‘Muirapiranga’ expõe na Funarte SP nosso distanciamento da natureza

Exposição 'Muirapiranga'. Foto: Rubens Nemitz

No dia 5 de outubro, a partir de 14h, acontece na Funarte SP a abertura da exposição Muirapiranga, da artista paranaense Elizabeth Titton. A mostra, que permanece em cartaz até 19 de janeiro de 2020 – nas galerias Flávio de Carvalho e Mario Schenberg e no Pátio do Complexo Cultural Funarte SP –, apresenta ao público esculturas de grandes dimensões, em aço corten oxidado. A visitação ocorre de terça a sexta, das 10h às 18h; sábado e domingo, das 14h às 21h.

Desde os anos 2000, o trabalho de Elizabeth Titton tem estreitado relações com a indústria, sobretudo a de metalurgia. Ao mesmo tempo, a artista jamais abandonou a observação e as referências a elementos da natureza e de culturas tradicionais, como as pinturas corporais dos indígenas do Xingu.

A exposição que agora chega aos espaços de artes visuais da Funarte SP harmoniza esses âmbitos a princípio distantes ou excludentes entre si. Muirapiranga é uma árvore amazônica de madeira avermelhada, semelhante à do pau-brasil. O nome da exposição relaciona essa cor à ferrugem que a artista propositalmente fez cobrir o metal das esculturas. Portais e obeliscos de tamanho monumental dão suporte a formas da natureza – pássaros, peixes, flores, nuvens.

Símbolos da civilização e da era industrial, portanto, sofrem um deslocamento de sua condição habitual, tornando-se também ‘árvores’ de metal e aludindo à leveza e graça de formas naturais. A oxidação, que costuma estar associada à ideia de corrosão, de degradação causada pela ação do tempo, segundo Elizabeth serve como metáfora do ‘esquecimento’ contemporâneo do mundo físico, material.

Em benefício das experiências virtuais, vividas nas telas de computadores e telefones celulares, segundo a artista deixamos de perceber e sentir o que de fato está à nossa volta. Neste sentido, a proposta de Muirapiranga é oferecer aos visitantes uma experiência sensorial contrária a tal tendência. O tamanho das obras, sua cor, suas formas e texturas mobilizam os sentidos do espectador e demandam a percepção direta, sem mediação eletrônica.

Elizabeth adotou como norte, para a concepção desse trabalho, ideias do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty. Em especial, diz a artista, a frase: “Quando percebo, não penso o mundo, ele se organiza diante de mim”. Essa e outras citações do autor pontuam o espaço expositivo a fim de enriquecer a experiência do público e reafirmar a prioridade do mundo material sobre os conceitos.

 

A artista se preocupou também em possibilitar o acesso a tal experiência ao público com deficiência visual. Algumas das peças foram replicadas em tamanho menor, por meio de impressão em 3D. Dessa forma, mesmo as esculturas mais altas, que chegam a 4 metros, poderão ser percebidas pelo tato e conhecidas pelos portadores de deficiência visual. A exposição contará com piso tátil e equipe educativa em tempo integral.

 

 

Complexo Cultural Funarte SP – Pátio, Galeria Flávio de Carvalho e Galeria Mario Schenberg

(Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos)

 

Exposição:  Muirapiranga

Abertura: dia 5 de outubro, das 14h às 17h

Visitação: de 6 de outubro de 2019 a 19 de janeiro de 2020. De terças a sextas, das 10h às 18h, sábados e domingos, das 14h às 21h.

Entrada franca

 

 

 

Mais informações:

(11) 3662-5177

funartesp@gmail.com

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