Helena Teixeira Rios expõe na Funarte MG

A Funarte MG recebe a exposição País Denso: Velaturas’, de Helena Teixeira Rios, a partir do dia 22 de agosto, quinta-feira, às 18h. A abertura da mostra conta ainda com o lançamento de um livro sobre o trabalho, com curadoria de Eder Chiodetto e Fabiana Bruno. A obra integra o projeto, contemplado no Edital Paralelos Artes Visuais Funarte – Atos Visuais Funarte MG, em 2018. Com entrada franca, a visitação fica aberta até 25 de setembro.

O conjunto é composto por fotografias, trabalhadas por meio de várias técnicas e aplicadas com jato de tinta em papel algodão. As imagens foram coletadas durante a viagem da artista visual a Israel, em 2018. Ela percorreu Jerusalém, Tel Aviv, Acre, Haifa, Safed, Massada e Nazaré – “locais que remontam ao quarto milênio a.C”, observa a Helena. “Jerusalém foi destruída pelos efeitos de guerras pelo menos duas vezes, sitiada em 23 oportunidades, atacada em 52 momentos e capturada e recapturada 44 vezes”, acrescenta. Diante de tal perspectiva, a artista se viu diante de um problema que, segundo ela, aflige qualquer fotógrafo “que se aventura na difícil missão de traduzir em imagens a história de uma determinada localidade”.

Sendo Israel esse local, o problema se multiplicou: “Berço das três grande religiões monoteístas, cada esquina, cada prédio, monumento ou ruína pode ter múltiplos significados para judeus, muçulmanos ou cristãos. Território político e religioso cuja existência se dá em camadas simbólicas invisíveis, sempre pautadas por muita fé e disputa por primazias”, comentam Eder Chiodetto e Fabiana Bruno, curadores do livro Velatura, sobre a mostra.

A criação de uma narrativa visual a partir da fotografia

O geógrafo Milton Santos acrescenta: “Olhar para um território ocupado é um exercício intrincado de percepção de muitas camadas que revelam apenas superficialmente sua perspectiva histórica, invariavelmente marcada por embates entre o homem e a natureza e entre os homens e suas ideologias. Essas últimas encobrem hierarquias de poder, crenças e a imposição da força que transformam sobremaneira o espaço ocupado, dando-lhe distintas formas, organização de fluxos e múltiplos significados. Logo, todo território é como uma fotografia momentânea e fugaz que em seu suporte bidimensional inevitavelmente falha ao tentar apreender e representar, num átimo, esses atravessamentos desiguais de tempos”.

De volta ao seu ateliê, ao lidar com as fotografias, a artista se viu diante de um dilema: “como pode um fotógrafo descortinar em suas imagens aquilo que está oculto numa paisagem histórica?”. Foi nesse impasse que ela considerou que as imagens deveriam ser modeladas, para que fosse criada “uma instância visual e narrativa” que desse conta de suas percepções. As imagens foram sendo transfiguradas, até ganharem “um novo dinamismo”, pelo emprego de camadas de tinta, ranhuras, sobreposições, aquarelas que auxiliaram a gerar uma pátina atemporal, rebaixamentos e ocultamentos de determinados referentes.

Fotografia como arte: objetividade e subjetividade

“O olhar indicial da fotografia de caráter documental foi mitigado pelas estratégias experimentais, resultando num território repleto de interditos, velaturas e dubiedades. Para refletir acerca de um espaço geográfico e histórico repleto de pontos de vistas muitas vezes contraditórios e excludentes, Helena criou, de forma correlata, um sistema de representação híbrido. As fotografias com interferências rememoram as experimentações que os ex-pintores e neo-fotógrafos, do final do século XIX, realizavam com o intuito de criar obras únicas, num momento em que a reprodutibilidade da imagem tirava da fotografia o status de arte. Após 180 anos da invenção da fotografia e de muitos tabus que a linguagem precisou derrubar para ser incorporada definitivamente no circuito oficial de arte, atingimos um grau evolutivo da narrativa no qual a porosidade entre arte e documento, pesquisa e ensaio, conseguem conviver harmonicamente, no mesmo conjunto de imagens, sem necessariamente contrapor a objetividade com a subjetividade, a certeza com a dúvida”, dissertam Eder Chiodetto e Fabiana Bruno.

País Denso: Velaturas
Exposição de Helena Teixeira Rios
Abertura
Lançamento do livro Velaturas, com curadoria de Eder Chiodetto e Fabiana Bruno

22 de agosto de 2019, quinta-feira, às 18h

Visitação: de quarta-feira a domingo, das 13h30 às 22h

Funarte MG
Rua Januária, 68, Centro
Belo Horizonte (MG)
Entrada gratuita

Informações ao público:
Dia:21 de agosto de 2019
Horário: Evento de dia inteiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *