Funarte reúne gestores de orquestras e debate projetos para a área

Foto: Nadejda Costa

A Fundação Nacional de Artes – Funarte realizou o Encontro das Orquestras com a Funarte, no auditório da sede da entidade, no Rio de Janeiro, dia 5 de fevereiro, quarta-feira. O evento reuniu gestores e outros profissionais de mais de 50 formações orquestrais – inclusive de orquestras sociais – das cinco regiões do País, dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Manaus, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas, Pará, Piauí e Mato Grosso do Sul.

No evento, além de ouvir os participantes, a Funarte lançou o Sistema Nacional de Orquestras Sociais e apresentou um projeto em desenvolvimento: a retomada do Programa de Apoio a Orquestras. As iniciativas são desenvolvidas em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – por meio de sua Escola de Música. Um dos principais objetivos do encontro foi ouvir os participantes acerca dos projetos e estreitar o contato deles com a instituição.

O encontro contou com a participação do presidente da Funarte, maestro Dante Mantovani; do diretor do Centro de Música da Fundação, Bernardo Guerra; da Coordenadora de Música Clássica, Maria Luiza Nobre; da Coordenadora de Música Popular, Eulícia Esteves; e outros gestores, servidores e colaboradores da entidade. Pela Escola de Música da UFRJ, estavam presentes seu diretor, Prof. Dr. Ronal Silveira Diretor, e seu vice-diretor, Prof. M. Marcelo Jardim.

O evento iniciou com Mantovani apresentando uma nova iniciativa da Funarte, o Programa de Apoio a Orquestras – integrante do plano de ação institucional para 2020, o Funarte 45 Anos. “As diretrizes Programa de Apoio a Orquestras foram formuladas a partir de encontros entre instituições oficiais e representantes da sociedade civil”, afirmou o presidente da Funarte, lembrando os 60 dias da sua gestão e citando alguns dos muitos projetos iniciados, criados ou continuados nesse período. “Estou muito empenhado em fazer as coisas acontecerem”, destacou o maestro, agradecendo aos parceiros da Instituição. “E estamos conseguindo realizar ações para o fomento e articulação de políticas públicas para o setor das orquestras”, afirmou Dante, que destacou o total de investimento de quase R$ 7 milhões para o Sistema Nacional de Orquestras Sociais, e a possibilidade de investir mais 3 milhões em orquestras que não realizam essas ações. Segunddo o presidente esse total de R$ 10 milhões a ser alcançado é um recorde para a área no Brasil.

Visto como um importante avanço para o setor pelos presentes, o encontro intensificou o diálogo com o setor: “O que vi hoje aqui foi, depois de décadas e décadas, uma iniciativa do Governo Federal de apoio institucional à música clássica brasileira”, disse Flávia Furtado, diretora executiva do Festival Amazônia de Ópera. “Estou vendo pela primeira vez em muitos anos uma abertura por parte de um órgão do governo federal para escutar o setor e nos entender”, finalizou destacando o potencial da cadeia produtiva da música erudita para impulso à economia.

O Professor da UFRJ, André Cardoso, foi o responsável por detalhar algumas ações do Programa de Apoio a Orquestras e anunciar iniciativa, a qual, primeiramente, vai reunir dados e números sobre a área: “De forma pioneira, a Funarte preparou um política específica para a produção de orquestras no país, ao pretender criar o Sistema Nacional de Orquestras Sociais”. Após contextualizar e fazer um balanço histórico das ações de apoio ao setor no Brasil, Cardoso ressaltou a importância da iniciativa do ponto de vista de acesso: “É preciso buscar a ampliação de mercado da música de concerto, da música clássica, levando para pessoas que ainda não a conhecem”, destacou o professor que também levantou a possibilidade da criação de um periódico específico para o setor orquestral.

Já o diretor do Centro da Música da Funarte, Bernardo Guerra, falou sobre o evento e a importância desse diálogo com os representantes do setor orquestral, além de destacar alguns objetivos da ação da Funarte: “Fomentar o exercício da arte musical e intensificar uma política pública de inclusão, acessibilidade e cidadania são algumas das nossas metas”, disse Guerra. O diretor também apontou: “Estimular a geração de renda e o desenvolvimento da cadeia produtiva da ópera, além de garantir o acesso aos bens artísticos e culturais são outros de nossos objetivos”.

O Sistema Nacional de Orquestras Sociais

O Sistema a nacional das Orquestras Sociais tem como objetivo principal o apoio, estruturação e estímulo para a formação de orquestras jovens – sejam sinfônicas ou de cordas – que sejam desenvolvidas em projetos sociais, instituições sem fins lucrativos, e mesmo as criadas pelo poder público municipal ou estadual. A ideia é que o projeto também atue como um forte braço de políticas nacionais de erradicação da violência, da pobreza e do analfabetismo; e que possa estar vinculado ao ensino das universidades federais e estaduais; e ainda que seja um agregador de projetos de pesquisas que possam a serem desenvolvidas e aplicadas no planejamento pedagógico dessas instituições de ensino. O Projeto terá suporte do Projeto de Extensão Sistema Nacional de Orquestras, do Projeto de Extensão Sistema Pedagógico de Apoio às Bandas de Música, e igualmente o suporte técnico do Laboratório Centro de Estudos Orquestrais.

Outro objetivo a ser alcançado é a promoção de atividades artístico-educativas em comunidades em situação de vulnerabilidade social. Isso vai ser realizado por meio de uma ação de apoio e suporte aos projetos de pesquisa e extensão sobre projetos de formação de orquestras-escola. Os trabalhos terão foco na música instrumental que “comprovadamente gera resultados educacionais extraordinários”, segundo o Centro da Música da Funarte e a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esta vai preparar cursos específicos de capacitação pedagógica para regentes, instrumentistas e arranjadores e compositores e professores de educação musical (dentro de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão). Vai também utilizar centros e laboratórios cujo foco será o atendimento à sociedade e às comunidades atendidas diretamente pelas ações do projeto, programado para atingir amplitude nacional. Inclui um levantamento das orquestras conectadas a projetos socioculturais no Brasil – com dados sobre financiamento, infraestrutura física, planejamento pedagógico, realizações artísticas, e outras informações. Posteriormente está prevista a seleção dos projetos.

Algumas orquestras receberão capacitação/aprimoramento artístico e de cidadania, diretamente em suas sedes. Outras poderão enviar alunos para cursos a serem desenvolvidos. Serão selecionados jovens preferencialmente a partir de projetos sociais – pretende-se, deste modo, suprir uma demanda de ações pedagógico-artísticas-sociais, que se situam entre o trabalho de educação musical inicial realizado em projetos sociais e a capacitação de músicos, quer seja por meio de estudos acadêmicos (graduação em música ou similares) ou pela atuação profissional. No projeto estão ainda planejados cursos de extensão para capacitar maestros de orquestras sociais de todo o Brasil, através do Laboratório do Centro de Estudos Orquestrais, na Escola de Música da UFRJ, por meio do Seminário de Regência, e no evento científico Produção Musical na Atualidade. Está planejada ainda possibilidade de se produzir de uma ópera, um musical ou outro espetáculo do gênero, além de palestras, oficinas, divulgações científicas e outras atividades que possam favorecer o intercâmbio e a disseminação de conhecimento sobre a realização de ações pedagógico-musicais-sociais que utilizem orquestras.

A parceria entre a Funarte e a UFRJ, com os recursos da Funarte e com a curadoria e cooperação técnica da Escola de Música da UFRJ não se limita a execução e gestão deste projeto. Está também prevista a capacitação de profissionais para atuarem em produção e gestão cultural, por meio da participação de projetos de extensão e de pesquisa, além da participação do Laboratório do Centro de Estudos Orquestrais, bem como envolvimento de professores de outras unidades da UFRJ, como a ECO, a EBA, a FAU, a FL, COPPE, entre outras. Estes poderão atuar na qualificação de docentes e alunos dos cursos de graduação e pós-graduação das unidades ligadas ao Centro de Letras e Artes, como monitores. Os trabalhos serão supervisionados e coordenados por docentes da EM – UFRJ.

O Programa de Apoio a Orquestras

A Funarte e a Escola de Música da UFRJ apresentaram ainda algumas propostas para a retomada do Programa de Apoio a Orquestras – projeto em desenvolvimento. Ele tem como objetivo posicionar a Funarte como órgão articulador das iniciativas do setor de orquestras, em nível nacional. A Funarte espera investir cerca de R$ 3 milhões no programa.

A proposta apresenta no encontro indica que a retomada do projeto deva partir de novas bases: ele seria direcionado para orquestras profissionais com temporadas regulares; haveria estímulo à organização de novas séries, em menores formatos, em espaços alternativos, em bairros periféricos e cidades vizinhas sem orquestras; seria realizada uma atualização dos dados referentes ao setor orquestral, com definição clara do conceito de orquestra. Também foi sugerida a publicação de um periódico eletrônico semestral, com artigos e informações sobre as orquestras sinfônicas e seus principais agentes.

Um encontro com representatividade expressiva da comunidade orquestral e de projetos sociais de vários locais do país

O Portal da Funarte registrou as seguintes presenças nesse encontro com as orquestras:

Rubens Russomano Ricciardi, maestro da USP Filarmônica (orquestra) e professor responsável pelo USP Música e Criança (projeto social); Lucas Eduardo da Silva Galon, professor responsável pela ALMA (orquestra e projeto social); o compositor e regente titular da Orquestra Sinfônica de Recife (PE), Marlos Nobre (um dos fundadores da Funarte); a presidente da Ação Social pela Música, Fiorella Solares; a Coordenadora do projeto Orquestra nas Escolas, Moana Martins; Nicolau Martins de Oliveira, do Projeto Volta Redonda Cidade da Música; Marcio Paes Selles, da  Orquestra da Grota, em Niterói (RJ); representando a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Rogerio Zaghi; o regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC), Victor Hugo Toro; Daniel Araujo e Nandressa Nunez, do Teatro da Paz, de Bélem (PA); Flavia Furtado, das Orquestras Infantis e Juvenis do Liceu, Amazonas Filarmônica e de Câmara do Amazonas (Manaus); Evandro Matté, da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro (Octsp); André Luiz Muniz Oliveira, da Orquestra Filarmônica da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN); ; da Casa de Artes Paquetá – Projeto Bem Me Quer Paquetá, da Orquestra Jovem Paquetá – Rio de Janeiro (RJ) e do Instituto Zeca Pagodinho – Projeto Viva Xerém – Duque de Caxias (RJ) –, Josiane Kevorkian e José Lavrador Kevorkian; da Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca, do Coro de Câmara Carioca e do Programa Orquestra nas Escolas (RJ), Anderson Alves; da Orquestra Sinfônica Jovem de Campo Grande/Programa Cidadania Sinfônica, (RJ), Rafael Rocha e Danielle Sardinha; da Orquestra do Palácio Itaboraí – Petrópolis (RJ) –, Nina Mayer, Celso Franzen Júnior e Luiz Felipe Galdino; do Projeto Música nas Escolas – Barra Mansa (RJ) –, Vantoil de Souza; da Instituição Orquestrando a Vida – Campos (RJ) –, Jony William Villela Vianna e Hodyllon Martins; do Programa Integração pela Música – Vassouras (RJ) –, Cláudio Pereira Moreira; da Associação Musical Allegro – Curitiba (PR) –, Thiago Santos; da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) – RJ –, Gisely Nascimento Silva; da Orquestra Petrobras Sinfônica (RJ), Marcos Souza; da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e da Johann Sebastian Rio (RJ), Eduardo Pereira, Priscila Bomfim e Marco Catto; da Orquestra da UniRio (RJ), Guilherme Bernstein; os representantes da Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói (RJ) –, Juliana Amaral, Márcia Santos e Jeferson Souza; da Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro (Octsp) – Campinas (SP) –, Victor Hugo Toro; da Orquestra Sinfônica de Guarulhos, da Orquestra Jovem Municipal de Guarulhos, da Orquestra Sinfônica de Marília e do Conservatório Municipal de Guarulhos (SP), Emiliano Patarra; da Camerata Filarmônica de Indaiatuba (SP) e da Orquestra Sinfônica de Santo André (SP), Natália de Souza Larangeira; a diretora de marketing e relacionamento da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais – Belo Horizonte (MG) –, Zilka Caribé; da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife –, Sérgio Dias; da Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Natal –, André Luiz Muniz Oliveira; da Camerata Florianópolis (SC), Maria Elita Pereira; da Cia. Bachiana Brasileira (RJ), Ricardo Rocha; da Santa Marcelina Cultura (SP), Ricardo Appezzato; da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Escola de Música/ Orquestra Sinfônica da UFRJ (Rio de Janeiro) a equipe: André Cardoso, Ernani Aguiar, Ronal Xavier Silveira (Diretor EM UFRJ), Marcelo Jardim, Vanessa Rocha e Bruna Marques dos Santos; da Universidade Federal do Piauí (UFPI) – Teresina –, Samuel Mendonça Fagundes; o diretor do Theatro da Paz – Belém (PA) –, Daniel Araújo, e Nandressa Nunez; da Escola de Música de Piracicaba M. Ernst Mahle (Orquestra Infanto-Juvenil, Orquestra de Câmara e Orquestra de Sopros), Luís Carlos Justi; da Orquestra Violões do Forte de Copacabana e do Instituto Rudá – ambos no Rio de Janeiro (RJ), Márcia Melchior; da Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande (MS) e da Fundação Ueze Elias Zahran, também da capital desse estado, Eduardo Martinelli Danzi; da Sociedade Chopin do Brasil – Rio de Janeiro (RJ), Glória Guerra.

O próximo encontro dessa natureza promovido pela Funarte será o Encontro dos Corais com a Funarte”, no dia 11 de fevereiro, no mesmo auditório, no 19º andar do Edifício Teleporto, sede da Funarte.

Mais informações
Centro da Música da Funarte
cemus@funarte.gov.br

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