A Fundação Nacional de Artes – Funarte publicou na internet o livro digital Perfis Musicais: a canção como música de invenção, um conjunto de ensaios sobre nomes representativos da música brasileira contemporânea.
Parte do programa Pesquisa Musical, do Centro da Música da entidade, a obra do pesquisador Marcos Lacerda – ex-diretor do Cemus e curador do projeto, com cerca de 209 páginas, reúne seis textos: Acauam Oliveira escreve sobre o grupo Racionais MC’s; Paulo Almeida, comenta a respeito do músico Thiago Amud; Rogério Skylab disserta sobre Luiz Tatit; Pérola Mathias põe em foco a cantora e compositora Céu; Luis Rubira comenta sobre o cantor e compositor Vitor Ramil; e Iracele Lívero aborda a obra da compositora, regente e pianista Eunice Katunda.
Os ensaios, com cerca de 30 páginas cada um, contam com análises das trajetórias dos artistas grupos apresentados.
O e-book Perfis Musicais: a canção como música de invenção pode ser baixado, gratuitamente, no portal da Funarte neste link.
Além da análise dos “mesmos de sempre”
Marcos Lacerda explica que “o principal objetivo da obra é contribuir para que se amplie a mediação crítica em música e canção popular no Brasil. Esse desenvolvimento tem como alvo ir além de um modelo tradicional, “baseado quase sempre na tríade: samba carioca da época de ouro, bossa nova e tropicalismo”. O pesquisador acrescenta que, ao apresentar, na obra, novas possibilidades de criação e crítica, a Funarte sai desse “quadro de referência mais comum”, seja o de autores e autoras, seja o de movimentos artísticos.
Segundo Lacerda, o livro alcança esse objetivo por meio da análise do trabalho de autores relacionados à vanguarda paulista (Luiz Tatit); à ‘estética do frio” gaúcha (Vitor Ramil); à canção contemporânea no limiar do pop e da eletrônica (Céu); e hip hop (Mano Brown). Para o organizador, “ao invés de ficar falando dos mesmos de sempre”, desse modo “amplia-se o alcance da crítica”.
Lacerda destaca também a importância do nome de Rogério Skylab, cuja obra extensa e variada transmite, segundo o pesquisador, “um sentimento profundo da canção brasileira e da invenção formal”. Lacerda ressalta que o compositor é, ainda um dos analistas de música mais bem preparados que conhece. “Sua obra crítica é a minha maior influência para a estruturação conceitual do livro”, finaliza.
Espaço para a renovação na música
A ideia de realização do projeto, mesmo após a gestão de Marcos Lacerda, deve-se à proposta de continuidade do atual diretor do Centro da Música da Funarte, Marcos Souza, quanto a um conceito: trabalhar sobre a música contemporânea e divulgá-la. “A canção brasileira vem passando por um processo de renovação há décadas”, salienta o gestor. Ele considera que, por isso, é importante valorizar de modo especial os ambientes mais inventivos dessas novas manifestações musicais.
“O projeto reforça a política de incentivo à pesquisa e produção de conhecimento da Funarte – estratégia de grande importância”, observa a coordenadora de Música Popular da fundação, Eulícia Esteves.
Os ensaios são: A terceira pessoa em Luiz Tatit, (Rogério Skylab); Vitor Ramil: o artista da “estética do frio” (Luis Rubira); Um baque (Paulo Almeida) – ensaio sobre o músico Thiago Amud; Céu: no tempo da canção expandida (Pérola Mathias); Vim pra sabotar seu raciocínio: a fúria negra periférica dos Racionais MC’s (Acauam Oliveira); e Eunice Katunda no cenário da música brasileira: um ensaio biográfico-crítico (Iracele Livero).
Perfis Musicais: a canção como música de invenção
Livro digital
Organização: Marcos Lacerda
Edição: Fundação Nacional de Artes — Funarte