‘Encontro de Mulheres para Criação Cênica em Residência’ entra em reta final

Violeta Luna. Foto: Cleide de Oliveira (editada)

Integrante do Festival Internacional de Mulheres em Cena, O Levante! – Encontro de Mulheres para Criação Cênica em Residência desenvolve, de 10 a 14 de setembro de 2019, de terça a sexta-feira, três residências artísticas em MG. Contemplado no Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-americanas (Iberescena), em parceria com a Fundação Nacional de Artes – Funarte, o projeto inclui uma mostra dos resultados aberta ao público, seguida de um debate, no dia 15, sábado, às 16h, no Teatro Marília, em Santa Efigênia, Belo Horizonte.

As residências compõem um laboratório para a produção de obras individuais e coletivas de dança, teatroe performance – com possível integração com técnicas vídeo e artes plásticas – sob um olhar do gênero feminino. As artistas participantes alinharam-se à proposta de pesquisa e trabalho de uma entre três diretoras convidadas, Jill Greenhald (Reino Unido), Violeta Luna (México) e Verónica Mato (Uruguai). Cada uma coordena uma residência. Os resultados destas será exposto ao público, na apresentação do dia 15.

Residência Buried, de Jill Greenhald – Reino Unido
Para o processo criativo, as integrantes fizeram uma pesquisa, com reflexão sobre a palavra “enterrado”. Em seguida levam esse material para o primeiro dia do processo. Cada residente trabalha com um monte de terra (de 50 a 100 litros cada) e uma cadeira e, a partir desses dois suportes, procura desenvolver uma obra criativa. A curadoria sugere alguns conceitos podem inspirar os trabalhos, tais como: “memórias”, “segredos”, “erros”, “dor” e “provas”; ou ideias como “corpos enterrados” e “tesouros enterrados”. A proposta é que os resultados assimilem o conjunto criado pelas participantes. “Pode ser uma celebração do que acontece quando enterramos sementes no solo. Ou uma reflexão sobre o enterro e preservação de antiguidades sob a lama. Também pode ser uma resposta para as recentes catástrofes trágicas que ocorreram [nesta região de MG], onde uma homenagem precisa ser prestada – o que quer que incendeie a imaginação das artistas/criadoras”, informa a produção.

Sobre a diretora – Jill Greenhalg atua em teatro desde 1978. Sua carreira como atriz, diretora e produtora concentrou-se na prática experimental. Seu interesse específico no trabalho desenvolvido por mulheres resultou, em 1986, na fundação da rede The Magdalena Project – Rede Internacional de Mulheres no Teatro Contemporâneo. Esta tem crescido desde então, agora com atividades em 25 países. Greenhalg permanece como diretora artística fundadora e também faz turnês com performances, oferecendo oficinas pela Europa, Oceania, Ásia e nas Américas. Foi docente em Estudos da Performance University of Wales – Aberystwyth (País de Gales), de 2002 a 2016, com especialização em performance física e treinamento de atores.

Residência O Corpo: Território e Fronteira, de Violeta Luna (México)
A proposta da residência é promover uma investigação: das relações entre os corpos e os contextos culturais onde estão inseridos e entre o corpo e seus fluidos biológicos; e sobre o corpo-ponte, “que se liga e que sente”, o corpo-fronteira, “que separa ou exclui”; sobre “o corpo no limite”; e a respeito do corpo como território político ou simbólico – questionando: quantos são esses territórios? As artistas utilizam seus corpos como instrumento de criação e desenvolvem ações a partir de suas complexidades pessoais. Alguns dos parâmetros experimentados na residência são: O Corpo – exercícios práticos de presença e energia interna; O Espaço – relação com o entorno, intervenção de espaços públicos e privados; O Tempo – real, ficcional e ritual; A Ação – criação “in situ”, reação, estímulos reais e fictícios, e manipulação do acaso; Relação com outros corpos – interação com os corpos de outros artistas em cena, com o público ou com “corpos” de objetos, por exemplo.

Sobre a diretora – Violeta Luna é uma performer cujo trabalho explora as relações entre o teatro, a arte da performance e o compromisso com a comunidade. Para isso, utiliza seu corpo como um “território” para questionar fenômenos sociais e políticos. Formou-se em interpretação pelo Centro Universitário de Teatro da UNAM e La Casa del Teatro, na Cidade do México. Integra a rede Magdalena Project (citada acima). É artista associada dos coletivos de performance La Pocha Nostra e Secos & Molhados.

Residência Mapa, de Verónica Mato (Uruguai)
O trabalho consiste na realização de um processo criativo, no qual as artistas desenvolvem uma proposta artística para construção e desconstrução de uma “cartografia pessoal”, que que funcione a partir das possibilidades de “mapeamento” das dimensões interna e externa de cada participante. Mato propõe os seguintes conceitos como base para a criação: “Eu – território biológico, mental, emocional, pessoal”; “Pele – limite, textura, o que é visível”,  “Contexto – outro, diferente território vivo” e “Mapeamento social – político, emocional, sensorial, linguístico, biológico, histórico”. A narrativa das participantes se expressa na forma de arte que cada uma preferir, como dramaturgia, coreografia, encenação, performance, audiovisual.

A atividade se dá em várias etapas: duas semanas antes da residência foram compartilhados bibliografia e textos que introduziram o assunto. Uma semana antes do início da ação foi fornecida uma premissa de trabalho para cada participante, para o desenvolvimento dos trabalhos. Na residência haverá exercícios que estimulam as artistas desenvolverem seus projetos criativos.

Sobre a diretora – Verónica Mato é atriz, dramaturga, encenadora e gestora cultural, graduada em Arte Dramática pela Escuela Multidisciplinaria de Arte Dramático Margarita Xirgu (EMAD) – Uruguai. Estudou dramaturgia com Mauricio Kartun (Argentina) e gestão cultural na Centro Latinoamericano de Economia Humana (Claeh) – URU. Participou de importantes festivais internacionais na América Latina: Santiago a Mil (Chile), Festival Internacional de Buenos Aires (FIBA) e Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas (Brasil). Autora de várias peças, foi indicada para o Premio Florencio Sánchez 2009 (URU), como Revelação e Melhor Texto; contemplada no primeiro prêmio Cofonte – Agadu (2012) e, pelo Ministério da Cultura do Uruguai, no Fondo Concursable 2014, na categoria Criação. Participou de quatro festivais na Espanha e de vários outros, em países como Alemanha, Chile, Argentina, Brasil e Colômbia. Por uma coprodução, foi contemplada no Iberescena 2016.

O Festival Internacional de Mulheres em Cena inclui 30 atividades, entre espetáculos, encontros e oficinas.

Mais informações sobre o o projeto em www.olevante.com

Mais informações sobre o Iberescena em www.iberescena.org

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