No dia 4 de outubro, a Companhia Teatro da Dispersão inicia temporada no Complexo Cultural Funarte São Paulo. Contemplado com o Edital de Ocupação da Sala Carlos Miranda 2017, o grupo apresenta o espetáculo O espectador condenado à morte, que fica em cartaz até o dia 12 de novembro, de quartas a sábados, às 20h30, e domingos, às 19h30. Os ingressos têm preços populares e, aos domingos, as sessões são gratuitas. Estudantes da rede pública de ensino têm direito a entrada franca em todas as sessões, e moradores da região central de São Paulo pagam meia-entrada.
A peça foi escrita em 1985 pelo dramaturgo romeno Matéi Visniec e tem como pano de fundo o regime ditatorial de Nicolae Ceausescu. No enredo, um procurador, um defensor, um escrivão e um juiz estão envolvidos em uma intensa disputa para incriminar um réu. Durante o julgamento, eles criam provas e contam com testemunhas pouco confiáveis para convencer um inocente de que ele deve ser condenado à morte. A vítima é um espectador. O texto apresenta elementos do teatro do absurdo para ilustrar um processo que, além de não seguir protocolos, rompe com aspectos morais, éticos e institucionais.
Dirigida por Thiago Ledier, a montagem explicita o absurdo por meio de elementos da farsa e da comédia física. A companhia também usa recursos tecnológicos, como câmeras que capturam imagens do público para que sejam projetadas em um telão, como se elas fossem “evidências” que reforçam as teorias apresentadas pelos personagens. O espetáculo provoca a discussão sobre temas atuais, como a intolerância, o ódio, a manipulação de instituições em benefício próprio e a justiça que é “feita com as próprias mãos”. Ao colocar o espectador como protagonista, o grupo pretende mostrar que “a omissão é também responsável pela consolidação de regimes que violam os princípios democráticos e os direitos fundamentais de cada indivíduo”.
Oficina e debates
Complementando as atividades da ocupação, serão realizados três debates, logo após apresentações do espetáculo, e a oficina Ser absurdamente: uma construção de personagens no Teatro do Absurdo, a ser ministrada pelo diretor convidado, Thiago Ledier. Na oficina, Ledier trabalhará quatro cenas de autores como Beckett e Ionesco, propondo a reflexão sobre como a mimese de fotografias e obras de arte pode ajudar no processo de construção de um personagem não naturalista. As cenas serão apresentadas em duplas ou trios e discutidas ao final da oficina. Os quatro encontros acontecerão aos sábados, das 15h às 18h, a partir de 21 de outubro. As inscrições devem ser feitas até o dia 10 de outubro pelo e-mail teatrodadispersão@gmail.com.
Os debates acontecerão em três domingos de outubro, sempre às 21h. O primeiro, dia 8, terá como assunto Matei Visniec e o Teatro do Absurdo. O segundo, no dia 22, discutirá A banalização do ódio como ameaça aos Direitos Universais. E o tema do terceiro debate, no dia 29, será O espaço virtual e a consolidação do discurso de ódio.
Sobre o autor
Conhecido como “o novo Ionesco”, Matéi Visniec tem peças encenadas em mais de vinte países. Sua obra é marcada pela linguagem do absurdo e do surreal, que ele usa para desviar-se da realidade que viveu na Romênia, sob a ditadura de Nicolae Ceausescu. Nascido em 1956, Visniec também é romancista e jornalista. Estudou filosofia na Universidade de Bucareste e começou a publicar seus trabalhos como dramaturgo nos anos 1970. Como sofria com a censura de seus textos na Romênia, em 1987, pediu asilo político à França, onde vive até hoje.
Sobre a companhia
Criada em 2015, a Companhia Teatro da Dispersão é formada pelos atores André Camargo, Cadu Batanero, Caio Balthazar, Drica Czech, Guilherme Iervolino, Patrícia Vieira Costa, Rony Álvares e Vanessa Rodrigues.
Sobre o diretor
Convidado pela Companhia, o diretor, ator e dramaturgo Thiago Ledier foi assistente de direção e preparador de atores nos espetáculos Música para cortar os pulsos (texto e direção de Rafael Gomes), Gotas d’água sobre pedras escaldantes (de Rainer W. Fassbinder, direção de Rafael Gomes), L’Illustre Mollière (direção de Sandra Corvelloni) e Se você me amasse (direção de Otávio Martins). Ele também assina a direção do espetáculo A social, de Ricardo Correia, com produção da Cia. Artera de Teatro.
Sala Carlos Miranda – Complexo Cultural Funarte São Paulo
(Alameda Nothmann, 1058. Campos Elíseos)
Espetáculo: O Espectador Condenado à Morte
Contemplado no Edital de Ocupação da Sala Carlos Miranda / 2017
De 4 de outubro a 12 de novembro. De quartas a sábados, às 20h30; domingos, 19h30.
Ingressos: R$20 (meia-entrada: R$10) – Cartões não são aceitos. Aos domingos, a entrada é gratuita. Moradores da região central pagam meia-entrada, e a entrada é gratuita para estudantes da rede pública de ensino.
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 75 minutos
Classificação etária: 14 anos
Ficha técnica:
Texto: Matéi Visniec| Produção: Companhia Teatro da Dispersão| Direção: Thiago Ledier| Elenco: André Camargo, Cadu Batanero, Caio Balthazar, Drica Czech, Guilherme Iervolino, Patrícia Vieira Costa, Raphael Nespule, Rony Álvares, Vanessa Rodrigues| Cenografia e iluminação: César Bento| Figurinos: Guilherme Iervolino| Sonoplastia: Marcus Couto| Tradução: Fábio Fonseca de Melo| Fotos: Patricia Mattos| Design: Lucas Lage | Produção executiva: André Camargo, Caio Balthazar, Drica Czech, Guilherme Iervolino, Rony Álvares
Oficina: Ser absurdamente: uma construção de personagens no Teatro do Absurdo
Com Thiago Ledier.
De 21 de outubro a 11 de novembro. Sábados, das 15h às 18h.
Entrada franca.
Debate: Matei Visniec e o Teatro do Absurdo
Dia 8 de outubro. Domingo, às 21h.
Entrada franca.
Debate: A banalização do ódio como ameaça aos Direitos Universais
Dia 22 de outubro. Domingo, às 21h.
Entrada franca.
Debate: O espaço virtual e a consolidação do discurso de ódio
Dia 29 de outubro. Domingo, às 21h.
Entrada franca.
Mais informações:
(11) 3662-5177
funartesp@gmail.com