“Desejo, esforço e dedicação”, com essas palavras o presidente da Fundação Nacional de Artes – Funarte, Stepan Nercessian, explicou como foi possível dar início à segunda turma do Curso Técnico em Artes Circenses da Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha, em parceria com o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). A Aula Inaugural da Turma 2017/2019 foi realizada na ENC nessa segunda-feira, dia 11, e, além de Stepan, contou com a presença do diretor da Escola, Carlos Vianna, da professora Suéle Maria de Lima, coordenadora pedagógica do Curso Técnico pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), de Junior Perim, dono do Circo Crescer e Viver, dos professores e dos novos alunos.
Stepan Nercessian ressaltou que, no momento de crise econômica pela qual o país passa, a Fundação empenhou esforços para que esse projeto pudesse ter continuidade e oferecer com a mesma qualidade de sempre o curso neste biênio. “Mesmo em momentos de crise, algumas coisas são fundamentais, como a educação, que é para modificar a vida das pessoas”, destacou.
A nova turma conta com 60 alunos de 11 estados do Brasil, além do Distrito Federal. A ENC também recebe para este biênio alunos da Colômbia, Argentina, Venezuela, Equador e da Itália. O objetivo da Aula Inaugural foi promover a interação entre a Escola e os novos alunos, apresentando o curso, bem como as regras e procedimentos internos da escola aos novos alunos, além de promover a interação entre os instrutores circenses e a nova turma.
Carlos Vianna salientou a importância de iniciar a segunda turma do curso com certificação do Ministério da Educação. “Tivemos todo apoio do presidente da Funarte, Stepan Nercessian, e do diretor-executivo, Reinaldo Verissimo, para que, mesmo nesse cenário de crise, pudéssemos dar continuidade a esse projeto, mantendo o foco na preservação da tradição circense, na inovação, na criação de novas possibilidades e no apoio a novos artistas que estão surgindo no Brasil”, afirmou.
O diretor da ENC também disse que está previsto este mês o lançamento de chamamento público para mais uma edição do Laboratório ENC, voltado para artistas profissionais. O programa compreende atividades de ocupação, monitoria, residências artísticas e intercâmbio.
Para a coordenadora Suéle Lima, “a expectativa agora é conseguir unir alunos e professores de Produção Cultural com os do Curso Técnico em Artes Circenses, para que possa haver uma parceria, já que uma das disciplinas daquele curso é Empreendedorismo. A professora contou, ainda, que até agora cerca de 50% dos alunos formados na primeira turma já deram entrada no pedido de certificado de conclusão. Isso, segundo ela, mostra que a certificação também está sendo considerada importante.
Na opinião de Patrícia Kostocki, 25, formada na primeira turma do Curso Técnico em Artes Circenses, o programa veio para mudar a visão marginalizada que se tem do artista circense hoje no Brasil. Recém-chegada de uma temporada na Europa, Patrícia volta à ENC para mais um período de treinamento, juntamente com seu parceiro de picadeiro Welyton Renan, 26, também ex-aluno do Curso Técnico, ela considera importante ter participado do primeiro curso do gênero oficializado pelo Ministério da Cultura. Juntos eles apresentam trapézio duplo, mão a mão, malabares e faixa duplo. “Hoje é muito difícil encontrar um curso de circo gratuito, reconhecido pelo MEC, com toda esta infraestrutura e ainda com uma bolsa, que facilita muito o acesso às artes circenses. Pra mim, foi muito gratificante poder ter contato e poder aprender com os professores daqui, que têm tanta experiência”, disse o artista.
Após a abertura, os alunos assistiram à conferência com Junior Perim, dono do Circo Crescer e Viver. O tema foi “Reflexão sobre os novos caminhos do circo na contemporaneidade”. Perim traçou uma retrospectiva da história do circo no Brasil e no mundo, contando casos e curiosidades de grandes artistas-empresários do entretenimento, como Orlando Orfei e Benjamin de Oliveira (este mais conhecido como o primeiro palhaço negro do Brasil). Perim falou sobre novas organizações de trabalho e até de tecnologia e instigava a todo instante os alunos a pensarem em criar algo novo e reinventar a arte circense no Brasil.
Sobre o Curso
O Curso Técnico em Artes Circenses da Escola Nacional de Circo é fruto de cooperação entre a Funarte e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Aprovado pela Resolução nº 11 de 2 de abril de 2015 do IFRJ, o curso possui 2.798 horas que são distribuídas em quatro semestres.
Além de todo o investimento necessário para a manutenção da Escola (segurança, equipamentos, alimentação, colaboradores e servidores), a Funarte oferece uma bolsa aos alunos para a realização do curso no valor de R$ 2.500 mensais, mediante frequência obrigatória, rendimento escolar e atendimento aos normativos da escola.
O último processo seletivo para ingresso no Curso Técnico em Artes Circenses da Escola Nacional de Circo teve 271 inscritos dos quais 223 foram habilitados na primeira fase e destes, 70 foram classificados para a prova presencial. Ao todo, 60 novos alunos foram selecionados, dos quais metade são mulheres. A faixa etária varia de 18 a 32 anos, sendo a média de 23 anos.