Compositor de Falsa baiana e Escurinho, entre outros sucessos, o sambista Geraldo Pereira é o tema do vídeo Geraldo Pereira entre amigos, que a Funarte disponibiliza em seu portal, em homenagem ao centenário do artista, que se completa no próximo dia 23 de abril de 2018.
Para relembrar as histórias e os sambas do homenageado, o vídeo se vale da memória de três sambistas que o conheceram: os cantores e compositores Nelson Sargento e Tantinho da Mangueira e o percussionista Zé Cruz, que destacam a qualidade das composições de Geraldo Pereira, especialmente no samba sincopado – vertente desse ritmo, muito comum nas antigas gafieiras, apropriada para a dança a dois.
“Eu queria ser o Geraldo: pelo talento e porque eu gosto muito de samba sincopado”, afirma Zé Cruz, 91 anos, que passou a infância em Mangueira (comunidade na zona norte do Rio de Janeiro) e na adolescência costumava seguir o ídolo pelas vielas do morro, cantarolando seus sambas. Já Tantinho, de 70 anos, se lembra que as primeiras referências que ouviu sobre o sambista circulavam dentro de casa: “Ele era amigo do meu pai”. O mais velho do trio é Nelson Sargento, de 93 anos, que conviveu com Geraldo nas rodas musicais que eram promovidas por seu pai adotivo, Alfredo Português.
Os três entrevistados do filme têm em comum o fato de terem sido criados em Mangueira – onde Geraldo Pereira morou a partir do início da década de 1930, quando foi trazido de sua cidade natal, Juiz de Fora (MG), por seu irmão mais velho, Mané Araújo. Sua primeira composição lançada veio em 1938, quando o cantor Roberto Paiva gravou Se você sair chorando (samba de Geraldo co-assinado por Nelson Teixeira), abrindo caminho para uma obra de peso na história do samba, com exemplares como Falsa baiana, Escurinho (ambos sucessos na voz do cantor Cyro Monteiro) e Escurinha, gravado pelo próprio Geraldo.
Falecido precocemente aos 37 anos, após um desentendimento na Lapa com o famoso malandro Madame Satã (em maio de 1955), teve sua obra perpetuada graças às inúmeras regravações de seus sambas, feitas por artistas como João Gilberto (Bolinha de papel), Chico Buarque (Sem compromisso) e Gal Costa (Falsa baiana), entre outros. Já entre as fontes de informação, a mais completa é um livro editado em 1983 pela Funarte: Um certo Geraldo Pereira, biografia assinada a oito mãos, por Francisco Duarte, Alice Duarte, Dulcinea Gomes e Nelson Sargento.
Gravado ao longo do mês de março de 2018, o vídeo Geraldo Pereira entre amigos é uma produção da Coordenação de Difusão e Pesquisa da Funarte, com duração de 8 minutos e 50 segundos.