Funarte lamenta morte de Zuza Homem de Mello

Zuza Homem de Mello. Reprodução do Instagram

O músico, jornalista, escritor, crítico e especialista em história da música brasileira José Eduardo Homem de Mello, o Zuza Homem de Mello, morreu no último domingo (4), aos 87 anos, vítima de infarto.  Produtor, diretor e pesquisador musical, Zuza teve importante papel para a MPB, Bossa Nova e o Jazz no país. Ao longo da quarentena, continuou produzindo e participando de programas, lives e festivais virtuais. Em um de seus últimos projetos, participou da série “Muito prazer, meu primeiro disco”, do Sesc São Paulo, como curador, exaltando o LP “Louvação”, de Gilberto Gil.

Seu mais recente trabalho como musicólogo e pesquisador musical foi a biografia de João Gilberto. São de Zuza também os livros “Copacabana, a trajetória do samba-canção (1929-1958)”, “A era dos festivais, uma parábola” e “A Canção no Tempo”, em coautoria com o historiador Jairo Severiano, com dois volumes que perpassam a música brasileira de 1951 a 1957, e de 1958 a 1985. Nestas duas obras, estão desde Chiquinha Gonzaga e Francisco Alves, até Gil, Chico, Caetano, em Renato Russo e Cazuza.

Em 2019, ganhou o documentário “Zuza Homem de Jazz”, inserido na programação do 5º Poa Jazz, de Porto Alegre (RS) e que fala de sua ligação com o gênero no tempo em que viveu e estudou nos Estados Unidos, nos anos 1950. Também aborda seu reencontro com amigos como Bob Dorough, Gary Giddins, Steve Ross, Eric Comstock, Wynton Marsalis e Maria Schneider.

Nascido em São Paulo, Zuza foi membro e ex-presidente da Associação dos Pesquisadores da MPB. Era também integrante da Academia Paulista de Letras. Estreou como baixista profissional no início nos anos 1950. Em 1955, abandonou o curso de engenharia para dedicar-se à música. Começou no jornalismo em 1956, assinando colunas de jazz para os jornais paulistanos Folha da Noite e Folha da Manhã. Em 1957, passou a frequentar a School of Jazz, em Tanglewood, EUA, onde teve aulas com Ray Brown e outros músicos. Em 1957 e 58, estudou musicologia na Juilliard School of Music, de Nova Iorque.

De volta ao Brasil em 1959, ingressou na TV Record, onde permaneceu por cerca de dez anos. Ao longo desse período, trabalhou como engenheiro de som nos programas de MPB e festivais da emissora, e booker na contratação de astros internacionais. Nesse período, passou a realizar palestras e cursos sobre Música Popular Brasileira e Jazz.

Nos anos 1970 e 1980, passou a concentrar suas atividades no rádio e na imprensa, produzindo e apresentando o Programa do Zuza, na Rádio Jovem Pan AM; críticas de música popular em O Estado de S. Paulo e para as revistas Som Três, Nova, entre outras. Em 1997, coordenou a Enciclopédia da Música Brasileira e, em 1982, ao lado do jornalista e crítico musical Tárik de Souza, planejou e coordenou a terceira edição da coleção didática História da Música Popular Brasileira, da Editora Abril. Dirigiu, nos anos 70, a série de shows “O Fino da Música”, no Anhembi, em São Paulo, no qual apresentava nomes conhecidos, como o conjunto regional do Canhoto, Elis Regina, Elizeth Cardoso, João Bosco, Ivan Lins e Alcione, entre outros.

Nos anos 90, assumiu a direção geral das três edições do Festival Carrefour, que revelou nomes como Chico César, Lenine, Sérgio Santos e Zélia Duncan. Na televisão, apresentou a série “Jazz Brasil” pela TV Cultura e, na área fonográfica, produziu discos de Jacob do Bandolim, Orlando Silva, Fafá Lemos e Carolina Cardoso de Meneses, Elis Regina.

Jornalista convidado para os mais importantes festivais de música do mundo, como Montreux, Edimburgo, Nova Iorque, New Orleans, Barbados, Paris, Midem de Cannes, Tóquio, Montreal e Perugia, Zuza integrou a equipe dos dois Festivais de Jazz de São Paulo (1978 e 80) e foi curador do elenco do Free Jazz Festival desde sua primeira edição, em 1985, e depois do seu sucessor, Tim Festival. Zuza deixa esposa, filhos e netos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *