Ex-integrante e um dos fundadores de um dos grupos de maior sucesso da MPB, o músico Ruy Faria morreu aos 80 anos, nessa quinta-feira (11), no Rio de Janeiro. Cantor, compositor e produtor musical, Ruy integrou, em 1964, o Conjunto do CPC, um embrião do que viria a ser o MPB4. Influenciados por grupos como Os Cariocas e por força do Golpe Militar de 64, os membros do grupo resolveram se tornar profissionais em 1965. Formou então um dos principais grupos musicais da Mùsica Popular Brasileira, ao lado de Magro, Miltinho e Aquiles. Ele era o mais velho integrante e primeira voz do quarteto.
Paralelamente ao seu trabalho com o MPB4, Ruy gravou, com produção e direção próprias, o álbum solo “Amigo é pra essas coisas”, remasterizado e relançado em CD pela gravadora Velas. Fez shows individuais em várias cidades cantando músicas do disco. Atuou como diretor artístico e produtor musical de um disco de Roberto Nascimento e do LP “Pronta pra consumo”, de Cynara, do Quarteto em Cy, com quem foi casado e teve três filhos: João, Irene e Francisco.
Ruy foi responsável por assinar inúmeros roteiros para espetáculos do MPB4, como “Canções e momentos”, “Feitiço carioca” (em homenagem a Noel Rosa em 1987), “Melhores momentos” (em homenagem aos 30 anos do Canecão/RJ) e, com Miguel Falabella e Maria Carmem, “Arte de cantar” (em comemoração aos 30 anos de carreira do grupo). Atuou também como diretor artístico do CD “Melhores momentos”, gravado ao vivo pelo MPB4 no Teatro Rival.
Participou de projetos como roteirista e diretor geral de shows de Danilo Caymmi; Marisa Gata Mansa e Reinaldo Gonzaga em homenagem à obra de Antonio Maria; Do show de lançamento do CD da cantora Dora Vergueiro e do show de lançamento do instrumentista, compositor e cantor Kiko Furtado.
Ao deixar o MBP4 em 2004, após 40 anos de trabalho em conjunto, Ruy fez shows em dupla com o compositor Carlinhos Vergueiro, no Rio de Janeiro, e em 2005, lançaram juntos o CD “Dupla brasileira – Só pra chatear”, reverenciando duplas que marcaram o cenário da música popular brasileira, como Francisco Alves e Mário Reis, Cascatinha e Inhana, Zé e Zilda, Jackson do Pandeiro e Almira, Joel e Gaúcho, Jonjoca e Castro Barbosa, Toquinho e Vinicius, Irmãos Tapajós e ainda Cynara e Cybele. Em 2008, Ruy adaptou e dirigiu o espetáculo musical “Calabar”, de Chico Buarque e Rui Guerra, no Teatro Niemeyer, Niterói.
Além da vida artística, Ruy era advogado formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e após 43 anos de formado, conseguiu em 2007 emitir seu registro como advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB e hoje também exerce a profissão no Rio de Janeiro.
Ruy Alexandre Faria nasceu em Cambuci (RJ), em 1937, e estava internado desde o dia 9 de dezembro no Hospital Federal de Bonsucesso. Ele teve falência múltipla dos órgãos em decorrência de uma pneumonia.