A Fundação Nacional de Artes – Funarte realizou, na última terça-feira, dia 4 de fevereiro, evento que contou com a presença de gestores e produtores de ópera, funcionários da instituição e parceiros. Para dar continuidade ao Programa Funarte 45 anos, anunciado em janeiro, o presidente, maestro Dante Mantovani, apresentou projetos e ações a serem discutidas com o setor operístico, por meio da nova iniciativa da Funarte: o Programa Nacional de Apoio à Ópera. Suas diretrizes foram formuladas a partir de experiências registradas em encontros, promovidos por instituições oficiais e pela sociedade civil, profissionais e acadêmicos ligadas à ópera nos últimos anos. A Funarte programou um investimento de R$ 3 milhões neste programa.
O presidente Mantovani agradeceu a presença de todos e colocou a Funarte à disposição para diálogos e encontros futuros. Falou, ainda, sobre a parceria celebrada entre a Fundação e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio da Escola de Música dessa instituição, e responsável pelo levantamento de dados e informações para o novo programa. “Como eu não tinha ideia da dimensão e da proporção do que tinha sido feito no passado, o professor André Cardoso, que coordenou toda a pesquisa, vai expor em detalhes todo o estudo. Me coloco à disposição de vocês no que for preciso para auxiliar o setor da ópera. Eu estou muito satisfeito com o projeto e o investimento que anunciamos, porque o nosso programa é muito significativo”, comemorou o presidente da Funarte.
Logo após a apresentação do Programa Nacional de Apoio à Ópera, explanado pelo maestro e professor André Cardoso, da Orquestra Sinfônica da UFRJ, Mantovani convidou a equipe do Centro da Música da Funarte – Cemus para, juntamente com ele, compor a mesa: o diretor do Cemus, Bernardo Guerra; a coordenadora de Música Clássica, Maria Luiza Nobre; a coordenadora de Teatro e Ópera, Renata Januzzi e, também, o maestro André Cardoso (UFRJ) que apresentou o programa aos convidados e parceiros.
O diretor do Centro da Música da Funarte, Bernardo Guerra, falou sobre o evento e a importância desse diálogo com os representantes da área operística. “A Funarte realizou este encontro das principais lideranças de ópera do Brasil (incluindo gestores de teatros e festivais de ópera, compositores, diretores, maestros e mídia especializada), com o objetivo de cumprir o seu papel de promover e de incentivar a arte no país. É muito importante que os recursos aplicados pela Funarte para a Rede Nacional da Ópera estejam de acordo com os anseios e necessidades da cadeia produtiva do setor”, ressaltou Bernardo.
Segundo a coordenadora de Música Clássica da Funarte, Maria Luiza Nobre, é louvável a iniciativa de lançar um programa dedicado exclusivamente para a ópera. “É a primeira vez que a Funarte, através da gestão do presidente Dante Mantovani, lança um edital de ópera com a presença das mais expressivas personalidades do setor no país. Essa reunião, aqui no Rio de Janeiro, demonstra o quanto o presidente da Funarte restabeleceu uma preciosa ligação com esse importante segmento musical do Brasil”, salientou Maria Luiza.
“Não existe catarse quando não nos identificamos! Não há catarse com a ópera no Brasil. Precisamos levá-la aos confins desse nosso enorme país. Temos muitos “brasis” e queremos que cada cidade remota conheça essa arte. É apenas o começo! Nossa missão é fomentar, apoiar e gerar multiplicadores. Um pequeno (porém, importantíssimo) passo para a Funarte, através da brilhante e corajosa iniciativa do presidente Dante Mantovani! É um grande passo para a cultura nacional”, afirmou, emocionada, a coordenadora de Teatro e Ópera da Funarte, Renata Januzzi.
Sobre o Programa Nacional de Apoio à Ópera
A finalidade do programa é estabelecer as linhas gerais que nortearão a implantação de uma política pública específica para o fomento à cadeia produtiva da ópera no Brasil, a partir da experiência acumulada em discussões e reflexões ocorridas em diferentes eventos promovidos por instituições oficiais e da sociedade civil, profissionais e acadêmicas, ligadas à ópera nos últimos anos. E, ainda, apresentar propostas para linhas de ações para diferentes áreas da produção operística no Brasil após o encontro com os parceiros institucionais.
Um dos principais objetivos é difundir a arte lírica, a ópera, seus subgêneros e a música clássica para a população brasileira, em especial, para os grupos sociais com pouco ou nenhum acesso a tal manifestação artística; ampliar o oferecimento de eventos operísticos em nível nacional; fomentar a cadeia produtiva da ópera, atrair investimentos, gerar emprego e renda, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país; promover a integração e o intercâmbio cultural das diversas regiões do país, fazendo circular as produções locais; promover políticas públicas anuais para apoiar a cadeia produtiva da ópera, e apoiar a produção de espetáculos e eventos em diversas regiões do país, dentre outros.
Entre os fatores que justificam o programa, estão: oferecer ao público brasileiro o que de melhor há na criação artística universal e integrá-la aos valores próprios da cultura e da criação artística nacionais; contribuir para a formação da cidadania, através da ampliação dos horizontes culturais da população, ao proporcionar acesso a um gênero de espetáculo de valor universal, mas atualmente pouco difundido para a maioria dos brasileiros; estimular a cadeia produtiva da ópera, que envolve profissionais dos mais variados setores, gerando com isso desenvolvimento econômico, trabalho, renda e oportunidades para os artistas líricos brasileiros e os demais profissionais envolvidos nas produções (músicos, diretores, técnicos teatrais, prestadores de serviço e fornecedores), contribuindo assim para o desenvolvimento da economia local nas cidades onde os teatros se localizam; destacar a arte como fator fundamental para a educação de crianças e jovens, não só viabilizando o acesso aos espetáculos com obras de grande valor artístico, mas, através delas, contribuir para a transmissão de bons valores éticos e morais que estimulem a formação humanística e cidadã.
A Funarte vai se basear nas seguintes linhas de ação: criação da Coordenação de Ópera no Centro da Música; implementação de política pública específica para a ópera; mapeamento do setor em nível nacional; criação da Rede Nacional da Ópera; incentivo à produção de óperas de compositores brasileiros; apoio à criação, reforma e modernização de centrais técnicas, além de treinamento e capacitação – promoção de uma série de ações formativas, voltadas para a qualificação, aperfeiçoamento e reciclagem dos diferentes profissionais envolvidos na cadeia produtiva da ópera.
Segundo o presidente, esses encontros buscam estreitar o relacionamento de cada área com a instituição: “Nós queremos ampliar e fortalecer parcerias. Essa é, também, a função desse evento. Atuamos de uma maneira republicana. Somos Governo Federal, mas conversamos com o Governo Estadual, conversamos com o município. A gente quer conversar com todo mundo: prefeituras do interior, todos os governadores, associações, teatros, administradores de equipamentos culturais. Quanto mais parcerias tivermos, maior a abrangência dos nossos projetos. Todos os nossos programas são voltados para a interiorização, a regionalização, e a democratização do acesso. A missão da Funarte é levar arte para todo o Brasil”, ressaltou o presidente. “A ideia não é só ficar nas grandes metrópoles. Uma das tônicas de nossas propostas é trazer público de outros lugares para as grandes cidades, uma via de mão dupla. A gente deve levar as coisas boas aqui do Rio e de São Paulo, para o interior e trazermos, também, pessoas do interior para prestigiar a formação de público e de plateia, tanto para a música clássica (de concerto, ópera) como para todas as artes”, explicou o maestro.
Além dos citados na matéria, o evento também contou com a presença de diversos representantes do setor operístico, como: Flávia Furtado, do Festival Amazonas de Ópera (AM); Paulo Abrão Esper, da Cia. São Paulo de Ópera (SP); Abel Rocha, da Fábrica de Óperas (SP); Marilda Ormy, do Teatro Municipal de Niterói (RJ); André Heller-Lopes, do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ); Marcelo Jardim, da Escola de Música da UFRJ (RJ); Maria Elita Pereira, da Camerata, de Florianópolis (SC); Victor Hugo Toro, da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (SP), Fernando Bicudo, do Ópera Brasil; Nelson Kunze, da Revista Concerto (SP); Sérgio Dias, de Recife (PE); Samuel Mendonça, de Teresina (PI), dentre outros convidados, parceiros e funcionários da instituição.
O encontro Gestores de Orquestras e Orquestras Sociais será realizado, dia 5 de fevereiro, na sede da Funarte, no Centro do Rio de Janeiro. No próximo dia 11 de fevereiro, vai se realizar o Encontro dos Corais com a Funarte.