Projetos contemplados pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009 trazem à capital paulista, em diferentes mídias e linguagens, a diversidade cultural do homem brasileiro.
A partir de 1º de maio de 2010, duas exposições que têm no cotidiano humano a base de sua criação e propõem o intercâmbio nacional das artes visuais em suas diversas tendências, linguagens e mídias, passam a ocupar as galerias Mário Schenberg e Flávio de Carvalho do Complexo Cultural Funarte São Paulo. São elas Fala dos Confins, instalação sonora da artista baiana Virginia de Medeiros, e a exposição multimídia O beatnik de Boa Viagem, do carioca Fernando Peres, que desde 1991 mora na capital pernambucana.
Fala dos Confins: diálogo com o sertão da Bahia
Virginia de Medeiros exporá na Funarte a instalação sonora Fala dos Confins, ambientada numa perua Kombi que já ganhou até nome de batismo: Catarina. Foi com este veículo que ela percorreu por 20 dias, em março, municípios da Bacia de Jacuípe, no sertão da Bahia (com passagem por Feira de Santana, sua cidade natal). Ao longo desta trajetória, a artista arregimentou colaboradores para seu trabalho de documentação do repertório oral do povo sertanejo. É assim que chegam a São Paulo, por meio de fones de ouvido e projeções de vídeo, alguns dos “causos” contados em viva voz por sertanejos como Zé Moeda e Seu Zinho, o marido de Dona Loura.
O trabalho de Virginia de Medeiros nasce do diálogo com “todos aqueles que fazem do ato de falar um ato criativo”: pessoas comuns, poetas populares, cordelistas, romanceiros, contadores de histórias e de lendas. “É este o tipo de convívio que me impulsiona em direção ao outro, experiência fronteiriça entre a antropologia, a literatura, as artes visuais e o documentário”, descreve a artista, já consagrada por trabalhos anteriores também fundamentados no repertório humano. Em 2003, por exemplo, Virginia montou um estúdio-instalação no centro de Salvador, onde entrevistava travestis e fazia, para elas, books fotográficos. As situações vivenciadas neste trabalho serviram de base para a obra Como viver juntos, apresentada na 27ª Bienal de São Paulo, em 2006.
O beatnik de Boa Viagem: informações em trânsito
Também a partir de 1º de maio, a Galeria Mário Schenberg do Complexo Cultural Funarte São Paulo recebe a exposição multimídia O beatnik de Boa Viagem, uma alusão ao fluxo de informações “digeridas de forma singular” em cada região do país.
Com curadoria crítica de Luísa Duarte (RJ), a exposição permanecerá na Funarte até 27 de junho e agrega, a 30 trabalhos já desenvolvidos pelo artista plástico e videografista Fernando Peres ao longo dos últimos dez anos, outros que serão concebidos na própria cidade de São Paulo, “fechando assim um ciclo que absorve, mastiga e devolve ao público uma visão ímpar da megalópole, do nordeste e do mundo”, define Peres.
Para esta exposição, o artista mistura seu universo de trabalho, repleto de informações e de temas (personagens fictícios, relações pessoais, sátiras, ciências, política, etc) e mobiliza várias mídias e linguagens — como desenhos, vídeos, pintura, objetos e agendas. Juntos, estes recursos “comentam, citam, se apropriam, desconstroem e ironizam aspectos diversos do cotidiano humano: relações pessoais, filmes, fatos, personagens reais, fictícios, teorias, imagens, ciência e tantos outros”.
O beatnik de Boa Viagem é uma parceria com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e dirige-se a pesquisadores, artistas, críticos, curadores, galeristas, marchands, cientistas, sociólogos, professores de arte, jornalistas, arte-educadores, antropólogos, estudantes e todo o público interessado em arte contemporânea.
Integram a equipe responsável pela mostra a produtora executiva Rosa Melo (PE) e a produtora de montagem e vídeo-documentarista Irma Brown (PE). A concepção artística, criação e coordenação é do próprio Fernando Peres, que também realizará, em São Paulo, palestra-performance sobre sua vida profissional, trocando experiências com outros artistas, arte-educadores, produtores culturais e público.
Local: Complexo Cultural Funarte SP – Alameda Nothmann 1058 – Campos Elíseos – São Paulo.
Data: abertura: 01 de maio das 15h às 20h.
Informações: 11 – 3662- 5177 – Entrada Franca/ Classificação Etária: Livre