A Funarte lamenta a morte, na segunda-feira, dia 13, do cantor, compositor e instrumentista Moraes Moreira. Falecido em casa, enquanto dormia, no bairro da Gávea – Zona Sul do Rio de Janeiro – após sofrer um infarto do miocárdio. Nome fundamental da música popular brasileira, contribuiu decisivamente como um dos criadores do conjunto Os Novos Baianos; e foi autor de inúmeras composições de sucesso.
Antônio Carlos Moraes Pires, o Moraes Moreira, nasceu em 8 de julho de 1947, na cidade baiana de Ituaçu, conhecida como “o Portal da Chapada Diamantina”. Iniciou-se musicalmente tocando sanfona, ainda na infância, passando depois para o violão, que aprendeu na adolescência.
Foi em Salvador, para onde se mudou na década de 1960, que iniciou sua carreira profissional, ao conhecer o compositor tropicalista Tom Zé, que o apresentou ao poeta Luiz Galvão. Com este e mais Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Paulinho Boca de Cantor formou, em 1969, Os Novos Baianos – conjunto com o qual se lançou profissionalmente.
No período em que fez parte da banda, compôs seus primeiros sucessos, como Preta pretinha e A menina dança (ambas em parceria com Luiz Galvão), Besta é tu (com Galvão e Pepeu Gomes) e Swing de Campo Grande (com Galvão e Paulinho Boca de Cantor). Essas músicas foram lançadas no LP Acabou chorare, um dos oito discos dos Novos Baianos, feito em 1972 e apontado, numa enquete da revista Rolling Stone, em 2007, como “o melhor álbum brasileiro de todos os tempos”. O conjunto foi tema de um programa da série Estúdio F, da Funarte, produzido e veiculado em 2018 (acesse neste link)
Após a saída dos Novos Baianos, em 1974, Moraes Moreira seguiu assinando sucessos em sua carreira solo, como Pombo correio (parceria com Dodô e Osmar), gravada por ele em 1977, Lá vem o Brasil descendo a ladeira (com Pepeu Gomes), em 1979, e Forró do ABC (com Patinhas), lançada em 1980. Em 81, Gal Costa gravou a muito aclamada Festa do interior (parceria de Moraes com Abel Silva). Em 1985, o artista levou à repercussão nacional outro frevo, Bloco do prazer, composição dele com Fausto Nilo.
Com esse parceiro, Moraes Moreira compôs também Santa fé, tema de abertura de Roque Santeiro, telenovela de Dias Gomes com grande audiência em 1985. Outros êxitos vieram através da teledramaturgia, como em 86, quando a música Sintonia – de Moraes com Fred Góes e Zeca Barreto – fez parte da trilha sonora de Hipertensão (Ivani Ribeiro), e em 93, quando Lavrador (com Luisão Paiva) entrou na trilha de Renascer, novela de Benedito Ruy Barbosa.
Já pela Funarte, Moraes Moreira participou do Projeto Pixinguinha, em 1979, como uma das atrações de uma caravana de artistas do Nordeste, que percorreu capitais da região. Junto com o baiano, apresentavam-se o alagoano Djavan e a potiguar Terezinha de Jesus (mais detalhes desse show e a gravação do espetáculo estão na página do portal dedicada a esta turnê histórica do Projeto Pixinguinha, acessível neste link).
Moraes Moreira deixou dois filhos – Davi Moraes e Maria Cecília – e dois netos: Francisco, filho dela, e Alice, filha de Davi.
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Texto: Coordenação de Difusão e Pesquisa – Funarte
Edição: Coordenação de Comunicação – Funarte