Contemplado no Edital de Espetáculos de Artes Cênicas e Música 2018, Conto Anônimo faz temporada de 7 a 24 de junho na Funarte MG, em Belo Horizonte. Escrito por Sara Pinheiro, o espetáculo abre espaço para a discussão e a reflexão sobre a temática feminina, através da representação do universo de uma mulher, seus devaneios e angústias. A autora assume também, pela primeira vez, a direção, ao lado de Pablo Lamar. As sessões de quinta a sábado são às 20h, e aos domingos, às 19h. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).
Nos dias 9, 16 e 23 de junho – sempre aos sábados – haverá um bate-papo com o público sobre o processo de criação da peça. O texto-base Conto Anônimo foi desenvolvido, em 2013, para a segunda edição da Mostra Janela de Dramaturgia, projeto que promove o encontro de autores e atores de Minas Gerais para a leitura de textos teatrais inéditos. Desde então, a escritora Sara Pinheiro se dedica ao processo de montagem do espetáculo, que está sendo realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.
Sobre o espetáculo
Como apresentar uma visão estereotipada da mulher – que muitas vezes está internalizada nela mesma – para depois desconstruí-la? O espetáculo Conto Anônimo se debruça sobre esse questionamento para pensar um caminho/descaminho para a reflexão sobre o feminino em tempo de entendimentos sobre os lugares que esse termo habita.
O projeto não apenas tem como temática o universo feminino, mas igualmente pretende que tal universo esteja presente durante a criação, através da participação de uma equipe principal majoritariamente composta por mulheres. A autora se inspirou nos versos bem-humorados sobre amor/morte de Paulo Leminski, e nas obras das artistas plásticas Louise Bourgeois e Cindy Sherman.
No caso de Bourgeois, a inspiração surge dos trabalhos mais recentes da artista, que constrói esculturas através da costura de retalhos, em uma espécie de alusão ao corpo erótico e a reminiscências infantis, transformando pedaços de tecidos em bonecas grotescas. Já no caso de Sherman, destacam-se os autorretratos ficcionais em que a performer transforma sua própria imagem, através de caracterização bizarra, em figuras banais e até mesmo estereotipadas, suscitando um embate entre o clichê e o estranho.
Seja no jogo bem-humorado do chavão amor/ morte nos versos de Leminski, seja na transfiguração da própria imagem nos autorretratos de Sherman, seja nos corpos remendados das mulheres/bonecas de Bourgeois, constata-se um limite delicado entre o lugar-comum e o grotesco, o humor e o trágico, o desejo e a agressão. É, então, a partir dessa proposição que o projeto Conto Anônimo despontou.
O texto, que experimenta uma estruturação mais permeável a linguagens performáticas, tem como principal mote dramático os devaneios de uma mulher comum que, ao lado do marido e diante da TV em uma noite de domingo, transita entre memórias íntimas e comerciais. É nesse contexto de familiaridade e tédio que a subjetividade da personagem desaba em uma pulsão grotesca de morte. Através da concepção norteadora do texto, define-se o eixo principal para encenação: o universo do kitsch (os clichês televisivos, comerciais, filmes estandardizados, códigos de fácil assimilação, elementos do universo pop…), que, levado ao extremo, pode chegar a um estado grotesco, como ocorre nas obras das artistas plásticas citadas acima.
Lançando mão de suas experiências com o grupo de teatro de animação Pigmalião Escultura que mexe, Sara Pinheiro busca mesclar à sua prática em dramaturgia textual uma narrativa imagética e sonora impactante. Corroborando com isso, assina também a direção e a trilha sonora Pablo Lamar, cineasta, desenhador de som e diretor de teatro. Integram ainda a equipe principal a produtora Maria Mourão e a atriz Ana Lavigne.
Sinopse
Final de domingo. Na sala, a TV ligada. No quarto, o marido deitado. Na cozinha, a carne de outro dia. No banheiro, o cru espelho. O desejo. A face. A faca nas mãos. Mais um dia. Mais uma semana. Mais um mês. Mais um ano… Até quando? Ela delira.
Conto Anônimo, através de uma estruturação dramatúrgica onírica e lacunar, narra os devaneios de uma mulher, que numa noite de domingo transita entre cômodos, comerciais, e memórias íntimas. É nesse contexto de familiaridade e tédio que a subjetividade da personagem desaba em uma pulsão grotesca de morte.
Ficha Técnica
Diretores: Sara Pinheiro e Pablo Lamar
Dramaturga: Sara Pinheiro
Atores: Ana Lavigne e Marcelo Alessio
Preparador de Elenco: Joaquim Elias
Produtora: Maria Mourão
Diretora de Arte e feitio de bonecos: Aurora Majnoni
Cenotécnico: Igor Godinho
Consultoria de Manipulação de Bonecos: Liz Schrickte
Figurinista: Mariana Blanco
Assessora de Maquiagem: Gabriela Dominguez
Trilha Sonora: Pablo Lamar
Iluminadores: Jésus Lataliza e Rodrigo Marçal
Designer Gráfica: Clara Moreira
Assessora de Imprensa: Alessandra Brito
Fotógrafa: Luiza Palhares
Teaser e Vídeos: Luís Evo
Carretos: Thennyson Abdallah
Gestão Financeira: ProartMinas
Parceria: Pigmalião Escultura que mexe
Serviço
Conto Anônimo
7 a 24 de junho
Quinta a sábado, às 20h; e domingos, às 19h
Bate-papo sobre o processo aos sábados (9, 16 e 23/06) após o espetáculo
Classificação Indicativa: 16 anos
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5(meia-entrada)
Funarte MG
Rua Januária, 68 – Centro – Belo Horizonte (MG)