O mais recente trabalho do coreógrafo e diretor Edson Beserra, O homem na prancha estreia na próxima sexta, dia 3 de agosto, no Teatro Cacilda Becker, no Rio, para curtíssima temporada. Serão somente três apresentações até domingo, 5 de agosto, com sessões às 20h (sexta e sábado) e às 19h (domingo). Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).
Além de assinar a direção e a concepção do espetáculo, Edson também está em cena e leva para o palco um pouco das características das obras em que se inspirou – o quadro Navio Negreiro, do pintor inglês Willian Turner, e o conto O Horla, do francês Guy de Maupassant. A confluência dos movimentos da água e do vento assim como da incidência de luz foram os motes dramatúrgicos para a construção do vocabulário coreográfico de O Homem na Prancha. Das pinceladas impressionistas de Turner, que servem como inspiração para a ocupação do espaço cênico pelo bailarino, foram trazidos os movimentos diluídos da água e das nuvens provocados pela ação do vento.
À fluidez da pintura de Turner, somam-se traços da personalidade de um homem atormentado, personagem central do conto de Guy de Maupassant. As inquietações desta personagem se desenvolvem com a sensação da presença de uma entidade que o assombra, presença esta que é percebida pela queda de temperatura provocada pelo vento. Desconforto físico e angústia que servem também como mote para a construção de movimentos do bailarino.
Edson faz ainda uma referência poética aos Marinheiros, entidades da chamada Linha Auxiliar ou Linha Intermediária da Umbanda. Espíritos que dedicaram suas vidas aos oceanos, vinculadas ao trabalho em embarcações. A manifestação física destes espíritos se caracteriza pela sensação figurativa de estar em alto mar. O cambalear natural das ondas é predicado marcante no comportamento dos médiuns que os incorporam. Na proposta de encenação de O Homem na Prancha, o bailarino faz uso do marear como demonstração das alterações de estado e de temperatura da cena.
Sobre o artista
Edson Alves de Lima nasceu em maio de 1973 e adotou o nome artístico de Edson Beserra. Iniciou sua carreira na área das artes cênicas em 1988, como ator em Brasília (DF). Trabalhou com diversos diretores locais, entre eles Hugo Rodas, no Grupo Teatro Experimental do SESC, e Humberto Pedrancini, no Celeiro das Antas. Em 1992, começou as aulas de dança contemporânea com Giselle Rodrigues e Cristina Moura, do extinto Grupo Endança. Em 1994, estudou balé clássico com Gisèle Santoro.
Foi bailarino de algumas das principais companhias de dança do país, como a Quasar Cia de Dança (GO), a Cia de Dança Deborah Colker (RJ) e o Grupo Corpo Cia de Dança (MG). Como professor, ministrou workshops em diversas cidades do Brasil e no exterior. E desde 2007, dedica-se à dança autoral, um trabalho de criação e pesquisa em dança focado no intérprete e suas potencialidades, ministrando workshops em todo o país. Foi convidado para participar como coreógrafo e performer do International Choreolab do Tanz Atelier Wien na Danube University, em julho de 2010, na cidade de Krems, Áustria.
Em 2011, fundou o grupo Composto de Ideias, coletivo de artistas de diversas vertentes criativas, na cidade de Brasília. Com o grupo estreou Um Corpo Acústico no Festival Panorama de 2011, na cidade do Rio de Janeiro, espetáculo contemplado com o Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna 2012 e no edital de ocupação da Caixa Cultural para o ano de 2014, circulando por Natal (RN), Recife (PE), Brasília (DF), além de João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba.
Fez a direção do espetáculo Sob os céus de junho, que teve sua estreia em julho de 2013 e fez parte da programação da Ocupação Funarte Plínio Marcos 2013, em Brasília. Em 2014, foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2013 para a montagem do espetáculo Vinil de Asfalto. Em novembro do mesmo ano, fez uma temporada na Ocupação Funarte 2014 em Brasília. No ano seguinte, foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015 para circular com o espetáculo Vinil de Asfalto por Manaus (AM), Belém (PA), Tocantins (TO), Belo Horizonte (MG) e Anápolis (GO).
Em 2017, estreou o espetáculo Liberdade Assistida, assinando a direção e a concepção geral do espetáculo, contemplado com o Prêmio Afro 2017. Seus projetos de criação e circulação foram também contemplados em editais da OI, Caixa Cultural e FAC – Fundo de Apoio à Cultura. Participou de festivais como Satélite 061 24h no ar, a Mostra CCBB Em Cartaz e Dança França Brasil. Atualmente, está em processo criativo com Poema Mühlenberg, da Cia Nós no Bambu, dirigindo e coreografando o espetáculo O vazio é cheio de coisa, com estreia prevista para outubro.
Serviço
O Homem na Prancha
De 3 a 5 de agosto de 2018
Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 40 minutos
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Teatro Cacilda Becker
Rua do Catete, 338 – Catete – Rio de Janeiro (RJ)
Telefone: (21) 2265 9933