Um dos grandes nomes do teatro brasileiro, o dramaturgo, diretor, ator e escritor João das Neves morreu nesta sexta-feira, dia 24 de agosto, em Lagoa Santa (MG). João tinha 84 anos e lutava contra um câncer.
Sua ligação com o teatro começou ainda nos tempos de colégio, até se formar como ator e diretor pela Fundação Brasileira de Teatro, na década de 1950. Com mais de 60 anos de trajetória, participou de importantes momentos da cena teatral brasileira. Dirigiu o Teatro de Rua do Centro Popular de Cultura (CPC) até o golpe de 1964 e foi um dos fundadores do Grupo Opinião, marco da resistência contra a ditadura militar. Na ocasião, João das Neves se destacou na direção de peças como A saída, onde fica a saída? (1967), escrita por Armando Costa, Antônio Carlos Fontoura e Ferreira Gullar; O Último Carro (1964) e Mural Mulher (1979), ambas escritas e dirigidas por ele. O Último Carro foi uma de suas peças de maior sucesso e conquistou diversos prêmios, entre eles, o Mambembe e o Molière, nas categorias de melhor texto e direção.
João das Neves também estudou na Alemanha, onde fez o curso ‘Práticas em Ciências Teatrais’ e estagiou no setor de peças radiofônicas da Westdeutscher Rundfunk. Em 1986, em Rio Branco, no Acre, para onde havia se mudado, fundou o Grupo Poronga, para o qual escreveu e dirigiu Tributo a Chico Mendes e Cadernos de acontecimentos, frutos de suas experiências com seringueiros e ribeirinhos. No início dos anos 1990, concorreu a uma bolsa de estudos da Fundação Vitae para pesquisar a história da Nação Kaxinawá, da qual resultou Yuraiá, o rio do nosso corpo.
Entre os seus principais trabalhos publicados estão: O Último Carro (1964), A Pandorga e a Lei (1985) e A análise do texto teatral, este último reeditado pela Fundação Nacional de Artes – Funarte em 2012. Em janeiro deste ano, João das Neves lançou o seu segundo livro de poemas Diálogo com Emily Dickinson (2018). Com ilustrações de Diane Ichimaru, a publicação reúne poemas que dialogam com a obra da poeta norte-americana.