Aberta convocatória para residência artística do Iberescena, em Belo Horizonte (MG)

Jill Greenhalgh - Foto: Renato Mangolin

O grupo O Trem Companhia de Teatro, de Belo Horizonte (MG), abriu convocatória para projeto de residência artística O Levante! – Encontro de Mulheres para Criação Cênica em Residência, contemplado pelo Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-americanas (Iberescena) – representado no Brasil pela Fundação Nacional de Artes – Funarte. A residência faz parte do Festival Internacional de Mulheres em Cena. As inscrições estão abertas até o dia 4 de agosto.

O projeto vai reunir quatro diretoras de teatro, de países distintos. São elas: Violeta Luna, do México; Jill Greenhalgh, do Reino Unido; Verónica Mato, do Uruguai, e Lívia Gaudencio, do Brasil. A sede do grupo, em Minas Gerais (BR), será utilizada como o centro de criação para as artistas e suas alunas. As informações sobre o edital e as inscrições estão disponíveis, aqui. As inscrições serão recebidas até o dia 4 de agosto, às 23h59m. Ao inscrever-se, a artista deverá escolher entre uma das três diretoras convidadas, de acordo com seu alinhamento com a respectiva proposta de investigação artística.

O objetivo do projeto O Levante! – Encontro de Mulheres para Criação Cênica em Residência é realizar processos de criação cênica em residência e em sistema de imersão, a fim de promover a convivência e fomentar a integração das participantes. Aliado a isso, as responsáveis pretendem desenvolver trabalhos artísticos de mulheres e proporcionar um espaço de visibilidade e compartilhamento entre artistas de trajetórias diversas e de culturas distintas.

As residências, Buried, de Jill Greenhalgh (UK), Mapa, de Verónica Mato (UY), e O Corpo: Território e Fronteira, de Violeta Luna (MX) vão ser realizadas nos dias 10, 12, 13, 14 de setembro, das 9h às 12h, e no dia 15, o dia inteiro. O intuito das diretoras convidadas é trabalhar o lado artístico e criativo das mulheres, inclusive das selecionadas pelo edital que são oriundas de países membros do Iberescena. Serão escolhidas 10 artistas para cada uma das residências, totalizando 30 artistas selecionadas. No domingo, dia 15 de setembro, vai haver uma mostra de resultados aberta ao público.

Sobre as residências

1 – Buried, de Jill Greenhalgh (Reino Unido)

O projeto é um laboratório para começar a explorar as respostas individuais e coletivas para a palavra “enterrado”. Enterradas memórias, segredos enterrados, erros enterrados, corpos enterrados, dor enterrada, provas enterradas, tesouro enterrado. O trabalho assumirá o conjunto das respostas individuais das artistas participantes para esta palavra. Pode ser uma celebração do que acontece quando enterramos sementes no solo. Ou uma reflexão sobre o enterro e preservação de antiguidades sob a lava. Também pode ser uma resposta para as recentes catástrofes trágicas que ocorreram na região, onde uma homenagem precisa ser prestada – o que quer que incendeie a imaginação das artistas criadoras. As artistas participantes deverão fazer uma pesquisa e reflexão sobre o tema “enterrado”, além de reunir e trazer, para o primeiro dia de residência, imagens, textos, objetos e idéias que queiram trabalhar. Os materiais que as artistas reunirem, individualmente, serão dirigidos durante a semana.

Jill Greenhalgh atua no teatro desde 1978. Sua carreira como atriz, diretora e produtora concentrou-se na prática experimental e no interesse específico no trabalho desenvolvido por mulheres. Essa experiência resultou na fundação do The Magdalena Project – Rede Internacional de Mulheres no Teatro Contemporâneo (1986). A rede tem crescido desde então, tendo atividades em 25 países. Jill permanece como diretora artística fundadora e também faz turnês com suas performances, oferecendo workshops pela Europa, Austrália, Ásia e Américas. As performances mais recentes dirigidas por Jill incluem:  Las Sin Tierra 7 – Tentativas de cruzamentos do Estreito de Gibraltar, uma peça dedicada a migrantes que arriscaram suas vidas para encontrar trabalho na Europa;  The Water(War)s, uma investigação a longo prazo em colaboração com diferentes grupos de artistas mulheres em todo o mundo; The Acts – Vigia, criada em resposta aos assassinatos de centenas de mulheres jovens em torno da fronteira do México, na cidade de Juarez; The Threat of Silence, que investiga a quietude e a paisagem, e Daughter, um projeto feito com as comunidades locais de artistas e não-artistas, focando em histórias pessoais de relações mãe-filha. Estas performances já foram apresentadas em Cuba, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina, Espanha, Dinamarca, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Singapura, Austrália, Índia e Japão. Estudou performance no Dartington College of Arts, em Devon, Inglaterra (1974 a 1976), e foi membro do Teatro Laboratório de Cardiff (1979 a 1986). Durante este tempo a artista também treinou e colaborou com o Odin Teatret (Dinamarca), Laboratorium de Grotowski (Polônia), Akademie Ruchu (Polónia), Roy Hart Theatre (França), Piccolo Teatro di Pontedera (Itália), Frankie Armstrong (Reino Unido), entre outros. Jill foi docente em Performance Studies na University of Wales, Aberystwyth, de 2002 a 2016, especializando-se em performance física e treinamento de atores.

2 – O Corpo: Território e Fronteira, de Violeta Luna (México)

A residência propõe investigar as relações dos corpos inseridos nos contextos culturais onde estão ou de onde provém. O corpo território político. O corpo, território simbólico. Quantos são esses territórios? O corpo com seus fluidos biológicos. O corpo no limite. O corpo-ponte que se liga e que se sente. O corpo-fronteira que separa ou exclui. As participantes utilizarão seus corpos como território de criação e desenvolverão ações a partir de suas complexidades pessoais de memória, identidade e sentido social individual de raça, gênero e sexualidade. Alguns dos parâmetros das experiências na residência serão: O Corpo (exercícios práticos de presença e energia interna); O Espaço (relação com o entorno, intervenção de espaços públicos e privados); O Tempo (real, ficcional e ritual); A Ação (criação in situ, reação, estímulos reais e fictícios, e manipulação do acaso); Relação com outros corpos (corpos de outros artistas em cena, interação com o público ou com os corpos inanimados de objetos, por exemplo).

Violeta Luna é uma performer e ativista cujo trabalho explora as relações entre o teatro, a arte da performance e o compromisso comunitário. A artista usa o corpo como um território para questionar e comentar sobre fenômenos sociais e políticos. Luna se formou em Interpretação pelo Centro Universitário de Teatro da UNAM e La Casa del Teatro, na Cidade do México. Integra a rede Magdalena Project e é artista associada dos coletivos de performance La Pocha Nostra e Secos & Molhados.

Violeta Luna – Foto: Divulgação

3 – Mapa, de Verónica Mato (Uruguai)

A residência propõe um processo criativo, onde cada participante desenvolva uma proposta artística de construção (e desconstrução) de uma cartografia pessoal, que irá funcionar em possibilidades de mapeamento interno e externo: Eu (território biológico, mental, emocional, pessoal); Pele (limite, textura, o que é visível); Contexto (outro, diferente território vivo), e Mapeamento social, político, emocional, sensorial, linguístico, biológico, histórico. O corpus narrativo terá a forma de arte final que cada participante escolher (dramaturgia, coreografia, cena, performance e audiovisual).

O procedimento de trabalho se dará em várias etapas. Duas semanas antes do início da residência será compartilhado o material bibliográfico, leituras e vários materiais que permitem uma introdução ao assunto. Uma semana antes da partida será dada uma premissa de trabalho para que cada participante possa desenvolver sua arte. Começando a residência, haverá exercícios para que as artistas desenvolvam um projeto criativo que será compartilhado com o público no final do processo.

Verónica Mato é atriz, dramaturga, encenadora e gestora cultural. Graduada em arte dramática pela EMAD. Estudou dramaturgia com Mauricio Kartun (Argentina) e gestão cultural na CLAEH. Participou de importantes festivais internacionais na América Latina: Santiago a Mil, FIBA e Mirada (Brasil). Autora dos textos Y él se fue soñando contigo, Sánchez, Do you really want to see me crying, Santa Rosa, Yo cual Delmira e Pedro Infante no ha muerto. Nomeada para o prêmio Florencio como Revelação e Melhor Texto (2009). Yo qual Delmira estreou em 2014 e foi vencedor do Fondo Concursable na categoria Criação. Realizou uma turnê no México e participou de festivais no Chile, Argentina, Brasil, Colômbia, Alemanha e Espanha (Valência, Barcelona, Girona, Logroño). Em 2016, lançou Pedro Infante não morreu, projeto selecionado pelo programa Iberescena para coproduccion-Ibero-americana, Uruguai – México, com a presença de artistas uruguaios, mexicanos e espanhóis. Ganhadora do primeiro prêmio inédito de teatro COFONTE – AGADU 2012 com o trabalho Santa Rosa. Foi dirigida pela Comédia Nacional, realizando uma montagem na sala Zavala Muniz do Teatro Solís (2013-2014). Também a partir de 2018, fez uma residência artística na cidade de Beja, no Festival do Alentejo, em Portugal. Foi convidada pela faculdade de Ciências Humanas – UDELAR a fazer uma apresentação no teatro Colóquio, onde apresentou O eu como discurso.

Sobre o Iberescena

O Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-americanas (Iberescena) tem por missão promover o circo, a dança e o teatro ibero-americanos e favorecer o aperfeiçoamento de profissionais destas áreas, nos países que o integram, incentivando, ainda, a troca de informações e conhecimentos. Além do Brasil, que integra o Iberescena desde 2010, outros treze países fazem parte do programa: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Espanha, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Todos atuam em conjunto com a Secretaria Geral Ibero-americana e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento.

A Fundação Nacional de Artes – Funarte é a instituição que representa o Brasil no Fundo, sendo essa uma de suas mais abrangentes ações de internacionalização.

Leia mais sobre o Iberescena, aqui

Serviço:

O Levante! – Encontro de Mulheres para Criação Cênica em Residência

Edital e inscrições, aqui

Mais informações e dúvidas, favor enviar e-mail para olevantefestival@gmail.com

 

E-flyer residência artística contemplada pelo Iberescena