Funarte e UFRJ abrem exposição ‘Realidades Atuais em Artes’

A Fundação Nacional de Artes – Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inauguraram a mostra virtual Realidades Atuais em Artes, no dia 16 de dezembro, quarta-feira, em transmissões ao vivo, no canal Arte de Toda Gente, no Youtube. A exposição, com múltiplas linguagens, integra o projeto Bossa Criativa – Arte de Toda Gente, fruto de parceria da Funarte com a instituição de ensino. Os vídeos, que incluem os primeiros episódios referentes aos projetos selecionados, estão disponível na plataforma.

A mostra reúne trabalhos de pesquisa em dança, música (incluindo a área de formação), e artes cênicas. São nove autores, selecionados em todo o Brasil, em programas de pós-graduação profissional na área. São mestrando da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNiRio), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), da Escola Superior de Artes Célia Helena (Esach) e da UFRJ. Todos os trabalhos serão divulgados em vídeo e veiculados no site, no canal no Youtube e nos perfis nas redes sociais Bossa Criativa. O projeto é fruto de uma parceria entre a Funarte e a UFRJ, com curadoria da Escola de Música da Universidade.

As duas lives de lançamento tiveram mediação do professor Aloysio Fagerlande (UFRJ) e a participação dos artistas, que debateram e comentaram suas pesquisas.

Os artistas e seus trabalhos

DANÇA

Adriana Bamberg iniciou suas atividades profissionais em dança em 1992 com o Balé Teatro Castro Alves, e lá atua artisticamente até hoje. Graduada em Licenciatura em Dança pela Universidade Federal da Bahia e mestranda do Mestrado Profissional em Dança (Prodan), da UFBA, é fundadora e integrante do Grupo Federação da Dança, contemplado por duas vezes no Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna (categorias Montagem e Circulação). A artista fala sobre sua pesquisa e seu vídeo que integra a mostra: “O tema é o artista dançante que envelhece, que, com o passar do tempo, vai perdendo o vigor físico e muitas de suas habilidades, porém, ganhando em expressão e outras formas de comunicação. Esse artista é visto pela sociedade como descartável, desinteressante”. Por meio de sua pesquisa, ela afirma propor um novo olhar para esses artistas e uma ruptura na compreensão desses processos estruturais na sociedade e no meio artístico. “O espetáculo, Linha74, baseia-se nesse corpo vivido, maduro e potencializado em outras camadas”, explica.

Inah Irenam é intérprete, criadora, gestora, curadora e produtora cultural. Técnica em Dança pela Escola de Dança da FUNCEB, é também Bacharela em Artes pelo IHAC da UFBA, graduanda em Museologia e mestranda no Prodan da mesma universidade. É a idealizadora e diretora do EPA! – Encontro Periférico de Artes e Batalha de Pagode Baiano. “O samba é uma tecnologia ancestral de resistência e, portanto, capaz de configurar em diversos corpos seus modos de existência e elaboração de gestualidades na contemporaneidade”, diz Inah. No projeto Samboclotec, ela propõe a criação de partituras corporais inspiradas nas corporeidades e simbologias do Samba de Caboclo, atravessados pelos elementos da natureza para uma leitura contemporânea, poética e tecnológica de vida. E explica: “Em cada episódio, serão relacionados uma energia da natureza, composição coreográfica e como ela dispara possibilidades de configurações estéticas na contemporaneidade, no distanciamento social e quarentena, dentro de casa e seus elementos constitutivos, inseridos no fazer cotidiano e naturalidade dos momentos e ações.”

Silvana de Jesus Santos cursa o mestrado na Escola Superior de Artes Célia Helena – São Paulo –, em Artes da Cena. Tem especialização em História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena pel’A Casa Tombada (2018) e em Dança e Consciência Corporal pela Universidade Gama Filho. É arte-educadora e bailarina e atuou nas Cia Ivaldo Bertazzo e Cia Antônio Nóbrega de Dança. Ministrou aulas em projetos sociais e grupos de danças e, atualmente, é educadora na Escola de Dança de São Paulo, além de participar do grupo Batakerê e Gumboot Dance Brasil. Na Mostra Realidades Atuais em Artes, Silvana apresenta o projeto DançAdinkra. Nele, mostra algumas células coreográficas e pílulas de vivências de danças populares tradicionais brasileiras, e revela parte do processo de pesquisa do mestrado desenvolvido com os símbolos Adinkras. “Para difundir e valorizar as preciosidades culturais que herdamos dos povos africanos e indígenas, perpassamos pelas danças – Coco, Maculelê, Caboclinho, Dança afro e a música da capoeira – almejando a valorização dessas manifestações”, explica a pesquisadora.

CULTURA POPULAR – Música, dança e brincadeiras

Izaura Lila Lima Ribeiro é uma cearense dançarina e brincante de cultura popular. É graduada em Gestão de Turismo, Especialista em Arte Educação e Cultura Popular e aluna do Mestrado Profissional em Artes pelo IFCE. Pesquisadora do Grupo de Estudos em Cultura Folclórica Aplicada – IFCE/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), atua como brincante do Grupo Miraira – Laboratório de Práticas Culturais. A série de vídeos da artista surgiu a partir dos desdobramentos da pesquisa Memórias Brincantes: Um experimento a partir do corpo e da poética do Maneiro Pau do Mestre Cirilo – Crato/CE, para o Mestrado em Artes do IFCE. É um produto de criação que utiliza três elementos chaves: “a memória, o corpo brincante e as matrizes estéticas tradicionais”. “Utilizo minha casa como espaço cênico e as memórias e histórias dos meus familiares como plano de fundo, como também a contribuição de amigos e artistas que fizeram um exercício de criação a partir do vídeo base do trabalho”, explica Izaura. Ela ressalta que os vídeos foram criados no período de isolamento social. “Fazem parte de uma reinvenção artística, visto a escassez de equipamentos, como também as dificuldades desses tempos”, contextualiza.

MÚSICA

Música popular regional

Daniel Miranda é bacharel em Geografia pela UFRJ e mestrando em Música pela mesma universidade. “Geógrafo-violeiro”, ele sempre fez da diversidade musical regional brasileira tema para concertos didáticos, em vários países. Na Europa, onde viveu por dez anos, foi reconhecido como concertista, pelo programa de incentivo e subsídio à difusão artístico-cultural do Estado Belga, o Art et Vie. No conjunto de sua artista destacam-se o disco com o coletivo de câmara Rio Trio – com o bandolinista Paulo Sá e o violoncelista Henrique Drach –; e o primeiro disco solo de Daniel, Bienvenue, produzido na bélgica; além da coletânea do programa de musical Le Monde Est un Village. Atualmente, com o bandolinista Paulo Sá, Miranda forma o Duo Barroqueando. Em sua série de seis vídeos, Daniel explora novas formas de vivenciar a arte, que o público está sendo forçado a conhecer, e a elas se adaptar, devido à pandemia. “Defendo a ideia de que precisamos intensificar o envolvimento com outras disciplinas para concretizarmos esses produtos. É ação”, conceitua.

Educação musical

Guilherme Giglio é educador, regente, compositor, produtor e multi-instrumentista. Como parte de seu mestrado profissional pela UniRio, ele desenvolve o projeto Cinestesia Musical. “Através do site www.cinestesiamusical.com.br, educadores musicais podem ter acesso gratuito a brincadeiras, gravações, arranjos, apresentações […gráficas], partituras e, principalmente, opções de como utilizar a trilha sonora em sala de aula”, informa o pesquisador. Seu trabalho Seis Brincadeiras para Aprender Música em Casa contém seis vídeos de cinco minutos, por meio dos quais podemos conhecer as atividades Bingo Musical, Campo Minado, Futebol Musical, Jogo da Memória, Desenvolvimento Melódico e Contorno Melódico. “São jogos que estimulam a percepção auditiva e musical, a expressividade, a criatividade composicional e o conhecimento básico sobre a partitura musical”, explica Guilherme. “Além disso, todos podem ser realizados tanto presencialmente quanto à distância”, completa.

Música instrumental

Luã Almeida Iniciou seus estudos aos dez anos de idade e tem como instrumento principal o piano. Graduado em composição pela UFBA e mestrando pela mesma universidade, participou de cursos e workshops com grandes referências como Ian Guest e Chick Corea. Em 2016, ganhou o Prêmio Funarte de Composição Clássica e também o Prêmio Caymmi, na categoria Melhor Música Instrumental. Em 2018, foi premiado com o melhor arranjo para música instrumental da rádio Educadora FM. No ano de 2019 teve sua obra Soteropolitana vencedora do IV concurso de composição do festival Gramado in Concert. Como pianista, participou da Orquestra Juvenil da Bahia, dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba) e se apresentou com a Oquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia (Osufba) e com a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA). Luã explica que, durante o período de isolamento social, o processo de intercâmbio profissional e cultural se tornou ainda mais relevante. Com seu Projeto Transcrições Musicais, tem como meta apresentar um novo material didático para os professores e estudantes do Curso de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia, e também para músicos profissionais e amadores. “Esse material contempla as transcrições das grandes obras de compositores brasileiros, como Egberto Gismonti, João Donato, Tenório Jr, e Hermeto Pascoal, bem como arranjos de grupos brasileiros como Zimbo Trio e Trio Corrente”, explica. Todas as transcrições e arranjos foram elaborados pelo autor, a partir dos registros audiovisuais, e incluem partituras em formato PDF e vídeos com a gravação das obras interpretadas também por Luã.

Canto coral

Valéria Correia tem como formação, o Curso de Letras pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques (Ftesm), o Curso de Teologia pelo Logotipo do comerciante

Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB) e o Curso de Licenciatura em Música pela UFRJ. Iniciou os estudos com o Maestro Ueslei Banus. Estuda Regência com o Prof. Carlos Alberto Figueiredo. Pela Oficina Coral do Rio de Janeiro, destaca a participação no Concerto de Abertura do IX Curso Internacional de Regência, com os coros infantil e juvenil da Escola de Música da Rocinha, sob a direção de Tony Guzman. Como regente e preparadora vocal dos Coros da Escola de Música da Rocinha, atuou em gravações com João Bosco, Luiz Melodia, Vanessa da Mata, Joanna e Branco Melo, e em shows de Roberto Carlos e Roger Waters, além de participações em programas de TV. Atua ainda como professora de canto e preparadora vocal em instituições de ensino privadas. Em seus vídeos, Valéria mostra como desenvolveu um novo formato para suas aulas, virtual e/ou em vídeo. “A ideia é uma contribuição para o trabalho com crianças que nem sempre têm a oportunidade de ter em mãos aparelho celular, tablet e/ou computador naqueles horários determinados pelas instituições e por nós professores e regentes de corais, e que nesse atual momento não é viável”, explica. Ela procurou desenvolver um formato que pode ser usado para qualquer aula, beneficiando ambas as partes, professor e aluno. “Quando ‘entro’ na casa do aluno, é necessário usar uma linguagem que seja precisa, mas também de proximidade, de aconchego, de afago. É preciso tornar a videoaula tão ou quase tão interessante para os alunos quanto o que se apresenta nas mídias de internet”, defende a artista.

CIRCO, DANÇA E TEATRO

Maksin Oliveira é ator, professor e pesquisador das linguagens da cena. Estudou Licenciatura em Artes Cênicas na UniRio. Cursa mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Artes Cênicas na mesma instituição. Fez cursos com Julio Adrião, Jungle Edwards, Ricardo Pucetti e Carlos Simioni, dentre outros e participou de peças de teatro, filmes e novelas de TV. É fundador da Magnífica Trupe de Variedades, fez parte da Cia. de Mystérios e Novidades e é criador e coordenador da Escola de Circo Social de Volta Redonda e do projeto Circunflexo, no Sesc Barra Mansa (RJ). Atualmente, é professor da Educação Básica e pesquisa Teatro em Comunidades. “O que faz do teatro, teatro?”, pergunta Maksin na sinopse de sua apresentação. “O que ocorre quando o encontro não é possível, como numa situação de isolamento social, por exemplo? Vídeo? Talvez.” Em seu projeto, ele explica que cinema e teatro se aproximam, num formato em que um se imiscui no outro, como possibilidade de ação diante do intempestivo impedimento de encontros presenciais.

O mediador

Aloysio Fagerlande, é Doutor em Música pela UniRio (2008) e professor-associado de fagote da Escola de Música da UFRJ. Já se apresentou e ministrou cursos e oficinas por todo o Brasil, África, Oriente Médio, Américas e Europa. É coordenador do curso de Mestrado Profissional em Música da UFRJ-Promus.

O projeto Bossa Criativa – Arte de Toda Gente

Parceria entre a Fundação Nacional de Artes – Funarte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – com curadoria de sua Escola de Música –, o Bossa Criativa reúne apresentações e oficinas de diversas linguagens artísticas e manifestações que movimentam a economia criativa. O foco é a democratização da cultura, bem como a diversidade e a difusão de todas as artes, de modo inclusivo. As atividades são compostas de “pocket shows’, performances e vídeos de capacitação, exibidos no site www.bossacriativa.art.br, com participação de artistas de todo o Brasil. A agenda inclui o lançamento de um edital para novas propostas artísticas e culturais; e também um chamamento público para apresentação de trabalhos de mestrado na área das artes. A iniciativa faz parte do Projeto Arte de Toda Gente (Funarte/UFRJ). Mais informações no site do Bossa Criativa e nos canais de vídeo abaixo.

Bossa Criativa – Arte de Toda Gente

Mostra virtual
Realidades Atuais em Artes

A partir de 16 de dezembro de 2020 – Canal Arte de Toda Gente: www.youtube.com/artedetodagente e no site www.bossacriativa.art.br

Projeto Arte de Toda Gente
Realização: Fundação Nacional de Artes – Funarte e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Curadoria: Escola de Música da UFRJ

Atividades e mais informações: www.bossacriativa.art.br

Informações sobre editais e outros programas da Funarte www.funarte.gov.br

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