A peça infantojuvenil O Cão que Sonhava Lobos estreia no dia 1º de julho, sábado, às 16h, no Teatro Glauce Rocha. O solo musical, com texto e atuação de Samir Murad e direção de Marcelo Morato, é uma fábula contemporânea para crianças de todas as idades que conta, por meio de trabalho corporal, cantigas e instrumentos de percussão artesanais, a história da origem do cão, sua relação com seu antepassado – o lobo – e a fascinante parceria com o homem, que tem o cão como o seu melhor amigo.
A ação se desenrola na forma de um “causo” narrado por um cão, que carrega dentro de si as contradições do instinto selvagem herdado dos lobos e da domesticação adquirida como ferramenta para sobreviver.
“(…) achamos mais do que justo e oportuno homenagear o cão, um animal que se tornou praticamente uma extensão da família, ao mesmo tempo em que tentamos alertar para algumas injustiças e violências que lhe são imputadas. Nos valemos também desse animal, sempre associado à generosidade, à fidelidade, à justiça, entre outros atributos positivos, para ressaltar a necessidade de resgatar essas qualidades em um momento em que elas nos parecem pouco efetivas nas relações humanas”, conta Samir Murad, ator e autor do texto.
O Cão que Sonhava Lobos narra a saga de Lobobão, cãozinho que é expulso de casa por seu dono por ter salvado um lobo. Depois de muito caminhar pelo mundo tentando entender seu destino, ele encontra um lobo misterioso, que irá lhe revelar sua verdadeira origem e missão na Terra, mostrando que cães e lobos não são tão diferentes como o Lobobão imagina.
A Montagem
Samir Murad, ator experiente no manejo das técnicas do teatro contemporâneo a partir de pesquisas e referências nos ensinamentos de Eugenio Barba, Jerzy Grotowski (1933-1999) e Peter Brook, investe no teatro artesanal, em que o ator dialoga com o próprio corpo e com os objetos, fazendo com que todos os elementos se transformem em extensão de si mesmo, estimulando o olhar da criança para o aspecto lúdico da narrativa. Assim, Samir dá vida a outros personagens que cruzam o caminho do cãozinho e ressignifica os objetos de cena, transformando longos panos em seres, elementos cênicos em instrumentos, instrumentos em outros objetos.
O ator canta canções especialmente compostas para o espetáculo, e toca em cena sapinho, reco-reco, guizos, caxixi, prato, apitos, sino, pandeireta sem pele, claves, xilofone e derbake pequeno.
“Os instrumentos de percussão são os primeiros da história da música, vêm desde os tempos da caverna. Na peça, a utilização deles se dá em consonância com a pesquisa de linguagem que se vale também de alguns recursos mais essenciais e artesanais do teatro, sendo muito utilizados no teatro oriental, que é uma das nossas fontes principais de inspiração. Como se trata de uma narração épica, os personagens se utilizam dos instrumentos para colorir as ações físicas da narrativa, instigando a imaginação do espectador. Por exemplo, ao falar: ‘Em uma noite de lua cheia’… (e tocar um apito), o som deve levar o espectador a imaginar sua própria noite de lua”, explica Samir.
Sobre Samir Murad
Ator, autor, diretor, dublador e professor da faculdade CAL de Artes Cênicas, Samir Murad é formado pela UNI-Rio como ator e professor, com pós-graduação na UFRJ sob a direção de Aderbal Freire, com mestrado pela UNI-RIO. No teatro, trabalhou com Augusto Boal, Moacyr Góes, Sidnei Cruz, Sérgio Britto, Bibi Ferreira, Paulo de Moraes, Miguel Falabella, Jacqueline Laurence, Gustavo Paso, Bruce Gomlevsky, Sergio Módena, Walter Daguerre, entre outros.
Seus trabalhos teatrais mais recentes foram O Gato de Botas; A Moringa Quebrada; Noel, O Feitiço da Vila; Variações Freudianas; A Revista do Olimpo; O Anti-Nelson Rodrigues e Carmen de Cervantes. Dentre os seus trabalhos no cinema, os mais recentes são: Os Caras de Pau 2; Heleno; Tim Maia; Um Outro Olhar, entre outras produções estrangeiras e curtas nacionais. Na televisão, fez participações em novelas e minisséries, dentre elas Boogie-Oogie; Além do Horizonte; Amor à Vida; Pecado Mortal; Fina Estampa; Malhação, na TV Globo e Vidas em Jogo; Milagres de Jesus; Máscaras; Os Dez mandamentos; Vitória; na TV Record. Como dublador, trabalhou em filmes, seriados e animações, tais como Lost; Os Smurfs; Phineas e Ferb entre outros.
Há dez anos, formou o grupo Cambaleei, mas não caí…, que desenvolve um trabalho de pesquisa de linguagem que tem, em Antonin Artaud, a sua principal referência. Está há dez anos em cena com o solo performático Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud, que foi, segundo o jornal O Globo, um dos dez melhores espetáculos de 2001. A peça vem excursionando pelo país, estabelecendo intercâmbio com grupos de outros estados, através de apresentações, oficinas e palestras. O espetáculo participou do circuito Palco Giratório do SESC em 2003 e integra as matérias do livro A Teatralidade do Humano e da Revista de Teatro Folhetim.
Em 2008, encenou o seu segundo solo, Édipo e Seus Duplos (ou porque dois é igual a três) que, após cumprir várias temporadas e viagens pelo circuito SESC RJ, sempre acompanhado de palestras e oficinas, foi publicado em livro pela Editora Giostri, assim como seu texto infantojuvenil Além da lenda do Minotauro, também já encenado no Rio.
Ficha Técnica:
Texto e Atuação: Samir Murad
Direção: Marcelo Morato
Cenografia e Programação Visual: Adriano Ferreira
Figurino: Mauro Leite
Músicas: Charles Kahn, Pedro Costa e Samir Murad
Trilha Sonora: Pedro Costa
Desenho de Movimento: Luciana Bicalho
Preparação Vocal: Sonia Dumont
Desenho de Luz: Daniela Sanchez e Katia Barreto
Vozes em off: Rita Lopes, Pamela Rodrigues e Samir Murad
Maquiagem: Mauro Leite
Fotos: Renato Mangolin
Comunicação e Marketing: Gledson Mercês
Operador de Luz: Katia Barreto
Operador de Som: Magno Myllher
Costureira: Maria de Jesus
Produção Executiva: Wagner Uchoa
Realização: Cia Teatral Cambaleei, Mas Não Caí…
Serviço:
O Cão que Sonhava Lobos
De 1º a 30 de julho
Sábado e domingo, às 16h
Ingressos: R$20 e R$10 (meia)
Local: Teatro Glauce Rocha
Av. Rio Branco, 179, Centro – Rio de Janeiro (RJ)
(21) 2220-0259