‘Decolonialidade: Poéticas da resistência’ apresenta espetáculos teatrais, performance, mesa-redonda e laboratório de dramaturgia

Espetáculo 'Os famintos'. Foto: divulgação.

A ocupação Decolonialidade: Poéticas da resistência começa no dia 4 de outubro, quarta, às 19h30, com a performance Xoxota da Barbie, de Edi Cardoso (Companhia do Miolo), que tem como tema a mutilação genital e a cirurgia íntima, confrontando duas realidades: a padronização do corpo por questões estéticas e as violências sofridas por diversas mulheres. Em seguida, às 20h, a Profa. Dra. Carla Cristina Garcia (PUC-SP) e as artistas Edi Cardoso, Maria Shu e Cleide Queiroz participam da mesa-redonda La mujer selvagem: a criatividade como resistência.

No dia 5 de outubro, quinta-feira, estreia o espetáculo Os famintos, do grupo Fricção Coletiva. A peça fica em cartaz até o dia 20 de outubro, de quartas a sextas, às 20h. No primeiro dia da temporada, a sessão conta com um intérprete de libras, e no dia 11 de outubro, quarta, às 14h, o grupo se apresenta ao público juvenil. O espetáculo foi criado a partir do processo do Núcleo de Dramaturgia SESI – British Council, realizado em 2014, com orientação de Marici Salomão e César Augusto. Na peça, uma artista mulher sofre uma crise criativa. Mas a personagem ultrapassa a esfera do privado quando questiona a função da artista na atualidade e reflete sobre a complexidade da relação com o outro na sociedade capitalista e neoliberal. Contestando também a epistemologia eurocêntrica, a peça distorce o conceito de antropofagia (que pelos olhos do colonizador é sempre algo selvagem e inferior) e faz com que a epifania almejada pela protagonista  seja alcançada pelo corpo, e não pela mente, como preveem o Iluminismo e o pensamento cartesiano.

No sábado, dia 7 de outubro, entra em cartaz o espetáculo Sobre as baleias, da Coletiva de Arte e Cultura Feminista Vulva da Vovó. A temporada se estende até o dia 15 de outubro, sábados e domingos, às 20h. Na primeira sessão, também há um intérprete de libras. O espetáculo acompanha a história de Dona Maria, uma mulher negra e moradora da periferia, em busca de seu filho desaparecido. O tema motor da peça é a luta das Mães de Maio, mulheres da periferia e em sua maioria negras ou não brancas, que perdem seus filhos diariamente por conta da ação violenta da polícia militar nas favelas e zonas periféricas. A peça traça, ainda, um paralelo entre a luta das Mães de Maio e a das Madres e Abuelas de Mayo, que batalham até hoje para reencontrar seus filhos e netos, desaparecidos durante o período da ditadura militar na Argentina.

De 21 de outubro a 5 de novembro, sábados e domingos às 20h, o Grupo Rosas Periféricas apresenta o espetáculo Labirinto Selvático, que encerra a trilogia Parque São Rafael, iniciada em 2014. A sessão com intérprete de libras é realizada no primeiro dia da temporada. Durante três anos o grupo vivenciou diferentes etapas que se desdobraram em um olhar visionário sobre possíveis futuros para a periferia. O Parque São Rafael, localizado no extremo sudoeste de São Paulo, é um dos bairros mais antigos da cidade. A partir da principal lenda local, a explosão do complexo petroquímico, o espetáculo traz para o palco o imaginário de moradores e moradoras da região, que deram depoimentos informais, colhidos em dias de feira-livre. Também aparecem na peça os anseios dos artistas criadores em levar à cena suas próprias imaginações e experiências. No processo de montagem, o grupo utilizou como referências bibliográficas histórias de luta de mulheres brasileiras, como Carolina Maria de Jesus, Luiza Mahin, Dandara, Nise da Silveira e Nísia Floresta. Também buscou o apoio literário no “manual” de Carlos Marighella, nas obras da norte-americana de ascendência mexicana Clarissa Pinkola Estés e em artigos e textos do escritor uruguaio Eduardo Galeano, além da discussão em torno de temas como a reforma agrária, a luta pela terra e a organização das sociedades matriarcais.

No período de 25 de outubro a 3 de novembro, de quartas a sextas às 20h, fica em cartaz Manuela, da Cia. do Feijão. Uma sessão para o público infanto-juvenil é realizada no dia 25 de outubro, às 14h. No dia 26, às 20h, o espetáculo conta também com intérprete de libras. A peça apresenta a história de amizade entre o escritor Mário de Andrade e sua máquina de escrever, Manuela, que recebeu esse nome em homenagem a Manuel Bandeira. É a máquina que conta, por meio da poesia e da correspondência, quem foi Mário de Andrade, esse brasileiro morador da Rua Lopes Chaves. “Quando Mário voltava para casa, após suas viagens, ele sempre trazia muitas histórias, fossem do Nordeste, que deram origem ao Macunaíma, ou da viagem para o Rio de Janeiro, na qual ele fez a revisão completa do movimento modernista”, explica a atriz Vera Lamy, que concebe a personagem no texto e no palco. A intenção era criar uma figura feminina que pudesse expressar a trajetória de Mário de Andrade. O espetáculo conta com acompanhamento musical ao vivo de Lincoln Antonio, que toca piano, zabumba e maracá na interpretação de uma trilha sonora autoral. O músico também apresenta obras de Villa-Lobos e Ernesto Nazareth, compositores brasileiros admirados por Mário.

O espetáculo Em caso de emergência quebre o vidro, da Cia do Miolo, fecha a ocupação Decolonialidade: Poéticas da resistência. A temporada vai de 8 a 12 de novembro, de quarta a domingo, às 20h. Fruto de um ano e meio de pesquisa no projeto Corpo Esgotado, o espetáculo  apresenta três cenas criadas a partir dos acontecimentos da cidade e revela o cotidiano absurdo em que o corpo está imerso. Figuras estranhamente familiares emergem da cena real para o teatro. Notícias de jornal, dramas do anonimato, sensacionalismo de TV e os esgotamentos da vida cotidiana passeiam pelas mãos e pelos imaginários dos integrantes do grupo e se transformam em disparadores para a dramaturgia do espetáculo.

Além dos espetáculos teatrais, o projeto oferece o Laboratório de Dramaturgia para Mulheres, coordenado por Maria Fernanda de Barros Batalha, Natália Xavier e Erica Montanheiro. A atividade é realizada de 6 de outubro a 3 de novembro, sextas das 14h às 17h.

Projeto Decolonialidade: Poéticas da resistência
Contemplado no Edital de Ocupação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet 2017

Teatro de Arena Eugênio Kusnet
(Rua Dr. Teodoro Baima, 94, Vila Buarque)

Performance: Xoxota da Barbie
Com Edi Cardoso (Companhia do Miolo)
Dia 4 de outubro. Quarta, às 19h30.
Gratuita
Duração: 20 minutos.
Classificação etária: 16 anos

Mesa-redonda: La mujer selvagem: a criatividade como resistência
Com Profa. Dra. Carla Cristina Garcia (PUC-SP) e as artistas Edi Cardoso, Maria Shu e Cleide Queiroz
Dia 4 de outubro. Quarta, às 20h.
Entrada franca

Espetáculo: Os famintos
De 5 a 20 de outubro. De quartas a sextas, às 20h.
Dia 11 de outubro. Quarta, às 14h.
Ingressos: R$20 (meia-entrada: R$10) – Cartões não são aceitos
Moradores de Santa Cecília, Vila Buarque, República e Barra Funda pagam R$ 5,00
Entrada gratuita para estudantes da rede pública de ensino
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 50 minutos.
Classificação etária: 14 anos

Ficha técnica:
Com: Fricção Coletiva | Dramaturgia: Natália Xavier | Direção: Marina Miguel | Elenco: Vanessa Garcia e Natália Xavier | Criação musical: Luísa Gouvêa | Iluminação: Rodrigo Damas e Amanda Amaral | Direção de arte: Nasha | Orientação artística: Vera Lamy | Provocadora cênica: Erica Montanheiro | Produção: Flor de Jambo Produções

Espetáculo: Sobre as baleias
De 7 a 15 de outubro. Sábados e domingos, às 20h.
Ingressos: R$20 (meia-entrada: R$10) – Cartões não são aceitos
Moradores de Santa Cecília, Vila Buarque, República e Barra Funda pagam R$ 5,00
Entrada gratuita para estudantes da rede pública de ensino
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 50 minutos.
Classificação etária: 12 anos

Ficha técnica:
Com: Coletiva Vulva da Vovó | Elenco: Mariana Menezes, Vanessa Godoy Garcia, Natália Xavier, Maria Helena Menezes, Anders Rinaldi, Maria Fernanda de Barros Batalha, Julia Moretti, Julia Spindel, Zi Arrais, Jovenize Prado, Momô de Oliveira, Emília Kiyohara, Michelle Brito, Ana Bonetti, Ana Carolina Marceliano Nunes, Amanda Senne, Livia de Souza, Paloma Franca Amorim | Direção: Paloma Franca Amorim | Iluminação: Marina Miguel | Sonoplastia: Anders Rinaldi e Maria Helena Menezes | Dramaturgia: Maria Fernanda de Barros Batalha | Cenografia: Natália Xavier e Paloma Franca Amorim | Figurinos: Natália Xavier | Produção: Maria Fernanda de Barros Batalha

Espetáculo: Labirinto Selvático
De 21 de outubro a 5 de novembro. Sábados e domingos, às 20h.
Ingressos: R$20 (meia-entrada: R$10) – Cartões não são aceitos
Moradores de Santa Cecília, Vila Buarque, República e Barra Funda pagam R$ 5,00
Entrada gratuita para estudantes da rede pública de ensino
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: livre

Ficha técnica:
Com: Rosas Periféricas | Roteiro e direção: O Grupo | Elenco: Everton Santos, Gabriela Cerqueira, Michele Araújo, Paulo Reis, Monica Soares, Rogério Nascimento | Orientação cênica: Fernanda Haucke | Colaboração dramatúrgica: Zernesto Pessoa | Preparação corporal: Fernanda Haucke | Preparação musical: Leandro Melque | Percussionista: Leandro Melque | Produção musical: FEZSANTOS | Orientação de videomapping: Toni William Cross | Figurino: O grupo | Colaboração de figurinos: Carolina Souza e Guto Togniazzolo | Cenografia: O grupo | Sonoplastia: Leandro Melque | Operação de som: Dri Bluntrit e Giane Maia | Iluminação: O grupo | Colaboração de iluminação: Eduardo Alves | Operação de luz: Dri Bluntrit e Giane Maia | Operadora de projeção: Giane Maia | Produção geral e artística: O Grupo

Espetáculo: Manuela
De 25 de outubro a 3 de novembro. De quartas a sextas, às 20h.
Dia 25 de outubro. Quarta, às 14h.
Ingressos: R$20 (meia-entrada: R$10) – Cartões não são aceitos
Moradores de Santa Cecília, Vila Buarque, República e Barra Funda pagam R$ 5,00
Entrada gratuita para estudantes da rede pública de ensino
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: livre

Ficha técnica:
Concepção e dramaturgia: Vera Lamy | Direção musical e música original: Lincoln Antonio | Elenco: Vera Lamy e Lincoln Antonio | Preparação vocal: Rodrigo Mercadante | Preparação corporal: José Romero | Cenografia: Pedro Pires | Iluminação: Zernesto Pessoa

Espetáculo: Em caso de emergência quebre o vidro
De 8 a 12 de novembro. De quarta a domingo, às 20h.
Ingressos: R$20 (meia-entrada: R$10) – Cartões não são aceitos
Moradores de Santa Cecília, Vila Buarque, República e Barra Funda pagam R$ 5,00
Entrada gratuita para estudantes da rede pública de ensino
A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo.
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: 14 anos

Direção: Renata Lemes | Assistente de direção: Iarlei Rangel | Dramaturgia: Solange Dias | Direção Musical: Charles Raszl | Atores pesquisadores: Alexandre Krug, Antonia Mattos, Dudu Oliveira, Edi Cardoso e Jordana Dolores | Orientação coreográfica: Verônica Santos | Figurino e cenografia: Yuri Yamamoto e Deyvson Freitas | Bonecos: André Mello | Orientador de estudos teóricos: Danichi Hausen Mizoguchi | Produção: Rafael Procópio

Laboratório de Dramaturgia para Mulheres
Com: Maria Fernanda de Barros Batalha, Natália Xavier e Erica Montanheiro.
De 6 de outubro a 3 de novembro. Sextas, das 14h às 17h.
Entrada franca.

Mais informações:
(11) 3662-5177
(11) 3256-9463
funartesp@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *