante tom de tributo aos 120 anos do nascimento de Pixinguinha. Karen Mesquita e Cícero Gomes – do corpo de primeiros bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, realizaram uma coreografia, ao som de Carinhoso, criada especialmente por Regina Sauer para a mais famosa obra do homenageado – composta entre 1916 e 1917, com letra de Braguinha – . A atriz e cantora Zezé Motta, mestre de cerimônias da cerimônia, apresentou a nova versão do projeto. Ela abriu a programação homenageando todos os artistas, na pessoa de Pixinguinha: “Alfredo da Rocha Vianna Filho… Mestre no maxixe, no samba, na valsa e no choro! Santo Pixinguinha, das magias do sax e da flauta…”, lembrou. “Quarenta anos do Pixinguinha! Que projeto maravilhoso… “Tenho certeza que estamos todos muito emocionados com a volta deste projeto, que revelou tantos talentos… Hoje a Funarte o faz renascer, numa nova fase, a percorrer o Brasil… Com músicos de todas as regiões…”, disse Zezé Motta.

A atriz e cantora Zeze Motta interpreta texto que homenageia Pixinguinha e anuncia o novo projeto. Foto Diego Mendes

Shows nas cinco regiões do país

A atriz explicou que a programação de espetáculos do novo formato ocorrerá entre os meses de maio e novembro de 2017. E que serão, no total, 60 espetáculos, distribuídos por 60 cidades das cinco regiões do país, realizados por 15 duplas de artistas. “Elas vão reunir um músico renomado e um mais novo – este associado à região onde os espetáculos vão acontecer – . Cada dupla apresentará quatro espetáculos, em quatro cidades, em uma região determinada. Os artistas serão selecionados por uma comissão de curadoria”, anunciou Zezé Motta – que também cantou músicas como Minha missão, de Mariene de Castro.

Curadores de vários estados, com visão regional e nacional

Todos os integrantes a comissão de curadoria estavam presentes na plateia. Vindos de vários estados, eles vieram ao Rio para a primeira reunião do grupo, na sede da Funarte, com o diretor do Centro da Música da casa (setor responsável pelo projeto), o gestor cultural, músico e produtor Marcos Souza. “A comissão de curadores reúne-se novamente na semana que vem, quando estabelecerá os encontros musicais das turnês. Cada curador traz informações muito interessantes de cada região. Com eles, a Funarte tem a legitimidade de mostrar a diversidade da música brasileira de hoje, com artistas consagrados nacionalmente, com carreira sólida, reunidos a novos nomes, que fazem trabalhos regionais importantes, mas ainda pouco conhecidos – porém que, com o Pixinguinha, poderão circular e ser divulgados em outros locais –; ou ainda, com músicos esquecidos neste momento; e que podem ter seu trabalho revigorado. Essa fórmula original do projeto será, contudo desenvolvida, no formato novo, com, por exemplo, caravanas em cidades do interior.

“Os curadores são jornalistas e pesquisadores que escrevem sobre música há muitos anos, tão atentos ao que acontece em sua região quanto ao que é feito em todo o Brasil. Isso é que é mais bacana! E há uma grande troca de informações entre eles”, avaliou Marcos Souza. A comissão conta com os seguintes nomes o pesquisador musical e jornalista pernambucano José Teles; o músico e professor acadêmico Roberto Correia, de Brasília; e ainda os jornalistas e críticos musicais Antonio Carlos Miguel, do Rio de Janeiro, e Juarez Fonseca, do Rio Grande do Sul; além do músico paraense Pio Lobato.

Armandinho, do A Cor do Som disse que o Projeto Pixinguinha alavancou sua carreira e a do grupo, a partir do final dos anos 70. “Ele levou a gente para todo o Brasil. Foi maravilhoso”, emocionou-se, ao lembrar dos shows do conjunto com Johnny Alf, o Trio Elétrico Dodô e Osmar. Foi muito importante para nós, pois foi a ascensão da música pop brasileira”. E recordou que a primeira caravana do conjunto com Moraes Moreira no Projeto Pixinguinha foi no Teatro Dulcina.

Vídeo sobre Pixinguinha e show do Sertanília

Na abertura do evento, foi projetado um vídeo em homenagem aos 120 anos de Pixinguinha (completados no dia 23 de abril, domingo). No pequeno documentário, especialmente produzido pelo Canal Funarte (no link abaixo), artistas, produtores musicais e outras personalidades falam sobre a importância da obra do compositor de Lamentos.

Depois da apresentação de Zezé Motta, e do balé, o jovem grupo baiano Sertanília de Salvador (BA), abriu o show. Fortemente aplaudido, o conjunto apresentou repertório próprio, que resgata a tradição “sertaneza” (tudo que é inerente ao sertão). O neologismo (do músico Elomar Figueira Mello) foi criado para se diferenciar o estilo do “sertanejo” – este, para o grupo, “foi perdendo o real significado e se distanciando do universo do sertão”, a qual o “sertanezo” vem manter. O Sertanília apresentou suamúsica com proposta universal, inspirada no coco e nos maracatus, sambada, ternos de reis e outras manifestações do sertão. Formado em 2010 e em seu segundo CD o grupo levou ao palco o vocal de Aiace, acompanhado por violão, bandolim e viola, violoncelo e percussão, com quatro músicos, mas o naipe completo reúne sete (mais informações abaixo).

Também estiveram presentes servidores e colaboradores da Funarte, como seu diretor executivo, Reinaldo Veríssimo; os diretores: do Centro de Artes Cênicas, Ginaldo Viana de Souza; do Centro de Artes Visuais, Xico Chaves; do Centro de Programas Integrados, Maristela Rangel; a coordenadora de Bandas de Música, Rosana Lemos; o coordenador-geral de planejamento e administração, Paulo Grijó Gualberto; a coordenadora de comunicação, Camilla Pereira; a assessora do Gabinete da Presidência, Ana Amélia Velloso; e o ex-presidente e servidor aposentado da Casa, Humberto Braga, produtor teatral; entre outros representantes dos vários setores da Fundação.

Projeto Pixinguinha: música de qualidade atravessando o Brasil

O projeto Pixinguinha foi lançado em 1977, mesmo ano de fundação da Funarte, inspirado na série de shows Seis e Meia (que, desde 1976 lotava o Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro, com espetáculos às 18h30 e ingressos a preços populares). Por meio da iniciativa, diversas cidades brasileiras puderam assistir a grandes artistas da música popular, como os veteranos Cartola, Jackson do Pandeiro e Marlene, os então iniciantes Marina Lima, Djavan e Zizi Possi e ainda Edu Lobo, João Bosco, Nara Leão, Paulinho da Viola, Alceu Valença e muitos outros.

Projeto Pixinguinha 2017

Realização
Fundação Nacional de Artes – Funarte
Ministério da Cultura (MinC)

Conheça aqui um pouco mais da história do Projeto Pixinguinha

Acesse aqui entrevista com o presidente da Funarte, Stepan Nercessian sobre o programa

Assista ao vídeo com homenagem da Funarte aos 120 anos do músico Pixinguinha aqui

Conheça o conjunto Sertanília, em vídeos no Youtube, e no site http://www.sertan ilia.com.br