Funarte realiza a ‘Oficina LAB – Laboratório de Sensibilização do Olhar’

O Programa Funarte de Capacitação Artística e Técnica 2019 está com inscrições abertas a partir do dia 20 de setembro, sexta-feira, às 10h, gratuitas, para a oficina ministrada pelo preparador de atores Alexandre Britto, intitulada LAB – Laboratório de Sensibilização do Olhar.

A oficina reúne processos criados pelo ministrante para treinamento, reciclagem e expansão das técnicas de interpretação cênica. O objetivo é desenvolver e aprimorar o trabalho dos atores para uma atuação “naturalista”, através da técnica LAB – Laboratório Alexandre Britto.

Podem participar estudantes ou profissionais, de 18 anos até 60 anos. Com carga horária de 20h e 16 vagas, o curso é gratuito e ocorre de 23 a 26 de setembro, no Teatro Dulcina – espaço da Fundação Nacional de Artes, no Centro do Rio de Janeiro. As inscrições são realizadas somente via internet, até dia 23 de setembro, segunda-feira, às 10h da manhã.

Para uma atuação natural, verdadeira e possante

“Diversos atores possuem dificuldades de atuar com naturalidade diante das câmeras e em sets de filmagem”, comenta Britto. Ele explica que no Método LAB, o intérprete faz uma imersão na técnica, para alcançar uma atuação natural, espontânea, verdadeira e possantete – princípios básicos da teoria naturalista de treinamento cênico. “A ideia é sensibilizar não apenas o olhar durante a atuação, mas o olhar artístico e sensível do ator para o seu ofício, realizando paralelos entre a vida, arte e liberdade”, comenta o ministrante – que também é diretor cênico premiado.

Nas aulas, são apresentadas e utilizadas, de modo prático, as técnicas do método, que envolvem ideias como a de “bolha” – a partir da qual se aprende a “criar a bolha de realidade” – ; as noções de “visualização” (ativa, passiva, reativa e não reativa); e propostas como: “recriar a realidade” e “reconhecer a Potência de Vida reverberando no olhar”. Também são explorados os conceitos de “dimmer vital”; “dimmer respiratório”; “Efeito defeito” (ou “efeito placebo”); “tecido bruto do real” e “tecido bruto do ficcional”; além de “Okanu – ouvir com a nuca”, entre outros princípios. O método é autoral e Britto registrou esses fundamentos na Biblioteca Nacional. O professor também trabalha sobre o conceito de “memória vivida”.

O curso é alicerçado na vivência das noções básicas do método, por meio de exercícios práticos. Britto os desenvolveu em seus 23 anos na área da interpretação cênica. Tem sido procurado por atores operantes no mercado, para requalificação aperfeiçoamento de sua sensibilidade e expansão de suas técnicas.

O método LAB

A técnica LAB vem preparando e lapidando atores atuantes no mercado profissional – já tendo sido reconhecida por diretores como Mário Márcio Bandarra, Edson Erdmmann, Caio Sóh, Márcio Darocha, entre outros”, explica Britto. “Com simplicidade, de forma objetiva, sensível e através da prática, esses atores vem utilizando o LAB e tendo resultados expressivos no mercado”, observa. O foco do trabalho é preparar atores “para além da cena” que, para o ministrante, representa apenas metade do trabalho, já que o ator precisaria ter um olhar amplo para o seu ofício. Segundo Britto, o intérprete deve reconher que sua carreira é influenciada tanto por sua postura tanto atrás das câmeras como diante delas.

“O LAB reflete e estimula atores a buscarem o autoconhecimento e uma lapidação pessoal e subjetiva na sua vida e na cena, pois ambas seguem juntas”, acrescenta o professor. “Acreditamos que através dos processos de Laboratórios e pelos resultados que tivemos, os atores se sentem mais preparados para construírem e criarem os seus projetos, sem aguardar serem chamados para testes”. Britto prepara o artista para que aprenda a articular-se com sua realidade e reflita “seu tempo, sua vida e sua arte”; e para encarar o mercado, com uma consciência de que a criação nasce em cada um; e que a postura criativa do artista “não pode ser terceirizada”; e cita a frase de Willian Hernest Henley: “O Ator é ‘O senhor do seu Destino, o Capitão da sua Alma’”.

Atividades da oficina

  1. Praticar o “shunya”, conceito budista de “vazio”. “Esvaziar-se” por meio de técnicas de meditação para o LAB, com as quais ativamos a consciência do momento presente, da realidade real e da realidade ficcional.
  2. Técnicas de Meditação LAB para ativar as alterações dos estados internos do ator.
  3. A respiração como única função fisiológica sobre a qual temos controle.
  4. Reconhecer atmosferas e ampliar os campos sensoriais
  5. Recriar a Realidade
  6. Conceito de “bolha”
  7. Criar a “bolha de realidade”
  8. Reconhecer a “Potência de Vida reverberando no olhar”
  9. Desenvolver “visualização ativa, visualização passiva, visualização reativa e visualização não reativa”; e a técnica de “re-encaixe da tela mental”
  10. Apresentar e vivenciar o conceito de memória vivida
  11. Praticar o “dimmer vital”
  12. Praticar o “dimmer respiratório”
  13. Compreender e praticar o “efeito defeito”, ou “efeito placebo”
  14. Desenvolver a “costura” do “tecido bruto do real” e do “tecido bruto do ficcional”
  15. Perceber o “okanu – ouvir com a nuca – e ativá-lo em cena”
  16. Compreender a “fagocitose cênica”
  17. Compreender o “mínimo externo” e o “máximo interno”.
  18. Refletir e desenvolver as perspectivas da “bolha”.
  19. Recriar realidades, através de improvisos guiados, ao utilizar a técnica
  20. Desenvolvimento de “improvisos direcionados” com a técnica aplicada às seguintes situações cênicas: a) Notícia no Hospital b) O Parto c) A Caverna d) Despenhadeiro.

Sobre o ministrante

Alexandre Britto preparou vários atores para cinema e TV atuantes no mercado. Qualificou o elenco do longa-metragem Por Trás do Céu (Caio Sóh), que ganhou cinco prêmios no CINE PE Festival do Audiovisual (Pernambuco) inclusive os de Melhor Ator e Melhor Atriz (Renato Góes e Paula Burlamaqui). Em 2014, criou o LAB, tendo preparado atores que ganharam presença, ou já formados. O Laboratório conta com reconhecimento de profissionais da área, como Mário Marcio Bandarra, diretor de TV, e Edson Erdmann, encenador de grandes espectáculos, ganhador de um Emmy. Preparou quatro atores indicados ao 45º Festival de Cinema de Gramado pelo curta de Alexandre Mandarino e Pedro Lucas #feique (Marcos Pasquim, Cristiano Garcia, Roberta Almeida e Fernanda Vasconcelos). Em 2016, preparou intérpretes para o filme O Calvário de Márcio Darocha (2019). Em 2018, dirigiu e roteirizou seu primeiro longa-metragem No Silêncio, em co-produção LAB e Visom Digital – em finalização. Em 2019, dirigiu e preparou os atores para as cerimônias abertura e o encerramento da Copa América; e começou a preparar atores para publicidade. O LAB também atua em empresas, em treinamentos para desenvolver espírito de equipe e motivação.

Começou a carreira como escritor, com 19 anos, quando teve um conto seu publicado no livro Alguns Contistas Contemporâneos. Em 2000, escreveu e dirigiu o Projeto Kapo, para uma empresa multinacional de refrigerantes, que alcançou mais de 200 escolas do Rio de Janeiro. Dirigiu O Desejo Roedor do Ratos (2001-2002 ), prêmio de melhor espetáculo, melhor direção, melhor ator e melhor sonoplastia – obra indicada para o festival de teatro das Faculdades Estácio de Sá (Melhor Atriz e Melhor Figurino). Escreveu várias peças teatrais e dirigiu diversos outros espetáculos. Foi professor de Interpretação nas companhias Teatral Neide Lira e ArtGrimberg; e no Curso ReiAtor de Artes Cênicas (do reconhecido professor Hélvio Garcez). Foi ator em campanhas publicitárias e realizou uma série de participações em telenovelas (entre elas Sabor da Paixão e Tempos Modernos. Foi aluno da masterclass para roteiristas ministrado por Aguinaldo Silva, em 2009.

Sobre a técnica do naturalismo

O naturalismo começou com teóricos americanos com a técnica do “naturalismo minimalista” que, segundo fontes especializadas, é muito difundida em escolas como a New York Film Academy (NYFA) e Actor’s Studio. A atuação em cinema é entendida pela teoria naturalista clássica como uma técnica de comunicação, cujo alvo é levar o trabalho do ator a direcionar-se mais para o público, de forma humana e utilizando mais o potencial da emoção na técnica de interpretar.

Avaliação do aluno

Os alunos serão avaliados por meio de um questionário com respostas sobre conteúdo, aprendizado e”modificação no Olhar para as Artes da Cena (critérios e formas de avaliação dos participantes)

Bibliografia: Seis passeios no bosque da ficção – Umberto Eco.

Programa Funarte de Capacitação Artística e Técnica 2019

Oficina LAB – Laboratório de Sensibilização do Olhar
Ministrante: Alexandre Britto

Público Alvo: 18 anos até 60 anos
Nº Mínimo de Participantes: 6
Nº Máximo de Participantes: 16

De 23 a 26 de setembro de 2019, de segunda a quinta-feira

Horário
Segunda-feira, das 14h às 17h
Terça e quarta-feira das 9h às 12h e das 13h às 17h
Quinta-feira, das 9h às 12h

Teatro Dulcina
Rua Alcindo Guanabara, 17 – Cinelândia
Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Espaço da Funarte

Participação gratuita

Inscrições somente via internet

Abertura: 20 de setembro de 2019
Encerramento: 23 de setembro de 2019, às 10h

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