Obituário: Tantinho da Mangueira, cantor, compositor e servidor da Funarte

Tantinho da Mangueira, trabalhando na Funarte. Foto: Francisco Costa

Faleceu no domingo, dia 12 de abril, aos 72 anos, o cantor, compositor e servidor aposentado da Funarte Devani Ferreira, o Tantinho da Mangueira.

A Fundação lamenta a perda desse mestre do samba e do laboratório fotográfico. Considerado pela Estação Primeira de Mangueira como um dos seus grandes nomes, e membro da sua Velha Guarda, o sambista também trabalhou no Centro de Conservação e Preservação Fotográfica (CCPF) – Funarte, desde sua inauguração – onde ainda ensinou técnicas de processamento de fotografia aos colegas, por vários anos.

Tantinho gravou principalmente obras de compositores da sua agremiação, sucessos como Verde e Rosa (Manoel Ferreira), Boêmio fracassado (Hélio Cabral), Jequitibá do samba (Zé Ramos) e Sempre Mangueira (Nelson Cavaquinho e Geraldo Queiroz). Composta em parceria com Xangô da Mangueira, Vem rompendo o dia está entre as obras mais destacadas de Tantinho.

A escola de samba anunciou o falecimento por meio de suas redes sociais: “É com imensa tristeza que informamos o falecimento de nosso baluarte e grande compositor Tantinho da Mangueira. Uma perda enorme para a Estação Primeira e para o samba”, publicou. O artista morreu por complicações causadas por diabetes.

Desde criança entre os bambas

Tantinho nasceu a 21 de agosto de 1947 no Morro da Mangueira, onde foi criado. Entrou para a ala de compositores da escola aos 13 anos, aprovado num teste por Cartola, com quem conviveu, desde então, juntamente com outros mangueirenses ilustres, como Dona Neuma, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Carlos Cachaça, e Padeirinho. Nos anos 1970, integrou o grupo Originais do Samba, a convite de Mussum – deixou o conjunto quando este passou a fazer shows em turnês, porque não queria afastar-se do Morro da Mangueira. Em 1999, participou do CD Velha-Guarda da Mangueira e convidados; Em 2005, participou da gravação do CD-livro Xangô da Mangueira – Recordações de um velho batuqueiro. Em 2010, ganhou o Prêmio da Música Brasileira na categoria Samba, pelo disco de homenagem Tantinho canta Padeirinho da Mangueira. Em 2015, ao lado de outros compositores, fez nascer um dos sambas-enredo que disputaram o enredo sobre Maria Bethânia. Em reconhecimento a Tantinho, a artista o convidou para cantar a música no álbum Mangueira, a menina dos meus olhos (2019).

“Música brasileira em luto. Adeus amigo amado. Fará muita falta. Altíssima linhagem de nossa Mangueira. Te amo pra sempre.”, registrou Nelson Sargento – também da Velha Guarda mangueirense, numa rede social. “Tantinho teve atuação destacada como cantor, improvisador de versos nas rodas de partido-alto e grande contador de histórias – era conhecido como a ‘memória viva do samba’”, comenta o pesquisador de música popular e coordenador da Codip – Funarte, Pedro Paulo Malta.

O trabalho na Funarte e as homenagens

No Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte, Tantinho atuou no laboratório de fotografia, de 1987 até sua aposentadoria, em 1996. “Foi um dos melhores laboratoristas fotográficos do mercado, um exímio profissional que fazia cópias em preto e branco como poucos no país”, relembra a ex-servidora da Fundação, Eridan Leão, ex-coordenadora do CCPF. Ela destacou ainda as passagens do amigo – anteriores à Funarte – pelo Jornal do Brasil e por uma grande agência de publicidade, “onde desenvolveu seu olhar para a imagem fotográfica”.

Uma vez aposentado, Tantinho pôde se dedicar com mais afinco à carreira artística, retornando duas vezes à Funarte: em 2006, como atração da Sala Funarte Sidney Miller; e em 2007, em turnê por capitais brasileiras, no do Projeto Pixinguinha, ao lado da cantora maranhense Rita Ribeiro.

Em abril de 2018, como entrevistado, o sambista participou do vídeo documentário Geraldo Pereira entre amigos (disponível neste link), produzido pela Coordenação de Difusão e Pesquisa da Funarte (Codip) para o portal da instituição. Em novembro do mesmo ano, a Funarte fez da trajetória de Tantinho tema de um dos programas Estúdio F (acessível neste link), que destacou as gravações do sambista com a Velha Guarda da Mangueira; e em CDs solo, como Memória em verde e rosa (2006) e Tantinho canta Padeirinho da Mangueira (2009).

Em nome dos servidores da Funarte, a instituição se despede do sambista, com um eterno abraço.

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Texto:
Funarte – Assessoria de Comunicação e Coordenação de Difusão e Pesquisa

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