Espetáculos e rodas de conversa marcam a realização do Mutatis pela Funarte São Paulo

Crianças e adolescentes, violência contra a mulher, saúde mental e drogas: com estes temas o evento propõe uma reflexão sobre a população em situação de rua.

A Funarte São Paulo apresenta, em setembro, o projeto Mutatis, que visa discutir temas relacionados à problemática das pessoas em situação de rua e sua reintegração social por meio da arte e da ação cultural. O evento – que tem entrada franca – conta com a participação de entidades que desenvolvem trabalhos sociais e artísticos, Pontos de Cultura, convidados especiais (grupos, personalidades e profissionais ligados aos temas em questão) e pessoas da comunidade (sobretudo residentes no entorno da Funarte, região que convive com a questão da população de rua).

O Mutatis será realizado nos dias 2, 3, 4 e 5 de setembro, quinta e sexta (das 19h às 22h), sábado e domingo (das 16h às 19h), no Complexo Cultural Funarte São Paulo. A cada dia será discutido um tema diferente, respectivamente: Crianças e adolescentes em situação de rua; Violência contra a mulher em situação de rua; Saúde Mental e Drogas; e Um novo olhar para a população em situação de rua.

As atividades serão sempre iniciadas pela apresentação de um espetáculo artístico, realizado pelas instituições convidadas: Instituto Religare (dias 2 e 5), Bloco Afro Ilú Obá De Min (dia 3) e Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene (dia 4). Na sequência de cada espetáculo, inicia-se uma Roda de Conversa, aberta a todos os presentes e com a participação de convidados especiais.

Várias personalidades e instituições já confirmaram seu apoio e presença nos encontros. Para a abertura do evento, está prevista a participação do presidente da Funarte, Sérgio Mamberti, da vice-prefeita de São Paulo e secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Alda Marco Antonio, dos deputados federais Luiza Erundina e Paulo Teixeira, além de Antônio Sérgio Gonçalves (CENPEC, Centro de Estudos e Pesq. em Educação, Cultura e Ação Comunitária), Ariel de Castro Alves (Fundação Criança de São Bernardo do Campo), Fernanda Vargas (CEDECA, Centro de Defesa da Criança e do Adolescente), Lúcio França (Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e Comissão Est. de Def. dos Direitos da Pessoa Humana), Magda Crudelli (arte-educadora), Maria Inez Waack (cientista social) e Rose Nogueira (Grupo Tortura Nunca Mais).

No segundo dia, participarão representantes da Pastoral Carcerária e Esmeralda Ortiz (autora do livro Porque não dancei). O terceiro terá a presença de Dirce de Assis Rudge (Espaço Comunitário Comenius), Helena Lima (autora do livro Nem Tudo é Doença), Luca Santoro (CDR, Coordenadoria de Atenção às Drogas), Paulo Almeida (poeta) e Tula Pilar Ferreira (poeta, dançarina e agente social). No quarto dia, haverá uma retomada dos assuntos discutidos anteriormente, com a participação de Maria Inês Gabriel (CRAS, Centro de Referência e Ass. Social). São convidados especiais, em todos os encontros, os Pontos de Cultura: Raso da Catarina, Mais Gente, Instituto Pólis e Ato Cidadão. O evento conta ainda com o apoio do Espaço de Convivência Santa Cecília ligado à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de São Paulo.

Segundo Esther Góes, representante regional da Funarte São Paulo, “o Mutatis foi pensado para chamar à reflexão todas as pessoas envolvidas nesta questão social, abrindo caminho para novas ações e novas reflexões sobre a situação de rua”.

O estímulo para a realização desse projeto foi a situação social, visivelmente precária, no entorno dos espaços culturais da Funarte São Paulo (que inclui o Complexo Cultural, o Teatro de Arena Eugênio Kusnet e o TBC – Teatro Brasileiro de Comédia). Desde o início de 2008, vem sendo realizadas reuniões com ONGs e Pontos de Cultura da região, a fim de integrar essas entidades às ações da Funarte, sobretudo a partir do viés das atividades culturais.

Projeto: Mutatis

Dias 2, 3, 4 e 5 de setembro

Quinta e sexta (19h às 22h), sábado e domingo (16h às 19h)

Local: Funarte São Paulo

Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos/SP – Tel: (11) 3662-5177

Entrada Franca – Classificação etária: livre – Duração: 180 min.

2 de setembro (quinta-feira) – 19h às 22h

Roda de conversa: Crianças e adolescentes em situação de rua

Convidado: Instituto Religare

Apresentação: espetáculo teatral “Mutatis”

Convidados especiais:

Sérgio Mamberti (Pres. da Funarte), Vice-prefeita de São Paulo Alda Marco Antonio, dep. federal Paulo Teixeira, dep. federal Luiza Erundina, Magda Crudelli (arte-educadora), Antônio Sérgio Gonçalves (CENPEC), Maria Inez Waack (cientista social), Fernanda Vargas (CEDECA), Ariel de Castro Alves (Fundação Criança de São B. do Campo), Lúcio França (OAB) e Rose Nogueira (Grupo Tortura Nunca Mais).

Espetáculo: “Mutatis” – Com: Grupo de Teatro Religare – Texto: Peterson Xavier – Direção e figurino: Valéria Di Pietro – Músicas: Edvaldo Santana e Jarbas Mariz & Célio Pires

Duração: 60 min – Classificação etária: 10 anos – Gênero: drama

O espetáculo “Mutatis” conta a trajetória dos jovens envolvidos no grupo, desde os “tempos sombrios” (privados de liberdade) até os “tempos de transformação” (a partir da arte). Seus questionamentos e seus sonhos, traduzidos para a linguagem do teatro, são relatos da coragem que gerou uma estratégia de enfrentamento à oferta de marginalidade. A montagem utiliza, além da linguagem verbal, trabalho corporal com coreografias desenvolvidas pelo grupo que partiu de oficinas de danças urbanas, danças populares brasileiras e teatro físico. As músicas da trilha são de Edvaldo Santana (uma delas é assinada por Jarbas Mariz e Célio Pires) e há um poema final de Maiakovski.

A peça se insere no teatro de atitudes e opiniões, a partir da vivência do grupo, e faz parte de uma tendência que não pretende só o entretenimento nem só a reflexão, mas a ação. Demonstrando que a arte possibilita uma inserção provocadora, quebrando paradigmas e proporcionando atitudes significativas para uma sociedade moderna mais solidária, saudável e civilizada, o propósito é o de provocar ações e reações em torno de um assunto polêmico que vai ao encontro dos interesses da coletividade.

3 de setembro (sexta-feira) – 19h às 22h

Roda de conversa: Violência contra a mulher em situação de rua

Convidado: Ilú Obá De Min

Convidados especiais:

Pastoral Carcerária e Esmeralda Ortiz (autora do livro Porque não dancei).

O bloco afro Ilú Obá De Min fará um cortejo pelas ruas do bairro Campos Elíseos, saindo da sede do Ponto de Cultura Ilú Ònà Caminhos do Tambor (Al. Eduardo Prado, nº 342), às 18 horas, seguindo em direção ao Complexo Cultural Funarte, onde fará sua apresentação. O bloco afro pretende sensibilizar a comunidade do entorno para participar do Mutatis, acompanhando o cortejo.

No pátio da Funarte, o grupo toca, dança e interpreta cânticos dos orixás e canções próprias. Algumas integrantes do Ilú Obá farão relatos sobre a violência praticada contra a mulher.

4 de setembro (sábado) – 16h às 19h

Roda de conversa: Saúde mental e drogas

Convidado: Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene

Convidados especiais:

Luca Santoro (CDR), Dra. Dirce de Assis Rudge (Espaço Comenius), Tula Pilar Ferreira (agente de saúde), Paulo Almeida e Helena Lima (autora do livro Nem Tudo é Doença).

A Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene (14 integrantes) mostra a versatilidade do instrumento, interpretando toques da capoeira e ritmos da música brasileira, com arranjos e regência do mestre Dinho Nascimento. Os berimbaus são cuidadosamente afinados e agrupados em naipes: berimbau gunga ou berra-boi (som grave), de centro (som médio) e o viola ou violinha (som mais agudo). O “berimbum”, com som muito grave, é tocado com arco de violoncelo e o “berimbau de lata”, também tocado com arco, mais parece uma rabeca.

Vozes entoam os versos das ladainhas, corridos, chulas, sambas e samba-de-roda. Alguns instrumentos como o guimbarde ou trump (berimbau de boca), agogô, pandeiro, reco-reco, ganzá, triângulo, atabaque, matraca, efeitos diversos e palmas completam a sonoridade.  Dinho Nascimento e a Orquestra de Berimbaus trabalham, há três anos, junto à comunidade do Morro do Querosene. Todos os instrumentos são feitos por eles, explorando a sonoridade tribal e as possibilidades de diversificar na confecção dos berimbaus e reafirmando o respeito ao meio ambiente. “O trabalho com o berimbau vai muito além da capoeira; ele é um elemento transformador, tanto musical como social”, afirma o maestro.

5 de setembro (domingo) – 16h às 19h

Roda de conversa: Um novo olhar para a população em situação de rua

Convidado: Instituto Religare

Apresentação: espetáculo teatral “Mutatis”

Convidados especiais:

Maria Inês Gabriel (CRAS).

Tanto para o primeiro como para quarto dia, em que serão tratados os temas relacionados aos jovens e crianças em situação de rua, foi escolhido o espetáculo “Mutatis”, nome homônimo ao projeto, apresentado por jovens do Instituto Religare.


As Instituições convidadas:

Instituto Religare

O Instituto Religare foi criado, em 2002, com o objetivo de acolher jovens que cumpriram medidas sócio-educativas, proporcionando-lhes a oportunidade de realizar atividades artísticas e viver em sociedade. Alguns anos depois, o instituto passou a receber também jovens de baixa renda provenientes de diversas comunidades, regiões de alto risco. Atualmente, o Religare promove o resgate da identidade cultural, desenvolve ações no campo das artes (oficinas de teatro, dança, artes plásticas e musicalidade), atua como facilitador da difusão e da inclusão cultural e procura suavizar os dramas que pautam o cotidiano de jovens em situação de risco social. O instituto também viabiliza a geração de renda para os jovens, colocando-os no mercado de trabalho de modo diferenciado. No final de 2005, recebeu a qualificação de Ponto de Cultura e, a partir daí, seu grupo teatral – que nasceu dentro da Febem/SP – integrou-se com sucesso à comunidade. O Grupo de Teatro Religare já encenou mais de 10 espetáculos, entre eles o Mutatis.

Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene

Atualmente, a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene é formada por 14 integrantes – mestres, professores de capoeira e pessoas da comunidade do bairro do Butantã – e atua sob a regência do Maestro Dinho Nascimento. A ideia de formar uma orquestra surgiu nos encontros informais que aconteciam na praça do Morro do Querosene, tradicional reduto de cultura popular e palco de manifestações como bumba-meu-boi, capoeira, mamulengos, tambor de crioula, samba de roda, maracatu e outras. Dinho e alguns amigos lá se reuniam para tocar, jogar capoeira e passar seus ensinamentos aos mais jovens e outros recém-chegados. Em 2000, Dinho dirigiu a Orquestra de Berimbaus, do espetáculo étnico, apresentado aos presidentes dos países participantes da XIX Reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, em Florianópolis (SC).

A orquestra participou de importantes eventos como: 452º Aniversário de São Paulo (em 2006), regida por Aluá Nascimento; Oficinas de Percussão do PercPan 2007; Festival Internacional de Percussão; SESCs SP; Festival da Juventude (Memorial da América Latina); Off-FLIP (paralela à Feira de Literatura Internacional de Paraty); Virada Cultural; marquise do MAM (RJ); Pepsi-on-Stage (Porto Alegre); Centro Cultural Dragão do Mar (Fortaleza); Centro Cultural da Marinha e outros. Em 2009, a Orquestra de Berimbaus foi contemplada com o título de Ponto de Cultura e também selecionada pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria Estadual da Cultura para gravação de disco inédito, que será lançado em breve (Sinfonia de Arame).

Bloco Afro Ilú Obá De Min

O Bloco Afro Ilú Obá De Min, fundado em 2004, busca difundir a cultura afro-brasileira por meio da música e da dança, inspirando-se em estudo do candomblé e de outros ritmos africanos. Contemplado com o título de Ponto de Cultura, suas apresentações levam para o público um pouco da cultura oriunda das matrizes africanas e afro-brasileiras, além de trabalhar em prol do fortalecimento individual e coletivo das mulheres na sociedade, levado em conta a sua realidade familiar.

Mais informações: Funarte São Paulo

comunicacaosp@funarte.gov.br

(11) 3662-5177

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