Funarte lamenta o falecimento de Aldir Blanc

Aldir Blanc. Foto: arquivo do artista - 2006

A Fundação Nacional de Artes – Funarte lamenta a morte de Aldir Blanc. O letrista, compositor, poeta e cronista faleceu na madrugada de segunda-feira, dia 4 de maio, no Rio de Janeiro, aos 73 anos. De sua contribuições para a arte brasileira, destacam-se grandes sucessos da música popular, como O mestre-sala dos mares e Dois pra lá, dois pra cá (ambas parcerias com João Bosco); Resposta ao tempo (com Cristóvão Bastos); Amigo é pra essas coisas (com Sílvio da Silva Jr.); e muitas outras.

Nascido a 2 de setembro de 1946, Aldir Blanc Mendes era carioca do Estácio, bairro localizado entre o Centro e a Zona Norte do Rio. Formado em medicina, com especialização em psiquiatria, iniciou seu caminho na música popular nos saraus do Movimento Artístico Universitário – realizado na casa do psiquiatra e músico Aluízio Porto Carreiro de Miranda e sua mulher, Maria Ruth, ainda em meados da década de 1960, na Tijuca, Zona Norte do Rio. De lá saíram outros nomes importantes da música brasileira, no início dos anos 70, como Gonzaguinha e Ivan Lins.

Foi nessa época que Blanc conheceu o parceiro mais importante em sua trajetória, o violonista e compositor mineiro João Bosco, a quem foi apresentado por um amigo, que morava em Ouro Preto (MG), onde João fazia faculdade de engenharia. Da parceria Bosco-Blanc nasceram grandes sucessos de Elis Regina, como os sambas O bêbado e a equilibrista, Bala com bala e Dois pra lá, dois pra cá. Também da obra dele são sambas eternos como De frente pro crime, Kid Cavaquinho, e Nação, este último uma parceria deles com Paulo Emílio, lançado na voz de Clara Nunes.

Entre os sucessos de Aldir criados com outros compositores estão o samba Saudades da Guanabara (com Moacyr Luz e Paulo Cesar Pinheiro, lançado por Beth Carvalho) e Catavento e girassol (com Guinga, lançado por Leila Pinheiro); e as canções Resposta ao tempo e Suave veneno, as duas últimas em parceria com o pianista Cristóvão Bastos – incluídas em trilhas sonoras de telenovelas, na voz de Nana Caymmi. Já com Maurício Tapajós compôs Querelas do Brasil (outro sucesso de Elis Regina) e, com Sílvio da Silva Jr., Amigo é pra essas coisas lançada em disco em gravação marcante do conjunto MPB-4.

Como intérprete, gravou os discos Aldir Blanc e Maurício Tapajós (em 1984), 50 anos (1996) e Vida noturna (2005), além de realizar participações diversas em álbuns de outros artistas.

Como cronista, contribuiu para veículos como os jornais Ultima Hora, Hora do Povo, Tribuna da Imprensa, O Pasquim e, mais recentemente, O Globo. Muitas de suas crônicas foram relançadas nos livros que publicou, como Rua dos Artistas e arredores, Porta de tinturaria, Um cara bacana na 19ª e O gabinete do Doutor Blanc, entre outros. Também é autor de Vasco: a cruz do bacalhau, livro escrito em parceria com José Reinaldo Marques, sobre o clube do coração de Aldir.

Ele faleceu na madrugada desta segunda-feira (4 de maio), no Hospital Pedro Ernesto, no bairro carioca de Vila Isabel, onde foi internado em 15 de abril, com quadro de infecção urinária e pneumonia – durante o período da internação, foi noticiado que estava infectado com o novo coronavírus.

Tinha 73 anos e deixou viúva a professora Mari Lúcia, além de quatro filhas: Mariana, Isabel (de seu primeiro casamento, com Ana Lúcia), Tatiana e Patrícia – ambas do primeiro casamento de Mari.

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Texto: Coordenação de Difusão e Pesquisa
Edição: Assessoria de Comunicação